Capítulo 18- Traumas do passado

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_E aí, gostou do seu primeiro texto? Como está se sentindo? _ Gabriel Miller perguntou, empolgado.

_ Sinceramente... aliviada, é tão estranho eu ter parado de fazer algo que eu realmente gosto porque uma pessoa me disse que eu não deveria fazer. Estou empolgada também, parece que minha cabeça vai criar vida própria e as palavras vão sair andando.

_Você já está falando como escritora até porque essas metáforas só são usadas para escrever, certo?

_Obrigada por tudo, o seu incentivo foi essencial e as suas palavras me ajudaram demais. Eu nem sei como agradecer. _ Fernanda diz, com um sorriso no rosto.

_ Podíamos comemorar saindo para jantar, o que você acha? _ Miller pergunta, se sentindo acanhado de repente.

_Acho que não seria má ideia, mas ainda são cinco e meia da tarde. _ A detetive Rodrigues inclina a cabeça para o lado levemente.

_Tem razão. O jantar fica para outro dia, então eu posso te acompanhar até em casa, pelo menos? _ O brilho de Miller foi sumindo aos poucos ao ver a resistência de Fernanda.

_Será que isso também poderia ficar para outro dia? É que, como você mesmo disse, talvez seja um passo precipitado. _ Fernanda sentiu que precisava dar um 'freio' em si mesma, mas arrependeu-se no minuto seguinte.

_É verdade. Bom... então eu já vou, até logo. _ Gabriel pôs as mãos no bolso, de forma tímida e foi andando em direção à porta.

_Espere, podemos tomar um sorvete e conversamos mais um pouco, que tal?_ A senhorita Rodrigues volta atrás e decide dar uma chance.

_Sério? Por mim, sem problemas. _ Miller balança os ombros e seu brilho volta ao olhar.

Os dois sorriem e caminham lado a lado em direção à sorveteria. Eles pagam os sorvetes depois de escolherem seus sabores e vão se sentar em uma mesa com vista para a rua.

_Quer me contar o real motivo de ter parado de escrever?_ Antes de que Miller pudesse perceber, suas palavras saltaram de sua boca.

_ Você deve se lembrar do Max, o rapaz em quem Lindsay bateu, certo? Então ,nós tivemos um relacionamento de 2 anos e foi bem intenso, mas tiveram muitas consequências.

Fernanda vira os olhos, que agora estavam cheios de lágrimas, para a janela, apreciando a rua enquanto tentava controlar sua respiração. As lembranças a atingiram com força.

Miller alcançou a mão dela, que estava encima da mesa, e entrelaçou- a à sua mão. Ele sabia que havia algo muito sério por trás das lembranças de Fernanda e pensar que aquele homem havia feito mal a ela o deixava revoltado, mas ele precisava se controlar caso quisesse ajudá-la.

_Se não quiser contar, se não se sentir pronta, não precisa falar nada , eu vou respeitar seu tempo. Mas quando estiver preparada eu vou estar aqui para te ouvir e apoiar.

_Eu estou guardando isso há 3 anos, se eu não falar agora vou explodir. _Ela respirou fundo, preparando- se para revelar todo o trauma sofrido ao longo de 2 anos.

_No começo, tudo eram flores, ele era um amor. Nós fazíamos todos os tipos de esportes radicais, eu sempre fui muito aventureira. Estava tudo indo bem até que ele começou a reclamar das minhas saídas com as minhas amigas, meu blog e das minhas roupas. Assim que ele falou isso eu disse que não cederia pois quem mandava em minha vida era eu mesma,então ele vinha com xingamentos dizendo que eu parecia uma qualquer com aquelas roupas e foi aí que eu cedi. Sobre o blog: ele dizia coisas como " ninguém vai ler isso", " eu leio porque eu te amo e é por te amar que eu digo para parar". E sobre as saídas com minhas amigas: ele sempre arrumava algo para fazermos e eu nunca conseguia sair com elas pelas chantagens emocionais dele.

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