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Tyler sentiu alguém puxar seus braços, fazendo-o largar seu pescoço. O garoto respirou desesperado e abriu os olhos em seguida.

À sua frente, um garoto de cabelo rosa bagunçado e olhos escuros, encarava-o atentamente. Tyler não gostava de ser encarado.

"V-você está bem?" O rapaz perguntou. Ele parecia assustado.

Tyler pareceu petrificado; Os dois estavam próximos o suficiente para sentirem a respiração um do outro.

"Desculpe..." O garoto de cabelo colorido recuou, percebendo o desconforto de Tyler com a proximidade de seus corpos.

Tyler levantou-se lentamente; O outro acompanhou seus movimentos. Eles olharam-se fixamente; o de cabelo rosa precisava olhar para cima para que pudesse olhar nos olhos de Tyler. O mais alto tentava desviar o olhar, mas parecia hipnotizado pelos olhos do menor.

"Está tudo bem?" Disse. Sua voz soava mais calma. "Desculpe se te assustei, eu meio que cheguei e você estava se enforcando ou algo do tipo..."

Silêncio. Aquele silêncio estranho novamente.

Tyler ignorou as palavras do garoto; ajeitou sua mochila em um dos ombros e caminhou apressadamente pelo corredor, sem olhar pra trás.

Estava frio. Tyler gostava do frio. Um vento suave soprava fazendo-o arrepiar-se. Sua mãe estava certa, ele devia ter levado seu gorro.

Tyler parou na calçada em frente à sua casa. Já estava escurecendo, as luzes da casa estavam ligadas. Ele pôde ver a silhueta de duas pessoas através das cortinas da janela. Elas estavam abraçadas e pareciam dançar ao som de uma música calma. Tyler suspirou.

Seus pais eram tão felizes. O garoto costumava se perguntar porque não era feliz como eles.

Suspirou e abaixou a cabeça, continuando a andar. Tyler não queria ir para casa.

No fim de sua rua havia um parque que estava quase sempre deserto. Ele costumava esconder-se entre as árvores e passar horas deitado na grama, olhando o céu tornar-se de azul para preto.

Jogou sua mochila na grama e usou-a como travesseiro. O céu não parecia azul, estava mais para um cinza desbotado. As árvores ao seu redor tinham as folhas balançadas pelo vento.

O silêncio do local era calmo. Não era aquele silêncio torturante que Tyler tanto odiava. O garoto lembrou de seu dia.

Lembrou-se de olhar para o espelho em seu quarto e perguntar, olhando nos olhos de seu reflexo se sua alma estava bem. Ele esperava uma resposta, mas como poderia ter uma resposta sincera se ele mesmo manipulava seu pensamento para achar que estava tudo bem?

De repente surgiram memórias de seus sonhos. Não os bons, mas os piores. Em seus sonhos mais sombrios, Tyler estava sempre lutando contra alguém. Estava usando as armas que não lembrava de ter para derrotar algo que não conhecia. Porém, o sonho que teve na noite passada fora diferente; Tyler não estava lutando, mas sim, se entregando à seu inimigo.

O garoto fechou os olhos. Ele sabia que não podia se matar, por mais que quisesse. Mesmo estando fraco, cansado, tinha que continuar. Precisava continuar vivo para ver o que aconteceria a seguir; Na maioria das vezes sua curiosidade era a responsável por suas maiores feridas.

"Mãe? Pai?" Tyler disse ao entrar em sua casa; a sala estava vazia, e as luzes, apagadas. "Alguém aqui?"

Sem respostas. Seus pais haviam saído, e seus irmãos estavam na escola. Tyler subiu para seu quarto.

Sentou-se em sua cama; os cotovelos apoiados na janela. Sua rua estava deserta, tanto quanto o parque onde estava. Tyler viu alguém andando na rua e apertou os olhos para ver; ele adorava prestar atenção nos detalhes de tudo.

Era o menino de cabelo rosa que havia falado com ele no corredor horas antes. Ele sentou-se na calçada e pegou um livro. Tyler queria falar com ele. Temia ter sido rude quando o garoto fora falar com ele; queria desculpar-se.

Suspirou afastanto essa ideia insana de sua mente. Ele sabia que o garoto não estava nem aí se Tyler estava bem ou não; sabia que ele só tinha feito aquilo para parecer alguém bom. Para Tyler, quando alguém estava sendo bom, estava vestindo uma máscara e quando estava sendo mal, era sua verdadeira face.

"Não confie em ninguém" Ouviu uma voz sussurrar.

Deitou-se. Tyler tinha medo de dormir e sonhar, mas ao mesmo tempo, sentia seu corpo adormecer aos poucos. Suas pálpebras pareciam pesar toneladas; fechou os olhos e tentou ignorar a voz em sua mente.

toxic; tøpOnde histórias criam vida. Descubra agora