Bônus (Helena)

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Chorar. Era a única coisa que Helena sabia fazer naquele momento. Ela se sentia fraca,inútil e frágil diante de tantos maus tratos. Ela se sentia decepcionada por ter confiado no único homem que havia amado durante sua vida até aquele momento.

Já haviam se passado cinco meses, mas ela ainda continuava com uma dor imensa por ter sido tão maltratada e traída.

George nunca a havia ferido fisicamente, até então. Ao lembrar de sua filha e do quanto estava decepcionada com ela, mais lágrimas rolavam. Ela foi traída por sua própria filha, Anna.

As lembranças de como foi parar naquele lugar tão grotesco a tomavam a cada momento.

"_ Então, você mantinha conversas com sua irmã por carta? _ George disse, assim que Helena chegou.

_ Eu..._ Helena num susto por ter sido pega em flagrante, não sabe o que dizer.

_ Estava onde, querida?

_ Desde quando se importa?

_ Te fiz uma pergunta, não me faça de idiota. Não vai me dizer onde estava? _ George pegou- a por seus cabelos.

_ Você está me machucando! _ Ela disse tentando se soltar.

_ Diga logo que foi ver sua sobrinha, diga-me a verdade.

_ Se sabe a verdade então por que pergunta?

_ Não me responda assim nunca mais.

George estendeu a mão para lhe bater, mas Helena pegou a mão dele no ar.

_ E você não me trate como faz com suas amantes.

George arregalou seus olhos.

_ O que foi, não é só você que tem seus truques para descobrir o que quer.

_ Tanto faz, eu nunca te respeitei porque eu nunca quis você. Helena, entenda de uma vez: você é só o prêmio de consolação que eu exibo para todos.

_ Eu tenho nojo de você.

_ Você merece um castigo, vou te ensinar a nunca mais me tratar desse jeito.

Dois homens tocaram a campainha e George permitiu que eles entrassem.

_ Levem- na, tenho muito o que ensiná-la."

_Você precisa se alimentar, Helena. _ Ricardo a incentivou.

Os dois estavam próximos, presos em um galpão abandonado. Helena já havia estado naquele lugar, ela e Ricardo já se conheciam, os dois já haviam se beijado meses antes, no dia de seu aniversário. Mas, Helena se mantinha distante e, com a dor, ela estava na defensiva.

_ Por que se importa? Tem medo de perder sua esposa outra vez? _ Helena proferiu essas palavras com raiva.

_ Eu nunca te confundi, Helena, você que está me confundindo com o seu marido.

_ Nem isso ele é.

_ Me desculpe, mas você chegou a dizer algo assim há alguns meses atrás. Quer dizer que só moravam juntos?

_ Eu fui enganada, Ricardo, eu descobri que nem casado nós somos. Ele me fez assinar um documento falso porque, segundo ele, nunca se casaria com a cópia da Diana ou qualquer outra mulher que não fosse ela. Eu só descobri isso há quase 7 meses.

_ Eu sinto muito, você não merece isso, ninguém merece ser a segunda opção.

_ Apesar de estar aqui, eu me sinto mais livre do que nunca, eu não o suporto.

_ Vamos sair daqui e, quando isso acontecer, ele vai apodrecer na cadeia, isso eu garanto. Aliás, eu peço desculpas novamente, foi o meu pedido que te pôs aqui.

_ Não, não se preocupe e pare de me pedir tantas desculpas, ver a Lindsay me fez querer lutar. Eu só queria ter me despedido direito das minhas filhas.

_ Mas, foi a Anna quem contou sobre sua saída e mostrou as cartas.

_ Mas não deixa de ser a minha filha e eu a amo, apesar de tudo. Eu sempre vou amar elas, são meus maiores tesouros.

_ Acho que entendo bem. Lindsay e Rebeca são tudo que eu tenho. Diana me deixou ótimos presentes.

_ Eu sinto tanto a falta da minha irmã, nós duas não passamos tanto tempo juntas e eu me deixei guiar por George depois que nos casamos. Na minha frente ele fingia indiferença quando o assunto era ela, mas lá no fundo eu sempre soube que ele ainda a queria.

_ O que ele sentia por ela nunca foi amor, era obsessão. George sempre foi obcecado por Diana.

_ E eu me deixei iludir achando que um dia seria amada. _ Helena baixou a cabeça e uma lágrima rolou.

_ Não deseje ser amada por ele, você merece muito mais que um homem cheio de maldades e ódio. Você é boa, Helena, você inspira confiança, seriedade e força. _ Ricardo disse tudo isso olhando diretamente nos olhos de Helena.

Helena quebrou a troca de olhares, pois se lembrou de como era parecida com sua irmã gêmea. Pensou que ele provavelmente a olhava daquela forma por estar confundindo- a com Diana.

Apesar de terem se beijado, ela havia decidido se afastar por medo de se machucar novamente, então eles haviam combinado que fingiriam não ter acontecido nada.

Ela ainda tinha as palavras de George na cabeça, mesmo depois de tantos meses. "Você é tola, você é um prêmio de consolação." Essas palavras ecoavam em sua cabeça.

_ Quando sairmos daqui eu vou embora, quero ir pra bem longe de tudo que me lembre o que vivi com George, quero recomeçar.

_ Não precisa de um novo lugar para recomeçar, só de uma esperança renovada e pessoas que estejam dispostas a recomeçar com você ao seu lado.

_Diga a verdade, Ricardo: quando olha para mim, é a minha irmã que vê?

_ Não, apesar de se parecerem muito, você e Diana são muito diferentes em diversos aspectos.

_ Por exemplo...?

_ Eu já disse que vocês são diferentes há alguns meses atrás, quando nos vimos pela primeira vez em anos.

_ E não pode repetir? _ Helena dizia, com a voz um tanto oscilante.

_ Diana era bastante extrovertida, ria de tudo. Você é mais fechada, séria e calculista. Fora que, você costuma roer as unhas quando está nervosa e é exatamente o que está fazendo agora, está nervosa?

Helena sorriu, confirmando. Ela estava nervosa com a aproximação de Ricardo. Ela manteve uma estrutura em torno de seu coração assim que o conheceu, pois sabia que ele amava Diana e poderia confundi-la, Helena não queria que a história de seu casamento se repetisse.

_ Ah, outra coisa que eu também disse: você devia soltar os cabelos, fica muito mais bonita com eles soltos e quando sorri.

Ricardo se aproximou e soltou o cabelo dela. Suas respirações se aproximaram, a mão de Ricardo foi de encontro ao pescoço de Helena e eles se beijaram.

Apesar de toda a estrutura que Helena tinha criado em torno de si mesma, Ricardo conseguiu fazê-la entender que alguém poderia lutar pelo amor dela, que alguém poderia ficar por ela e não por quem ela parecia ser.

Ricardo um dia amou Diana e sempre lembraria dela com felicidade pelos momentos que passaram juntos, mas ele sentiu surgir dentro dele um sentimento muito forte e verdadeiro por Helena, não por ter a aparência idêntica de sua falecida esposa, mas por ser exatamente como ela era: introvertida, forte e ao mesmo tempo tão frágil.

Ela queria alguém pra amar, ele a amou desde o primeiro olhar.

Uma Noite Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora