Capítulo 13- O aniversário parte 1

24 7 4
                                    

                                                               1 MÊS DEPOIS

_Parabéns pra você nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Lindsay, Lindsay!

Os colegas de trabalho a aplaudiam, enquanto ela sorria satisfeita e com um olhar cheio de gratidão. Todos que estavam na agência haviam se reunido e fizeram uma mesa de café da manhã para comemorar o aniversário de Lindsay. A mocinha ficou muito emocionada e, pega de surpresa, não soube como reagir, então, segurando o bolo com duas velas que formam o número "20", apenas sorriu.

_Discurso! Discurso!_ Louis grita sozinho, fazendo as pessoas ao redor rirem.

_Obrigada a todos que estão aqui comemorando esse dia comigo. Esta mesa de café da manhã está incrível, muito obrigada, de coração, vocês são os melhores._ Ela foi aplaudida novamente.

_Ahh!_ Eles responderam em coro.

_Você não desconfiou de nada?_ Fernanda pergunta a amiga à sua frente, após saborear um pão de queijo que estava na mesa.

_Esse mês é o mais difícil do ano. Há 3 anos o mês de julho tem sido o pior de todos. Todo ano eu me pergunto:" E se nós não tivéssemos saído para comemorar meu aniversário? Se tivéssemos ficado em casa como em meu aniversário de 16 anos?"_ Uma lágrima ameaçou escorrer dos olhos de Lindsay.

_ Eu sei que você ainda pensa nele, mas não perca seu tempo me dizendo que poderia ter evitado esse acidente, você não estava dirigindo, não estava no controle. Precisa parar de pensar no " e se" e começar a pensar em como seguir em frente. Eu sei que dói, amiga, mas você não pode continuar vivendo como se estivesse no mesmo dia. Você pode pensar nele, pode sentir falta dele, pode chorar de saudade, mas precisa seguir com sua vida._ Fernanda se preocupava seriamente com a reação de Lindsay, ou melhor, a falta de reação quanto a seguir em frente.

_ Você tem razão, mas a única forma que eu consigo pensar de seguir em frente é a mesma de antes: retornar aos últimos casos dele, sinto que sua morte não foi um acidente, principalmente porque o caso foi arquivado por falta de provas. Que irônico, não? Havia uma cena de crime ,um corpo carbonizado, mas não haviam provas contra o assassino. O suspeito sumiu , sem deixar rastros, antes que pudesse ser interrogado. _ Sua voz estava falhando e ela sabia o que isso significava, estava prestes a chorar.

_ Você quer que a justiça seja feita, Lindsay, e eu entendo isso, mas precisa ir com cautela, você não sabe onde está se metendo. _ Fernanda temeu pela vida da amiga.

_ Não se preocupe, sei me cuidar. Agora, mudando um pouco de assunto : Vitor anda sumido, há um mês não consigo entrar em contato com ele. Eu sei que ele decidiu se afastar e talvez esteja me evitando, mas eu preciso falar com ele sobre o plano. Já tentei ligar no celular, mas ele sequer atende. _ Sua frustração era visível.

_Eu tentei falar com ele sobre nosso plano, amiga, mas ele está irredutível quanto à decisão de não nos deixar o pôr em prática. Ah, e sobre esse sumiço: ele está trabalhando aqui na parte da manhã e à tarde ele vai trabalhar em casa. Lindsay, vai por mim, ele parece sobrecarregado, mesmo que quisesse falar com você não conseguiria. Fora que ele teve alguns problemas pessoais e mudou o número de celular, por isso você não conseguiu falar com ele. _ Fernanda disse com calma.

_Então eu já sei o que vou fazer.

Lindsay levantou e, após receber os cumprimentos de todos que estavam na agência, se despediu de sua amiga dizendo um simples "volto logo". Ela foi na sala de Miller e depois de cumprimentá-lo, perguntou se poderia sair para resolver assuntos referentes a um caso. Após ela explicar tudo o que precisava fazer e ser liberada , Lindsay arrancou com o carro em direção à casa de Vitor.

Ela tocou a campainha, andando de um lado para o outro, com um frio no estômago que surgiu repentinamente. Os minutos pareciam horas, ou seria ela quem estava ansiosa demais ?Respirou fundo uma, duas, três vezes, e repreendeu a si mesma, sem entender por completo aquela reação. Ao abrir a porta e dar de cara com Lindsay, Vitor abre um sorriso acolhedor, sorriso que apenas ele sabia dar, segundo Lindsay.

