Capítulo 27

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            • 1 mês e meio depois •



      Faltam apenas alguns dias pra voltar para o meu complexo, se estou animada? na verdade não, com as angústias que estou sentindo ultimamente e com a cabeça cheia com os trabalhos que tivemos durante esse tempo tudo o que eu queria era ficar um pouco longe de problemas, de dor, de guerra e de perdas. Era ironia eu querer isso considerando o destino que eu escolhi trilhar, como GT mesmo disse eu era nascida para guerra, nascida para defender os meus, para garantir que a minha família se mantenha segura, tranquila e feliz. A minha família hoje já não era só meus pais e irmãos, eu me sentia responsável por cada morador daquele complexo, por cada criança correndo nas ruas, por cada menor dando o sangue para ganhar o seu, nesses momentos eu percebia que era bem mais perigosa do que imaginava, não só por portar uma desert na cintura, mas pq mesmo trabalhando com o tráfico, que não era uma coisa boa, e isso eu assumo, eu era respeitada por aqueles que me rodeiam. Impor respeito e não medo é a maior demonstração de poder que se pode ter.

     Terminei de arrumar meus cabelos e fui até o quarto de Brian, vários presentes já estavam ali, hoje era seu primeiro aniversário, e resolvemos comemorar. Desci as escadas e fui recebida com a sua risada gostosa na sala, Dom estava com o mesmo no colo e fazia cosquinhas em sua barriga, aquela cena tinha se tornado comum naquela casa

— Pala papa — Brian falava entre risadas, caminhei até eles e ajudei Dom a fazer cosquinhas em meu filho que logo se jogou em meus braços, o laço que Dominic criou com Brian era bonito aos olhos de qualquer pessoa, ele se importava e cuidava de Brian como um verdadeiro pai, meu único medo era saber que um dia ele teria que ir embora, e eu não queria que meu galego sofresse com isso. Nossa amizade também conseguiu se tornar algo normal, muitas vezes acordei soando frio e gritando por conta dos pesadelos, GT sempre corria para me ajudar, mas Dom era sempre o primeiro a chegar, ele não fazia nada, apenas deitava minha cabeça em seu colo e cantava uma música para que eu voltasse a dormir, até que chegou o dia em que acordei e ele ainda estava lá, dormindo de um jeito torto enquanto eu dormia em seu colo, acordei com calma e levei um café da manhã para ele, apenas comeu, beijou minha testa e saiu, e depois foi normal acordar ao seu lado, com seu braço forte em baixo do meu pescoço, ele tentava ser protetor e manter distância ao mesmo tempo, era algo bom, estranho e único, sempre trocamos poucas palavras, mas respeitava isso, se fechar era seu escudo, pelo menos até ali

— Já está tudo pronto lá fora, GT e Luke saíram para resolver algumas coisas mas logo estão de volta, Julia foi tomar banho, e eu vou fazer o mesmo — sorriu e beijou minha testa e logo depois a de Brian — já volto campeão

       Subi as escadas ao seu lado e fui até o quarto de Brian, tirei seu pijama e depois dei banho no mesmo, coloquei a roupa que Dom tinha escolhido para o aniversário e depois seus cremes e lavandas, voltei para meu quarto e apenas arrumei a roupa que eu usava, fui até a sacada e tudo lá estava lindo, Julia fez tudo com sua enorme atenção de sempre, olhei para Brian e sorri, ele realmente merecia aquilo, desci as escadas encontrando Dom na sala, ele estava com uma roupa bem parecida com a de Brian, coloquei o mesmo no chão e ele correu até o "papa", saímos segurando na mão dele e nossos convidados já haviam chegado, poucas pessoas, a maioria amigos de GT e Dom, e claro, a família, se eu já considerava aquelas pessoas parte da minha família? Sim. Julia vem sendo bem mais do que eu esperava, várias vezes ela e Luke salvaram minha pele, mesmo que eu tenha feito o mesmo por eles, era importante saber que eles em tão pouco tempo estavam dispostos a fazer tanto por mim.

    Foi um dia de uma paz absurda, Brian brincava com algumas crianças e passava o tempo todo fazendo uso das palavras de seu vasto vocabulário, "me dá", "abuelo", "titi jujuba", "LK", "papa", "mama", "é meu"e "calaca". Eu observava cada movimento seu enquanto tomava uma Corona, não sei quando aquele pedacinho de gente se tornou tão importante para mim, mas mesmo que falem que é cedo demais, eu já daria minha vida pela dele. Depois que todos foram embora subimos para nós arrumar para o jantar que também aconteceria hoje, Brian já estava apagado em seu quarto, aposto que ele dormiria até amanhã. Entrei em meu quarto e me joguei na cama, peguei meu celular e haviam várias chamadas perdidas, 5 do meu pai, 3 do MT e 17 da Bella. Naquela hora senti um aperto no coração, as lágrimas já ameaçavam cair quando GT entrou no quarto e foi até mim, sentou ao meu lado e colocou meu cabelo atrás da orelha

         — Você precisa voltar para o RJ ainda hoje — Respirou fundo — estão precisando de você

        — O que aconteceu? Me fala logo.

         — Você não pode ficar com a cabeça muito quente, precisam de você pq é a mais forte, então não pode se abalar — Levantei com raiva e joguei meu celular com força na parede, passei minhas mais no cabelo e respirei fundo

         — Guto, o que aconteceu? — falei pausadamente tentando parecer mais calma

         — Sua mãe foi baleada.

        — Minha mãe? Quando? como? quem fez isso? Ainda me pede para não ficar com a cabeça quente?  — naquele momento eu já não parecia tão calma — o jato já está pronto?

        — Sim, Julia já está arrumando as coisas do Brian, Dom e Luke estão resolvendo as últimas coisas que precisam para ir embora

          — Minha mãe está bem, não está? — olhei para ele com um olhar que provavelmente foi ameaçador

           — Ela já está fora de perigo, mas vou passar algumas coordenadas pra você — assenti e me sentei ao seu lado respirando fundo — ela foi baleada em alguma emboscada, foi um mais novo traidor, você precisa mantê-lo longe do canta galo, sem passar informações, mas matá-lo ainda não vai ser viável

          — Como assim? atiram na minha mãe e você espera que eu tenha pena? — ergui uma sobrancelha

          — Quando chegar no alemão você vai procurar a Thais, já falei com ela, quando vocês conversarem entenderá tudo, mas não faça nada antes dessa conversa, entendeu? — balancei a cabeça afirmando e ele ficou de pé beijando o topo da minha cabeça — lembra que quem manda naquilo tudo é você, e mais do que nunca sua cabeça tá a prêmio, Dom, Julia e Luke vão te ajudar no necessário, Sara pode ficar para depois — falou enquanto abria a porta do quarto e saia de lá, não sei em quantos minutos arrumei minhas coisas, mas quando desci Dom já me esperava com Brian no colo, me entregou ele e levou as malas para o carro, em pouco tempo estávamos embarcando, e alguma coisa me dizia que agora, tudo iria mudar, o que passei até aqui foram pequenas batalhas, a partir de agora seria a verdadeira guerra, e posso deixar claro que atingir a minha família foi um péssimo modo de dar início a isso.

Bandida: Nascida pra guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora