CamilleUm ano depois.
Sempre gostei dos contos de fadas, e minha parte preferida era a do Felizes para Sempre. Eu sempre quis um final assim, também. Imaginava que encontraria alguém que me faria sentir todas aquelas borboletas no estômago, me incentivaria a fazer as mais doces loucuras, me amaria incondicionalmente e no fim de tudo acabaríamos velhinhos de mãos dadas em uma cadeira de balanço vendo os netinhos brincarem. Mas fora dos livros, a vida costuma ser diferente. Eu até encontrei alguém que disse me amar, me fez sentir o bailar das borboletas, e eu o amei também, ainda amo, para ser sincera. Só que desde o início essa pessoa era errada. Quando entrei na vida dele, já tinha outra tomando conta do seu coração.
— Chegamos, moça! — a voz do taxista me trouxe ao mundo real.
Desencostei do banco e procurei minha carteira na bolsa. Paguei a corrida, e depois que saí do carro ainda fiquei parada uns minutos antes de seguir caminho para a casa que, agora nem parecia mais que eu tinha passado toda uma vida. Fazia apenas um ano que ela tinha deixado de ser minha moradia, mas eu já não sentia a mesma coisa, parecia um peixinho fora do aquário.
Desde que fui embora, essa era a segunda vez que voltava aqui. A primeira, com 4 meses, dias antes do Sr. Milan seguir viagem. Ele me disponibilizou três dias de folga, e assim que eu regressasse, deixaria a administração da M Designer sob meus comandos.
Todo meu esforço e dedicação valeram a pena. Durante os meses como assistente, só recebia elogios. Segundo ele, minha determinação e garra, fariam com que eu conseguisse meu lugar ao sol. E é claro que estou trabalhando arduamente nisso.
E agora, mais oito meses depois, sendo essa uma estadia menor, apenas dois dias. Quase não conseguia esse tempinho, mas fiz o possível para conseguir vir, e aqui estava eu, um ano depois de alçar vôo em busca de uma realização profissional.Bati palmas assim que cheguei até a porta, e para minha surpresa meu pai estava em casa e veio abrir, achava que ele fosse trabalhar.
Fui recebida com um abraço apertadíssimo, e gostei daquele gesto tão simples. Ele usava uma bermuda cinza e uma camiseta azul escuro, provavelmente estava assistindo futebol.
Minha mãe veio logo em seguida, com as mão já contendo as lágrimas e reclamando que eu estava magra, mal sabia ela que eu tinha ganhado uns quilinhos que nunca conseguia ganhar enquanto fazia a faculdade, mas preferi guardar o comentário só para mim. Passou as mãos no avental para enxugá-las antes de me dar um abraço também.
Confesso que era estranho ter toda essa atenção. Talvez o que tenha motivado esses sentimentos, seja minha ausência e distância de casa. Mauro eu não consegui ver, não apareceu em casa.Dois dias, eu só tinha dois aqui e precisava fazer o que tinha em mente. Eu passaria um dia com minha família, e no dia seguinte teria uma longa e dolorosa conversa com Johnnie, coincidentemente ele ficaria duas semanas em casa. O tempo que passamos distantes um do outro não mudou em nada o que sentia por ele, ao contrário, só tive certeza que ele é o grande amor da minha vida. Mas o problema era que tinha outra pessoa que também o amava, e ela chegou primeiro. Eu precisava seguir minha vida, e de preferência queria tê-lo ao meu lado. Será que ele viria?
Depois eu voltaria para o Rio. E voltaria com algum resultado decorrente das nossas escolhas. Dessa vez eu não iria fraquejar.Johnnie
Hoje o Parque estava fechado por conta de um evento que aconteceria em breve. Então, nosso lugar para conversar seria outro. Lembrei de um onde provavelmente Camille gostaria. Mas pelo que ela vem comentando, penso que nem vamos poder desfrutar do lugar.
Essa semana ela pareceu mais distante. Está diferente, eu sei.
Eu temo pelo que ela vai dizer, temo porque certamente será algo que ela tenta desde o início.
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Escolhas
Romance"Tudo nessa vida depende de escolhas. Posso escolher entre ir a pé ou de ônibus para o mercado; se como um chocolate ao invés de uma maçã. A única coisa que infelizmente não temos essa opção, é por quem se apaixonar. Johnnie era apenas um colega de...