Única opção para voltar para casa

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Camille

Mais um dia chegava ao fim. Mais uma aula quase concluída. Os degraus de estudante estavam diminuindo cada vez mais. Dali há pouco tempo estaria formada e todo esforço valeria a pena.

Olho para o celular, e ainda falta 20 minutos de aula. Mal via a hora de chegar em casa e cair com tudo na cama.

Estava um pouco indisposta. A tpm estava me cercando e pelo que me conhecia, já sabia que o dia seguinte seria um tédio.

Um bipe do celular me chama a atenção. Olho e tem uma mensagem de Johnnie.

- Oi! Já está em casa?

- Não. Ainda estou na faculdade. - respondi.

- Quando você sair da sala, poderia pegar um livro para mim na biblioteca?

- Posso, sim! O motorista do ônibus sempre espera uns minutinhos. Qual é o livro.

- Qualquer um sobre técnicas de desenho. Ou tema parecido, tá!
Volte para a aula. Não quero mais te atrapalhar.

Aquela tinha sido sua última mensagem. Achei estranho o pedido para ir a biblioteca. Mas fui.

Estava saindo e ainda não tinha visto os outros alunos que andam no mesmo ônibus. Já comecei a pensar que o motorista tinha esquecido de mim. Demorei um pouco na biblioteca, por não saber qual livro trazer.

- Boa noite. - paro de colocar o livro na bolsa e olho para ver quem tinha falado comigo.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei a Johnnie. - E, boa noite!

- Vinha da casa de Fábio, e como era próximo daqui, resolvi passar para te dar um oi, e quem sabe, te oferecer uma carona.

- Fico grata pela boa vontade, mas vou no ônibus mesmo, e com certeza estão só me esperando. Falando nisso, tenho que me apressar. Tchau.

Dei um beijo no rosto e saí andando na frente. Mas me lembrei do livro e parei, retirando-o da bolsa.

- Aqui o livro. 3 dias para devolução. Desculpa a pressa, mas tenho que ir.

Incrivelmente não encontrei nada, nem ninguém. Alunos, motorista ou ônibus.

- Não acredito que ele me deixou! - falei baixinho para mim.

- O motorista é um senhor com o cabelo quase branco? - perguntou Johnnie se aproximando de mim e com a chave do seu carro entre os dedos.

- Sim. - respondi já desconfiada.

- E ele é baixinho? Tem um bigodinho?

- Exatamente! - cruzei os braços e comecei bater o pé direito.

- Ah, então é esse mesmo que já foi embora. - falou com uma carinha de santo, só faltava aquela auréola em cima da cabeça.

Semicerrei os olhos. - Por que será que estou achando muita coincidência tudo isso que acabou de acontecer?

- Não sei do que está falando. - riu - Mas você pode ir comigo, se quiser. Eu não mordo!

- Mas eu bato! Seu cínico. - bati com meu caderno no seu ombro. - E se reclamar, leva uma bolsada também. - avisei rindo.

- Vamos, o carro está logo ali. - saiu andando e eu o segui.

- Por que você fez isso? - coloquei o cinto de segurança.

- Isso, o quê? - deu partida no carro e saímos.

- Isso. - girei os dedos, fazendo círculos - Toda essa coisa de aparecer aqui, me fazer perder o transporte, fingir que queria ler um livro.

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