Primeiras vezes

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O céu estava lindo. Algumas estrelas piscavam e piscavam, como enfeites de natal.
Mordi um pedacinho do bombom, e percebi que ele observava meus movimentos.

De repente um brilho maior surgiu na imensidão azul escuro. Uma estrela cadente.

— Uma estrela cadente! — falei apontando para o céu, toda animada, como uma criança que acaba de abrir um presente. — Que tal fazermos um pedido? — Sugeri.

Sorridentes, olhamos para cima e fechamos os olhos, em silêncio.
Segurei a mão dele enquanto fazia meu pedido.

Terminei primeiro, e pude flertar aquele homem por uns segundos. Ele parecia muito convicto no que pedia. Depois abriu os olhos, quase me flagrando.

— Vamos fazer um acordo? — comecei.

— Tudo o que você quiser.

— No dia em que esses pedidos forem realizados, a gente conta um para o outro. Ok! — ele acenou com a cabeça, concordando.— Promete? Jura, juradinho, que vai me contar?

— Prometo! — levantou o dedo mindinho, e dobrou formando um gancho. — E já estou contando as horas, quero muito te dizer qual foi.

— Prometo! — repeti seu gesto e cruzamos os dedinhos. Agora a promessa estava selada. Juramento de dedinho era coisa séria.

Voltamos ao nosso bom e velho chocolate.

— Estou curiosa com seu pedido! — falei colocando o último pedaço na boca! Johnnie já tinha comido o dele rapidamente.

— Ah! Isso eu também estou, e muito. — respondeu. — Será que a gente não pode falar agora?

— Reza a lenda que, se contar não se realiza.

— É, então tá bom. Acho que eu aguento esperar. Porque não vejo a hora dele ser realizado.

Levantou a mão, pousando no canto da minha boca, e limpando uma migalha de chocolate.

— Mais chocolate?! — ofereci.

— Quero, sim! — noto que seu olhar ficou divertido. — Mas tem que ser esse daí. — apontou para minha boca com o queixo.

O toque quente de sua mão na minha nuca era perfeito, uma bela mistura com o frio que eu nem percebi que estava sentindo.

Eu já estava me habituando com aquele beijo, o toque, o cheiro. Tão nosso. Tão gostoso. Tão cheio de expectativas de que fosse eterno.
Aos poucos fui me deitando sobre a pedra - nem um pouco confortável - e à medida que íamos aprofundando o beijo, um calor começou a reverberar por dentro.
Johnnie estava sobre mim, os braços segurando todo o peso do seu corpo. Eu acariciava seu rosto, beijava, sugava. Estava feliz. Nossas mãos pareciam mais loucas que nossas bocas, e tateavam o que fosse possível. Como se quisessem uma certeza de que aquilo era real.

O cenário estava bastante romântico; as estrelas como platéia do nosso amor, velando nossos beijos.

Até que senti seu "corpo" se acordando, em resposta a todo aquele toque, sentimento, movimento, toda aquela paixão contida.

Ele também notou, óbvio, pois saiu de cima de mim, com um balanço rápido da cabeça. Nós dois parecíamos um pouco decepcionados em pausar a momento.
Voltou a ficar sentado.

Eu não sabia o que dizer, e ele também parecia que não.

— Essa é a primeira vez que vejo uma estrela cadente, sabia? — murmurei, para aliviar e mudar o rumo da situação, levantando da pedra, e passando a mão de leve nas costas.

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