toxic; tøp

08;

Tyler gostava dos detalhes, de coisas que ninguém podia perceber. Gostava de olhar para as pequenas falhas, as quais desapareceriam desse mundo sem terem sido notadas, se não fosse por sua atenção.

As placas dos carros estacionados na rua, marcas presentes nas embalagens jogadas nos lixeiros espalhados pela calçada, e as imperfeições na pintura dos prédios antigos do subúrbio. Esse era seu entretenimento.

Com as mãos enfiadas nos bolsos do moletom amarelo e passos apressados, Tyler andava de cabeça baixa; os olhos fitavam a calçada desgastada. Seu pulso ardia de forma a fazer com que Tyler soltasse baixos gemidos de dor.

"Olhe o que você fez, Joseph. Se rende à dor e ainda tem coragem de reclamar dela depois." A voz em sua mente disse fazendo-o sentir um arrepio na nuca.

Sua respiração tornou-se ofegante e seus pensamentos encheram-se de culpa. Segurou o tecido dos bolsos do moletom com força o suficiente para sentir as pontas de seus dedos encostarem-se na palma de sua mão.

"Eu vou assistir você se autodestruir e vou rir disso. Acho que posso iniciar a contagem regressiva dessa bomba relógio feita de ossos e pele. 5, 4, 3, 2..."

Tyler segurou a própria cabeça com as mãos, exercendo a mesma força que fazia contra o tecido do moletom. Suas unhas arranhavam sua pele, deixando rastros vermelhos.

Tyler apertava os olhos e rangia dos dentes, fazendo um barulho torturante tomar conta de seus pensamentos.

Repentinamente, entre aquela sessão de tortura pessoal, a risada do amigo de voz rouca com tons oscilando entre finos e grossos, ecoou na mente de Tyler.

Ele soltou a cabeça, sentindo uma ardência nos rastros de suas unhas; olhava para os lados como procurando um rosto familiar, um cabelo de cor chamativa e fios bagunçados. Por algum motivo Tyler sabia que Josh estava por perto. Aquilo não tinha sido apenas uma alucinação. Ele tinha certeza.

"J-Josh?" Seu grito, em um tom de desespero e choro, ricocheteou as paredes dos prédios, ecoando na rua deserta. "Josh?"

O garoto virava-se de um lado para o outro, procurando o amigo; de repente, ao virar-se, viu um rosto borrado observando-o a distância. Os fios coloridos em desfoque, os olhos castanhos, os tênis sujos e riscados.

"Tyler?" Josh disse aproximando-se do garoto. "Ty... eu estou aqui."

"Como eu posso me esconder de algo que está dentro de mim?!" Lágrimas caíam de seus olhos, dançando uma coreografia melancólica em sua face.