Com que roupa eu vou?

93 16 0
                                    

Camille

— Olha esse macacão que lindo! — Ana fala toda afobada e puxa meu braço pra entrarmos na loja.

Daqui três semanas será a confraternização do trabalho, e estou num Shopping a procura de uma roupa, é um evento simples, será feita no dia 01 de Janeiro, mas no finalzinho do dia, assim podemos passar o dia com a família, por mim poderia ser o dia todo, um festão sabe? Meu primeiro dia do ano não passa de um dia comum, parece um dia de segunda-feira onde todos estão sem disposição e não querem fazer nada além de ficar sentados. Eu gosto de sair, uma piscina talvez, ir pra uma praia, algo assim onde seja um passeio que esteja rodeadas de amigos e familiares, mas se eu depender da minha família pra sair eu vou me tornar um museu, só veria as pessoas se elas viessem até mim. Mauro sempre sai com seus amigos, mas não são meus amigos e não consigo me enturmar, já tentei e saí algumas vezes com eles, levei a Ana junto é claro, na época ela ainda tava solteira, mas os amigos de Mauro são como ele: PUROS BABACAS!! Pelo menos um almoço ou um jantar me deixaria feliz, mas até isso passa despercebido em casa, e não adianta eu tentar fazer algo se tenho 99,99 % de certeza que vou me sentar na mesa sozinha.
Sozinha, é assim que sempre me sinto.

— Calma sua louca!!.— falo pra Ana que me responde com sua indelicada língua estirada pra mim.

— Hoje sou sua personal Stylist, então não me interrompa.

— Claro, personal! Mas eu tô pensando em um vestidinho básico.

— Então siga-me.— ela já sai da loja me puxando novamente, já nos direcionando para a próxima, nem sei em quantas já entrei hoje.

— Que tal esse? —ela me mostra um vestido curtíssimo, que assim como dizem as colegas da faculdade " dá pra ver o útero de tão curto" . Gosto de roupas curtas, mas esse além de curto é justo e pelo fato da "modelo" aqui ser magra demais, vou ficar parecendo uma linguiça embalada à vácuo.

— Ah, não. Pode ir descartando a possibilidade de eu ir com esse. Tô pensando em ir com um vestido longo, branco, mas nada estrambólico.— Me viro e percebo que estou falando sozinha, minha amiguinha fez o favor de sair e me deixar sozinha parecendo uma louca falando pro vento.

— Ai! — ela resmunga e passa a mão no braço onde eu a belisquei.

— Essa foi por me deixar falando sozinha.

— Tá bom, só pegue mais leve da próxima vez, ou não vou poder te ajudar, se eu não conseguir levantar os braços devido a seus beliscões.

— E o prêmio de pessoa mais dramática vai para Ana Karias!—  bato palmas rindo da sua atuação melodramática.

— Obrigada, obrigada! Sou formada, graduada e doutorada nisso minha filha. Como você acha que consigo controlar o Matheus?— ela ri.

Vindo da Ana eu não duvido de nada, ela tem um poder persuasivo incrível. E com certeza o coitado do Matheus já caiu na dela.

— Vocês vão passar o Reveillon juntos?— pergunto enquanto estamos olhando algumas araras a procura de um vestido, tive que explicar novamente pra ela como eu queria, já que falei pro vento.

— Vou pra casa dele, a família me convidou e eu vou. Mas o Natal ele vai lá pra casa. E você vai também né?

— Não sei, gosto muito de seus pais, mas não quero incomodar vocês!

— Deixa de frescura hein! Você nunca incomoda. E vai ser legal, juro que meus pais não são um pé no saco. — ela brinca.

— Tá bom! Mas se eu for já deixe seu amorzinho avisado que vai ter que dividir a atenção comigo.

EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora