Capitolo Tredici

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Não sou de acreditar fielmente nas pessoas. A verdade é que você passa tanto tempo sozinha que acaba desconfiando de todos ao seu redor. Bom, talvez isso não seja verdade, talvez essa regra se aplica apenas a mim. Não me importo, só quero não pensar nos meus problemas quando saio de casa. Relaxar ao máximo e tentar distrair minha mente com outras coisas.

Elly olha para mim sorrindo, ela foi a pessoa que me ofereceu uma distração muito boa. A primeira vez que fumei maconha, foi quando ela me ofereceu e disse que seria uma boa. E ela tinha razão, foi uma boa.

- Matt está interessado em conhece-la.

Me levantei do chão, me apoiando na parede do beco.

- Desculpe, Elly. Não estou a fim de conhecer o cara que te fornece maconha, eu disse que te dou o dinheiro e só.

- Bom, ele já frequentou a clínica do seu padrasto.

- Isso não é problema meu - resmunguei.

- E se eu te disser que Matt é um cara bacana, e que pode descolar coisas melhores para você do que só fumar num beco sujo?

- Como o quê, por exemplo?

Elly se levantou sorrindo quando percebeu meu interesse.

- Podemos nos juntar aos amigos dele em lugares melhores que um beco e sabe o que é legal nisso? É que eles nos dão drogas de graça nesses encontros. Não precisará pegar dinheiro escondido da sua mãe.

Não queria perguntar como ela sabia disso, talvez tenha apenas chutado essa hipótese já que não trabalho, apenas estudo em uma escola pública.

Fiquei um tempo pensando na proposta de Elly. Não é tão ruim, sei que minha mãe nem nota que eu pego dinheiro na carteira dela quando chega bêbada, bom, os restos que sobrou já que ela sempre gasta tudo e só para quando já não aguenta mais beber. Não quero continuar fazendo isso, mas sei que se ficar sem a maconha acabarei pensando na minha mãe, no meu pai que sumiu, na minha bosta de família ausente e em tudo mais. Não posso, tenho que fugir dessas coisas quando posso e quando a Elly me sugeriu uma coisa pela primeira vez, acabou que deu certo e por que não daria agora?

- Tudo bem - disse.

Matt era um cara legal. Fiquei três finais de semana com ele e sua turma. Não era apenas a maconha que era legal, o pessoal também era. Os meninos me agradavam e me chamavam de princesa, o que achei muito engraçado vindo deles.

Até que um dia Matt me ofereceu outra coisa e eu o olhei com a testa franzida.

- Vamos, princesa. Isso é melhor do que maconha. Vai me dizer que você é daquelas que só fica no básico?

Os garotos riram e vi Elly rir mais ainda.

- Não, obrigada.

Matt passou a mão pelos seus cachos e sorriu para mim de uma forma que ele nunca havia sorrido antes. Ele não é o garoto mais bonito que já conheci, mas seu sorriso, apesar das drogas, ainda continuava a chamar atenção por causa das lindas covinhas que ele causava em seu rosto.

- Experimenta, Mona Lisa - incentivou Elly.

- Só um pouco - disse Matt. - Se não gostar, nunca mais te oferecerei.

Peguei o comprimido da mão dele e avaliei. Não parecia ser ofensivo, uma coisa tão pequena não deve fazer tanto estrago, certo?

- Tudo bem - concordei e os garotos comemoraram.

MONA LISA {JB} ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora