Camille
— A ficha tá pronta! — avisa Liza quando vou chegando próximo a mesa dela.— Obrigada! — falo enquanto assino a folha no local indicado.
Deixei pra vir assinar quando passasse pra ir embora.
— Por nada!! Quando precisar é só ligar. Você já tá de saída? — ela pergunta enquanto guarda a ficha na gaveta.
— Estou sim! Quer que eu te espere?
— Era isso que ia te pedir mesmo, só vou no banheiro rapidinho e já vamos.
— Tá bom, pode ir, eu espero.
Como sempre vou a pé pra casa, as vezes vamos juntas, a Liza sempre diz que precisa caminhar um pouco pra compensar os exercícios físicos que ela nunca faz, até já iniciou academia, mas parou.
— Podemos ir. — ela pega a bolsa em cima da mesa.
Levanto da cadeira e também pego a minha, logo já estávamos na calçada, que por vez estava cheia de pessoas que passavam pra lá e pra cá, também querendo chegar logo em casa.
— Tenho que ir mais vezes a pé com você, quem sabe não fico com esse corpinho que você tem. — ela fala risonha e bate no meu ombro.
— Tem certeza que quer ficar com esse corpo? — aponto pro meu corpo fazendo um sobe e desce com o dedo.
Ela é totalmente o contrário de mim. É mais baixinha, porém bem curvilínea, com coxas e peitos que chamam a atenção de qualquer um que passar por perto. Tem os cabelos loiros, que combinam perfeitamente com sua pele clara.
— Eu sou magrela, capaz de ser confundida com uma menina do Fundamental I, enquanto você tem um corpo bem avantajado.
— Camille sua louca, não reclama desse corpinho!! Você pode comer de tudo e não engorda, eu só em olhar para um copo d'agua já aumento dois quilos.
Ri de sua maneira de se expressar. Estamos chegando próximas a um sinal, que é onde seguimos em direções contrárias. Moro no Recife, mas por não ser no centro, o trânsito é suportável.
Esperamos o sinal vermelho, atravessamos a faixa de pedestres e nos despedimos.— Até amanhã!! — Liza fala enquanto me abraça em despedida. — E obrigada por ter me esperado.
— Por nada, sempre que quiser vir é só dizer. — me despeço.
Ela sempre pega o ônibus, mas gosto quando ela vem comigo, é legal ter alguém pra conversar as vezes.
Chegando em casa é sempre a mesma correria, tenho que me apressar pra sair pra faculdade, o ônibus escolar sempre passa cedo aqui na minha rua.
Johnnie
Acabo de chegar em casa e sou recebido com um abraço bem forte assim que abro a porta.
— Papai!!! — Raquel grita enquanto me sufoca com seu abraço.
Raquel é minha filha, tem 4 anos e é a pessoa que mais amo nesse mundo. Sou casado com Marta a 6 anos, mas as vezes parecemos mais dois irmãos que marido e mulher, estamos discutindo frequentemente, ela sempre encontra algo pra começar a discutir. Raquel é tudo na minha vida, ela foi a única coisa que posso levar de bom no meu casamento. No início era tudo maravilhas, saíamos pra passear, almoçar fora, mas com quase um ano, Marta começou a aumentar seu ciúmes excessivamente, as vezes acho que já ultrapassou o ciúmes e se tornou obsessão, depois que Raquel nasceu ela começou a usa-la pra me segurar em casa, pois uma vez discutindo mencionei uma separação. Sei que filho não segura casamento, mas no meu caso, eu não quero me separar da minha filha e sei que numa separação ela iria fazer a cabeça dela e me distanciar o possível da minha pequena.
— Papai, vem dar meu banho. — ela me chama puxando meu braço.
Para minha alegria, minha pequena também gosta de mim, mais que da mãe. Sempre que estou em casa ela não sai de perto de mim, me chama pra assistir, brincar, dar banho, e eu adoro tudo isso, chegar em casa e receber seu sorriso é o ponto alto do meu dia, ela é minha vida.
— Cadê a mamãe? — pergunto enquanto a pego nos braços.
— Tá assistindo no quarto.
Marta não tem muita vocação pra ser mãe, quando engravidou ela tava tomando pílula, mas acho que ela quis engravidar de propósito só pra ter algo que me segurasse a ela por mais tempo.
Depois do banho jantamos, brincamos um pouco e ela ficou com sono, vim colocar ela na cama e estou saindo quando ouço me chamar.
— Papai!
— Diga!
— Eu te amo, muito, muito, muito!!
— Eu também te amo, pequena!! — Volto e lhe dou um beijo antes de sair.
Fiquei feito um bobo admirando ela adormecer, depois desci na cozinha. Chegando lá encontrei Marta, já de saída.
— Tem comida no microondas e carne no forno. — essas foram as únicas palavras que falou antes de seguir caminho para o quarto.
— Ta certo. — respondi mesmo sem ter certeza se ela ouviu.
Depois de jantar, tomei um merecido banho e finalmente pude relaxar, dormir.
![](https://img.wattpad.com/cover/85502942-288-k106955.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Escolhas
Romance"Tudo nessa vida depende de escolhas. Posso escolher entre ir a pé ou de ônibus para o mercado; se como um chocolate ao invés de uma maçã. A única coisa que infelizmente não temos essa opção, é por quem se apaixonar. Johnnie era apenas um colega de...