Capítulo 38- O início de uma descoberta parte 1

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No dia seguinte, Lindsay acorda bem-disposta e desce para tomar café. Ao adentrar a cozinha, ela se depara com uma cena que lhe arranca um sorriso: Vitor estava de costas preparando as panquecas para o café da manhã e enquanto jogava a massa para cima e lhe pegava no alto, ele desligou a cafeteira, que apitou, denunciando que o café estava pronto.

Ela encostou a cabeça no batente da porta, cruzou os braços e continuou a observá-lo, sem fazer barulho. Ele havia amadurecido, ela admitia, mas era muito mais do que isso: Vitor se tornara um homem incrível, um excelente confidente e ouvinte, um tutor responsável, um bom amigo e um ótimo irmão.

Diferente das outras vezes, agora ela sentia um certo incômodo ao se referir a ele como um irmão. Decidiu deixar seus pensamentos de lado quando Vítor se atrapalhou, ao vê-la, e deixou a panqueca, que ele jogou para cima, cair no chão.

_ Ei, você acordou! Bom dia. _ Ele disse, animado. _ Eu acordei cedo, passei no mercado antes de vir pra cá e decidi que você merece ser mimada hoje.

_ Eu gostei, você sabe que gosto dos seus mimos.

Ela perguntou se ele queria ajuda, mas ele disse que tinha tudo sob controle. Depois de alguns minutos, ambos se serviram e comeram.

_ Tenho uma novidade, aliás, uma não, algumas. _Vitor disse, depositando o celular em cima da mesa.

_ Me conte tudo.

_ O delegado ficou sabendo do que a Júlia fez com você e ela foi suspensa por coagi-la.

_ Não fico feliz com isso, apesar de ter me sentido mal por ser pressionada daquele jeito, eu não vou comemorar a suspensão de alguém que só estava fazendo o próprio trabalho.

_ O delegado sabe disso. _ Vitor sorriu.

_ Quem foi que contou ao delegado sobre isso? _ Lindsay o olhou desconfiada.

_ Foi o Charles, é o dever dele. _ Vítor disse, fingindo não dar tanta importância ao ocorrido.

_ Ele não precisava ter feito nada. _ Seu tom de voz beirava a irritação.

_ Você sabe que, se ele não tivesse feito nada, Júlia continuaria fazendo isso com outras pessoas. _ O melhor amigo de Lindsay argumentou.

_ Você tem razão. _ Ela se deu por vencida.

_ Eu sei disso. _ Vitor sorriu, convencido.

_ Qual é a próxima novidade: vai, finalmente, me dizer por quem está apaixonado?

_ Sobre isso, eu... _ Vitor é interrompido pelo toque de seu celular.

O nome " Liz" apareceu na tela e Vítor puxou o celular com certa rapidez.

_ Eu preciso atender. _ Ele sussurrou um pedido de desculpas e saiu de perto de Lindsay.

Alguns minutos depois, Vitor retorna um pouco mais aliviado e se senta à mesa novamente. Ele, que ainda tinha a xícara de café nos lábios, se engasgou com a pergunta de Lindsay.

_ Quem é Liz? _ Foi a primeira coisa que Lindsay quis saber.

_ É a irmã da Emma, a policial Elizabeth Stone. _ Vítor disse, se recuperando e tentando soar casual.

_ Suponho que vocês se conheçam bem, já o contato dela é um apelido tão íntimo. _ Lindsay estava com o rosto vermelho.

_ Ela e eu nos conhecemos quando iniciei a faculdade de direito, nós nos formamos juntos. Ela conseguiu uma vaga para estagiar na delegacia e desde então trabalha lá. Apesar da distância, não perdemos o contato.

_ É, deu pra perceber. _ Lindsay responde, de mau-humor.

_ Está tudo bem? Você parece brava. _ Vitor estava realmente preocupado com ela.

_ Eu não estou brava, Vitor, só acho que você poderia ter me contado que você e a fulana são tão íntimos. _ Lindsay expõe ainda mais seu mau humor.

_ Achei que isso não fosse um problema para você, até porque você também tem outros amigos.

_ Mas meus amigos não me dão apelidos, nem vice-versa. E eu não saio de perto de ninguém, como estivesse escondendo algo, para falar com meus amigos. _ Lindsay respirou fundo, pediu desculpas por ter estragado tudo e saiu da cozinha apressada.

_ Esqueceu seu chinelo na cozinha, cinderela. _ Ele tentou brincar, levando o chinelo consigo.

Lindsay cobriu o rosto com a almofada, envergonhada da própria atitude. Vitor se agachou, encaixou o chinelo no pé de Lindsay e a olhou sorrindo.

_ Serviu. _ Ela entrou na brincadeira para descontrair.

_ Eu sabia que serviria. _ Ele sorriu de lado.

_ Afinal o chinelo é meu. _ Ela riu, constrangida, quebrando o clima que havia se formado entre os dois.

_ É claro que é, você tem toda razão. _ Vitor se levantou e seguiu rumo a cozinha dizendo que tiraria a mesa do café da manhã.

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