_Boa tarde, tudo bem?_ Ele perguntou com cautela.

_ Boa tarde, tudo, eu só precisava conversar com você._ Ela respondeu também com cautela, analisando-o.

_ Entre.

Assim que a porta fechou atrás de si, Vitor apontou para a sala, indicando que ela se sentasse no sofá. Passando o olho rapidamente pelo ambiente e visualizando os papéis espalhados pela mesa de centro, Lindsay se deu conta de que ele estava realmente ocupado.

_A Fernanda conversou comigo sobre eu estar te evitando. Por mais que eu queira me afastar de você, sou seu chefe e têm assuntos profissionais que precisamos tratar. Mas eu só sumi desse jeito porque estou sendo muito pressionado pelo Conselho e eu tive problemas pessoais...

_ Eu sei, Vitor, ela me contou agora pouco. Não se preocupe em me dar satisfação. Você escolheu se afastar , lembra? _ Lindsay o interrompeu desconfiada de suas desculpas.

_" Ele está estranho "_ Ela pensou.

_Eu já volto.

Vitor levantou e se direcionou ao quarto. Voltou minutos depois com uma caixinha em mãos. A caixinha era aveludada com um tom avermelhado, mas o conteúdo foi o que realmente chamou a atenção de Lindsay : era um colar folheado à ouro com a letra "L" no pingente.

_ É simples, eu sei, mas eu..._ sua frase ficou no ar, pois Lindsay o interrompeu abraçando ele.

_Eu amei, Vítor, é linda! _ Ela disse, mais feliz pelo abraço do que pelo presente em si.

_ Feliz aniversário, pequena._ Ele sussurrou em seu ouvido.

Assim que os dois se afastam, Lindsay soltou o ar que nem sabia estar segurando. Ela começou a desconfiar que as palavras de Fernanda a estavam afetando mais do que o necessário. Há um mês, sempre que Fernanda tinha a oportunidade, falava de Vítor e do quanto ele demonstrou a mudança de comportamento durante os meses recentes.

_ Posso colocar em você? _Após Lindsay concordar, Vitor coloca o colar em seu pescoço.

A garota ruiva sentiu um arrepio quando as mãos dele passaram pela região do pescoço, um ato tão simples, mas que a deixou desnorteada por alguns segundos. E, por um motivo, até então desconhecido, ela sorriu quando olhou para ele novamente. Os dois se sentaram no sofá e começaram a conversar , Lindsay estava feliz: parecia que as coisas entre eles estavam voltando ao normal.

_ Então, hoje é o seu dia, o que pretende fazer? _ Vítor perguntou, evitando contato visual prolongado.

_Voltar ao trabalho , ir para casa, comer e dormir. _ Lindsay enumerou as atividades nos dedos com simplicidade.

_ Nada disso. Você tem algo pendente na agência? Se não tiver, tire o dia de folga. _ Ele a olhou indignado com seus planos.

_Claro que tenho. Aliás, tenho um pedido a fazer, meu pedido de aniversário. _ Ela sorriu, como uma criança pedindo doce.

_ Hmm... sinto que serei chantageado. _ O policial disse de forma sarcástica.

_Eu quero que me deixe trabalhar no caso Loyes, por favor, eu já tenho um plano e vou me cuidar._ Ela disse com rapidez, sem deixar que ele tivesse argumentos.

A expressão no rosto de Vitor mudou para uma mais séria. Ele ainda achava arriscado demais deixar Lindsay voltar para o caso, ela ia se expor, seria perigoso, mas ele se lembrou da discussão que tiveram há 2 anos atrás e ela tinha razão : ele não era seu pai, não podia protege-la de tudo e de todos. Então só havia uma coisa a fazer: comunicar sua decisão.

_ Como seu responsável eu diria "não", mas percebi que devo tratá-la com profissionalismo. _ Após um breve suspense, que fez Lindsay rir de nervosismo, Vitor continuou

_Então, sim, eu deixo você trabalhar no caso Loyes, porém preciso saber de todos os detalhes, eu quero estar à par de tudo e se houver algum perigo eu não deixarei você ou qualquer integrante da agência participar. Vocês são minha responsabilidade, então é meu dever proteger cada um.

Vítor disse sabendo que, mais do que responsabilidade, ele tinha um carinho enorme pela ruiva à sua frente e não deixaria que nada pudesse acontecer à ela. Faria de tudo para mantê-la em segurança sempre, mesmo que isso custasse sua vida.

Uma Noite Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora