Escuro

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Já havíamos tirado todas as fotos e estava começando a anoitecer. A pista de dança havia sido liberada há pouco, o salto e o vestido estavam começando a me incomodar, então avisei Fernando e resolvi ir até o quarto me trocar. Entrei sem dar muita atenção ao redor e alguém puxou meu braço e me encostou na parede.

Isabela: Até que enfim você veio aqui.

Ana: Isabela? O que faz aqui?

Isabela: Vim acertar minhas contas com você.

Ana: E por um acaso comprei algo com você pra estar te devendo?

Isabela: Ah, e ainda faz gracinha?

Ana: Não vejo motivos pra não fazer. Poderia soltar meu braço? –Forcei meu braço em sua mão, soltando-o.

Isabela: Você vai pagar caro por tudo o que me fez.

Ana: Isabela, eu não fiz absolutamente nada. Apenas fiquei ao lado do Fernando quando ele descobriu as suas mentiras, as suas trapalhadas.

Isabela: E você se aproveitou da situação para dar encima dele.

Ana: Muito pelo contrário. Aliás, quando ele me procurou eu tentei me afastar, mas...

Isabela: Mas o que? –Ela me interrompeu- Seu lado oferecido falou mais alto, e resolveu dar encima dele?

Minha mão foi na direção do rosto dela como um raio. Só percebi o que tinha feito quando ouvi o estalo do tapa em seu rosto.

Ana: Eu não sou oportunista igual a você, Isabela! E você não acha que está muito tarde pra vir falar alguma coisa? Caso não saiba, naquele jardim está acontecendo minha festa de casamento com o Fernando.

Isabela: Sim eu sei muito bem, e por isso estou aqui. Pra te deixar avisada que não vou te deixar em paz.

Ana: Muito bem, já avisou? Então pode sair do meu quarto.

Abri a porta e sinalizei para que ela saísse. Ela me olhou de cima a baixo, e a encarei.

Isabela: Não pense que está se livrando de mim, vou te causar muito mais dor do que imagina.

Dito isso ela saiu. Fechei a porta na profunda esperança de que ela realmente tinha ido embora. Me sentei na beirada da cama e foi inevitável pensar no que ela havia dito. Se a Isabela foi capaz de fingir uma gravidez por tanto tempo apenas por dinheiro e se juntar com Diego pra me fazer mal, não duvido que faça algo contra mim, e até mesmo com as crianças novamente.

Pouco tempo depois Fernando veio à minha procura.

Fernando: Ana? –ele bateu na porta, e logo abriu.

Ana: Oi –Respondi logo assim que ele entrou.

Fernando: Aconteceu alguma coisa?

Ana: A Isabela esteve aqui.

Fernando: Isabela? O que ela queria? –Ele perguntou enquanto se abaixava em frente a mim.

Ana: Como eu te falei, subi para trocar de roupa e quando estava entrando ela me puxou e me colocou contra a parede. Disse que eu vou pagar pelo que fiz e que ela vai me fazer sofrer mais do que imagino.

Fernando: E você está com medo dela?

Ana: Não medo, mas estou apreensiva. Dela que foi capaz de fingir uma gravidez por tanto tempo por dinheiro, eu não duvido nada.

Fernando: Mas mesmo que ela faça alguma coisa, eu estou aqui com vocês –Ele colocou uma das mãos sobre minha barriga- ­E vai ficar tudo bem.

Ana: Eu sei disso. ­–Coloquei minha mão sobre a dele, e com a outra acariciei seu rosto.

Fernando: Já devem estar sentindo nossa falta lá embaixo.

Ana: Tem certeza? Quando sai estava todo mundo na pista de dança, e olha que não tinha sido liberada a muito tempo.

Fernando: Não, não tenho. –Rimos- Mas espero que sim.

Ana: Vou trocar de roupa.

Fernando: Eu te espero.

Ana: Tudo bem.

Me levantei, fui direto ao closet, peguei um vestido mais solto até o joelho e uma sapatilha. Enquanto estava me trocando pude ouvir alguém conversando com Fernando e logo ele entrou onde eu estava.

Fernando: Já terminou?

Ana: Não... Aliás, ia te pedir ajuda com esse zíper. Fecha pra mim?

Fernando: Fecho. –Me virei de costas pra ele, deixando o zíper a mostra.

Ana: Tinha alguém com você no quarto?

Fernando: Sim, vou ter que descer. –Disse enquanto terminava o zíper-. Parece que os gêmeos aprontaram.

Ana: O que eles fizeram?

Fernando: Não sei, parece que foi algo na pista de dança.

Ana: É melhor você ir lá ver. Tenho que soltar o cabelo, vai demorar mais ainda.

Fernando: Tudo bem, mas não demora.

Ele uniu nossos lábios em um beijo calmo, e enquanto ia saindo parou na porta e virou-se pra mim.

Fernando: Não se esqueça que te amo.

Ana: Eu também te amo.

Mandei um beijo no ar, e ele saiu. Comecei a tirar alguns grampos do cabelo como o pessoal da maquiagem tinha indicado para um segundo penteado, e finalmente sai do quarto. Quando passei em frente ao quarto de Yasmin encontrei ela saindo do mesmo.

Ana: O que faz aqui em cima?

Yasmin: Vim pegar uma corda para o violão. E você, demorou tanto tempo assim pra trocar de roupa? –Ela disse enquanto começava a me acompanhar.

Ana: Tive um encontro desagradável, mas já foi.

Yasmin: Como assim desagradável? