Capítulo 42- Uma visita inesperada.

15 2 2
                                    

Depois da noite, considerada maravilhosa por ambos, Lindsay foi deixada por seu namorado em casa. Ela subiu as escadas e, distraidamente, acabou por deixar a porta destrancada. Ela foi tomar banho e, quando terminou, se deitou e dormiu um sono tranquilo.

No meio da noite ela começou a ouvir barulhos, mas decidiu ignorar, ela estava tão feliz que não se deu conta de que poderia estar correndo perigo.

Alguns minutos depois, ela sentiu seu rosto ser acariciado por mãos macias e, num impulso, ela segurou as mãos da pessoa. Assustada, a pessoa se soltou das mãos de Lindsay e tentou sair apressada, mas foi impedida pela fala de Lindsay:

_ Mãe?!_ ela disse ao ver os cabelos ruivos e olhos azuis da mulher à sua frente.

_ Eu tenho tanta coisa para te explicar, mas agora não posso. Eu preciso que confie em mim, logo nos encontraremos. _ A mulher lhe disse, com a voz rouca por conta do choro, e olhou para Lindsay com um olhar diferente.

_ Mãe, fique aqui, por favor! Amanhã é o seu dia.

_ Eu só quero que saiba que sinto orgulho de termos o mesmo sangue. Seu pai também sente orgulho de você.

_ Vocês se encontraram? Eu posso ir? Prometo não fazer barulho, me leva. _ Os olhos de Lindsay estavam inundados.

_ Hoje eu não posso te levar comigo, mas logo estaremos juntos.

Lindsay sentiu sua vista embaçada por causa das lágrimas e, ao limpá-la, não viu mais a figura materna. Seu despertador tocou e ela olhou para o lado, constatando ser meia-noite.

_ Feliz aniversário, mãe. _ Ela disse, num fio de voz.

Lindsay provavelmente não conseguiria dormir, então decidiu olhar seu álbum de fotos. Havia fotos dela desde criança, do dia que chegou ao hospital, recém-nascida, até o dia da morte de seu pai. Ela não conseguiu continuar o álbum depois daquele fatídico dia.

Ao virar a página e encontrar uma foto de sua mãe ao seu lado sorrindo, uma lágrima escorreu. Ela não impediu que os soluços a consumissem e se deixou desabar por um momento enquanto o mundo lá fora não sabia o quanto ela estava sofrendo.

Na próxima página havia um papel, uma carta: a carta que sua mãe lhe pediu para escrever, pois a falta de força, devido a um tumor cerebral, não a permitia escrever. As lembranças vieram à sua mente antes que ela pensasse duas vezes.

_" Eu amarei vocês por toda a minha vida. Vocês são o que tenho de mais precioso: minhas filhas e meu esposo..."_ ela parou de falar por um momento.

_ Filhas, mamãe? Mas sou só eu. _ Lindsay questionou.

_ ... "Espero que quando ler essa carta novamente tenha encontrado sua irmã. Diga a ela que eu a amo demais e que, infelizmente, não pude conhecê-la."

_ Uma irmã?

_ Uma irmã e um irmãozinho que nasceu morto.

_ Eu quero ver a minha irmã, mamãe.

_" No momento certo você a encontrará, apenas procure."

Sem perceber, Lindsay se ajeitou no lugar em que estava, no chão em volta dos álbuns, e se deitou chorando. No dia seguinte, quando o sol já havia raiado, ela foi acordada por Vítor.

_ O que aconteceu? Cheguei aqui e a porta estava entreaberta. _ Vítor perguntou, preocupado.

_ Vitor, a minha mãe esteve aqui. _ Lindsay disse, ainda se espreguiçando.

_ Lindsay, eu estou muito preocupado com você. Eu sei que hoje é um dia difícil, mas ultimamente você não vem dizendo coisa com coisa.

_ Eu não estou louca, Vitor, eu a vi. _ Lindsay insistiu enquanto observava a reação de seu namorado.

_ Lindsay, nós dois sabemos que sua mãe morreu há sete anos. Ela ter sido tirada de você por um tumor cerebral e você ter visto ela definhar é compreensível, mas você começar a ter alucinações já é preocupante.

_ Saia da minha casa. _ Lindsay disse, sem pensar duas vezes.

_ O que? _ Vitor a olhou, confuso.

_ Saia agora! Enquanto você não acreditar em mim não ponha os pés aqui. _ Ela se levantou e o conduziu à porta da frente.

_ Vamos conversar, Lindsay.

_ Já conversamos, você não acredita em mim.

_ Espera, você deixou a porta aberta para ela vir? Sabe o quanto isso é perigoso?

_ Por que eu devo responder à sua pergunta? Você não vai acreditar se eu disser que esqueci de trancar a porta porque estava sonhando acordada com nosso encontro! _ Lindsay proferiu as palavras com certa aspereza.

_ Me desculpe, okay? Eu vou para a delegacia e mais tarde eu passo aqui para te ver. Só não deixe de atender às minhas ligações, por favor.

_ Tudo bem. _ Ela cedeu ao beijo tirando sua capa de raiva.

Ele saiu e ela andou em direção à cozinha, pensando no momento em que viu sua mãe. Ela não parecia uma alucinação ou fantasma, só tinha um ar mais sério e jovial. Diana, sua mãe, era uma mulher alegre, amava vestir roupas claras, seu sorriso era semelhante ao sol num dia de verão, tudo nela transbordava alegria.

No entanto, a mulher que lhe apareceu, apesar de linda e em seus olhos transborda bondade, na noite anterior, parecia cansada e sofrida. Mas era ela, a forma como olhou para Lindsay, com dor por deixá-la sozinha, a fez constatar que era sua mãe. Lindsay precisava encontrá-la.

Uma Noite Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora