Eu quero!!

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Camille

—  O quê tu quer?? —  Pergunto sem entender.

—  Você sabe!

Essa é a única coisa que Johnnie me responde quando pergunto. Quando ele veio buscar um pacote e tava saindo ele só olhou pra mim e disse: EU QUERO! Não me disse mais nenhuma palavra e estou sem entender até agora.

— Diz o que é e pára de me deixar louca.

—Você sabe o que é. Só sei que eu quero.

— Assim você não ajuda em nada. Foi algo que prometi ou algo assim? — Continuo perguntando mesmo sem ter uma resposta.

— Quero o que está no papel.

— No papel? Que papel? Tu tá bêbado?— pergunto rindo porque já não consigo entender mais nada, ele também ri.

— O papel que você me deu.

Acabo de lembrar que realmente dei um post'it com os livros que precisava.

— Ah, é alguns dos livros que você quer emprestado? O problema é que quando acabar de ler já vai ter acabado os dias aí tenho que renovar a data de entrega, mas você pode ir renovar que eles liberam.

— E quem disse que eu quero livros?

Fiquei sem saber o que pensar, afinal eu só pedi livros.

— Então assim eu não vou adivinhar nunca. Quando você me decidir dizer o que é, eu vejo se dá pra te ajudar.

— Tá bem! Mas você sabe o que é, pode não lembrar agora, mas sabe. — ele se direciona a porta e se vira pra mim. —E eu quero!!

— Então se não disser o que é, vai ficar querendo.— falo um pouco alto, mas só o bastante pra ele ouvir.

Por mais que eu tente me lembrar eu não consigo pensar o que possa ser que ele quer, talvez ele esteja apenas de brincadeira comigo, é isso mesmo, só uma brincadeira.

Johnnie

Estou descendo os primeiros degraus da pequena escada, mas ouço a voz dela quase gritando, dizendo que se eu não disser o que quero, vou ficar querendo, não falei nada, apenas continuei andando, tô achando divertido essa brincadeira.
Ontem a noite quando fui tomar banho, encontrei no bolso da minha calça, o bilhete  com os livros que queria, ia jogar no lixo quando vi o que tava escrito e decidi brincar com isso.

— Ei! — grita Fábio, me tirando dos pensamentos sobre enlouquecer a Camille. — Vamos almoçar lá no Chopp? Tu paga né?—ele ri.

— Pago com teu salário, tá certo?

— Estou ouvindo a história e vocês nem me convidam né?— Diz Lizza.

— Então agora já está convidada.  — respondo!

— Posso chamar a Camille também? vai deixa, ela é legalzinha. — rimos.

— Se meus ouvidos não me enganam, vocês estão falando de mim. Acertei?

Vejo ela se aproximando, e Lizza se apressa em falar.

— Isso mesmo, estava pedindo a eles pra levar você também.

— Levar pra onde?

—  Vamos almoçar lá no Chopp e a senhorita está mais que convidada. — disse Fábio— topa?

—  Ah, ela topa sim né?!— falou Liza.

— Já que não tenho a opção de escolha né, — ela ri — eu topo! Estava mesmo indo almoçar.

— Ok! Então vamos.

Em poucos instantes já estávamos sentados em nossos lugares, o Chopp é bem próximo e tem uma boa comida, não é um restaurante, tá mais pra um barzinho ou lanchonete, mas serve comida e é isso que importa. Mesmo sendo perto queria ter vindo de moto, mas as meninas, principalmente a Liza queria vir a pé, então acompanhamos elas.
Estamos sentados numa mesa bem próximo à porta, lá dentro estaria mais quente ainda e as garotas escolheram aqui. O lugar tem uma aparência bem calma, as mesas e cadeiras são de madeira, a pintura é de uma cor tranquila, algo puxado pra marrom, não entendo muito de cores.

Uma garçonete se aproxima pra deixar o cardápio. Estou sentado de frente pra Camille e Fábio de frente pra Liza.

— Só vou querer uma salada e um suco de maracujá com adoçante.

— Qual o prato do dia? — ouço a voz de Camille perguntando a moça.

— Hoje temos o arroz branco com estrogonofe, batata frita, salada agridoce e suco de frutas a sua escolha.

Ela pede esse prato com suco de laranja e nós também pedimos o mesmo.

— É, é esse que eu "quero"!

Vejo que ela percebeu que dei ênfase a palavra Quero e tentou me lançar um olhar fuzilante, quase que não aguentava e começava a rir.

Depois do almoço, elas pediram pavê de sobremesa. Na hora de pagar a conta, apenas eu e Fábio pagamos, afinal elas eram convidadas, só Camille que deu trabalho, ela bateu o pé e disse que também iria pagar, mas sua amiga a convenceu do contrário.

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