Capitulo 23

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          Cheguei no Vidigal, estacionei minha moto na frente da boca e saltei. Fiz um toque com os menor, entrei na salinha e soltei uma risada quando vi que o Pirata olhava uma criança que estava sentada em cima da mesa como se não entendesse o que era

— Eita, descobriu que tem uma cria? — perguntei me jogando no sofá que havia ali, observei a criança e pela primeira vez nesse mês, senti um certo incômodo, talvez uma certa paz, pelo que reparei era um menino, tinha 1 ano no máximo e até ele soltava risadas gostosas, aposto que ele estava rindo da cara do Pirata

— Lety, o que eu vou fazer com isso? — me olhou de soslaio e voltou sua atenção a criança


— Primeiro, não é "isso", é uma criança, segundo, se é seu vai criar, sabe a infância difícil que você teve por visa dos outros, sei que não vai querer o mesmo pra cria tua

— Cria minha? Uma maluca aí apareceu metendo o loco me mandando entregar a criança e puuuf — gesticulou — sumiu no mundo

— E que bagunça é essa? neguinha chega aí e dá o filho dela pra tu criar? Já mandou os pvt procurar a dona?

— A mina deixou um bilhete falando que não tinha condições de criar a moleque, que o pai era perigoso e não podia saber da existência dele

— Inimigo? — perguntei enquanto levantava e me aproximava da mesa

— Não, acho que não — respondeu enquanto apontava para a criança que estendia os braços para mim, fiquei incomodada com a situação mas acabei pegando o mesmo no colo antes que começasse a chorar — acho que alguém gostou de você — mostrei o dedo e olhei para o garoto que me encarava com os seus olhos azuis exatamente como Pirata o encarava quando cheguei

— De qual foi moleque? Qual é teu nome?

— Lety, acho que ele é muito novo pra falar

— Se fosse meu já fazia os corre — dei de ombros e Pirata deu uma risada, logo depois o moleque também fez o mesmo — ih, isso tu entende né malandrinho — cheirei sua barriguinha e ele deu outra risada


— Sabe Lety, acabou de me dar uma puta de uma ideia — me olhou e virei para o encarar

— Ih, nem pense nisso, viajo amanhã, tenho vários corre, não sei nem como cuidar de mim imagina de outra criança — voltei para o sofá sentando com o bebê no colo

— De coé Letícia, segura essa pra mim até eu descobrir algo sobre a mãe do moleque e arranjar um lugar pra ele, não vou jogar na mão de qualquer um, e tudo que eu já fiz por ti?

— Ih, vai jogar na cara agora neguin? — Pirata era o único que sabia sobre Guto, quando mandei o mesmo para a Rocinha foi por indicação do meu pai, no caso, uma ordem direta do Guto, ele era filho da primeira esposa de GT que morreu no seu parto e a partir daí foi criado pela tia, tendo uma infância difícil até sua tia morrer e os inimigos peixes grandes de Guto tomarem conhecimento sobre ele, até aí sua existência era desconhecida para GT, que mesmo assim, quando descobriu que Pirata era seu filho o buscou e cuidou do mesmo até ele está pronto para caminhar com as próprias pernas, Vidigal era seu por direito, e sem duvidas ele tinha sangue de líder nas veias, ele era do tipo amado na favela, as pessoas o respeitavam acima de tudo. Quando eu achei que ia desabar pela angústia que sentia por saber sobre o seu pai, ele conversou, me entendeu e me acolheu, quando resolvi terminar com G2 ele fez o mesmo, e agora teria que me perdoar por ter matado a Rebeca. Olhei para o neném e ele estava entretido com o meu cabelo, a paz que senti quando cheguei ainda estava presente, e algo me dizia que era aquela criança que me transmitia isso, paz, a quanto tempo eu não sabia o que era isso — como eu vou fazer isso?

Bandida: Nascida pra guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora