Mais um domingo começava; era incrível como aos domingos tudo parecia diferente: o ar parecia mais difícil de respirar, as paredes pareciam mais cinzentas e o frio parecia ainda mais evidente.
Tyler havia tentado dormir, isso ninguém podia negar. As olheiras tomavam conta do rosto pálido e triste do garoto e, pela primeira vez desde que conhecera Josh, ele se sentia quebrado.
Seu coração parecia jogar-se violentamente contra suas costelas e seus músculos recusavam-se a realizar qualquer movimento. Iniciava-se ali, naquele quarto escuro de paredes monocromáticas, mais um ataque de pânico.
Tyler odiava seus ataques; não importa quanto deles já tivera, sempre parecia ser o primeiro. Ele odiava as primeiras vezes.
Vozes ecoavam pelo quarto como se fossem pássaros voando desesperadamente; Tyler sentia seu corpo ser cortado, arranhado e perfurado pelas palavras agressivas que sua mente insistia em fazê-lo ouvir.
Ele não sabia como havia começado a pensar em coisas tão horríveis, logo quando tudo parecia tão bem em sua vida. Estava claro para Tyler que nunca estaria livre daquele que o torturava, não importa o quanto tentasse.
Tyler encontrava-se encolhido no canto da cama tremendo e segurando a cabeça com as mãos; o garoto sentiu o ar de seus pulmões se esgotar e era como se seu rosto fosse arranhado pelas garras de um leão.
Sua visão focou no ventilador em seu teto; seria tão fácil acabar com tudo isso. Ele olhava fixamente para as hélices inertes do ventilador e pôde ver nitidamente seu pescoço sendo cortado violentamente por elas; a parede, antes branca, tornou-se vermelha.
"Você gosta do que vê, Tyler? Não adianta mentir... eu sei que gosta, pois é isso que você faria se não fosse tão medroso." Uma voz grossa ecoou em meio aos sussurros perturbadores que cercavam-no.
Tyler sentiu seu corpo ser jogado violentamente contra a parede. Ele não sabia se aquilo estava realmente acontecendo ou se era mais um pesadelo. Ultimamente havia se tornado difícil para Tyler diferenciar a vida real de um sonho ruim.
"Joseph, já está na hora de você ouvir algumas verdades daquelas que você tenta evitar. Alguém precisa te dizer isso e esse alguém será eu."
Tyler tentava ignorar as palavras que ouvia mas sentia curiosidade suficiente para prestar atenção à elas.
"Ele só quer seu mal, Tyler. O garoto de cabelo rosa com a mente cheia de galáxias, ele vai te trair. Você não é especial para ele, você não é nada para ele. Eu estou falando a verdade."
O garoto tentava negar, mas mesmo assim continuava cedendo ao discurso que a voz fazia.
"Você confiará nele e ele vai te trair. As pessoas são assim, Tyler, elas te traem. Eu aposto que ele tem vários amigos e que conta à eles sobre o garoto com problemas e faz piadas. Ele ri de você, Tyler. Eles riem de você."
O "tique-taque" do relógio no criado mudo ao lado da cama pareceu cada vez mais alto.
Enquanto ouvia aquelas palavras torturantes, Tyler via sangue escorrer pelas paredes e manchar o carpete.
"Ele vai te abandonar, Joseph. Ninguém nunca vai querer ficar perto de você. Você é nojento, ridículo. Seu sangue é sujo. Você e nem ninguém pode mudar isso. Tyler Joseph é defeituoso e Joshua Dun é um traidor."
O som do "clique" de um isqueiro ecoava na mente de Tyler e ele quase podia sentir o cheiro de fumaça.
"Você não pode mudar. Ninguém pode drenar seu sangue sujo e te tornar puro. Ninguém, Joseph. Você está sozinho agora e você continuará sozinho até que se transforme em cinzas. Essa é a verdade."
Tyler sentiu seu corpo relaxar repentinamente; seus olhos fecharam, as vozes se calaram e o relógio silenciou. Não havia mais sangue nas paredes e o carpete estava tão limpo quanto o céu numa manhã de verão.
Ele aceitou a verdade e pela primeira vez não questionou o que lhe fora dito.
O quarto estava tão silencioso e escuro quanto as profundezas do oceano. Não havia mais piano e nem estrelas no céu.
Tyler sentiu que estava sozinho no universo; sentiu ser a única forma de vida em meio à todas as galáxias, planetas, estrelas e por mais surreal que pareça, ele estava bem com isso.
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toxic; tøp
FanfictionTyler estava cansado de ser torturado pela sombra de olhos vermelhos;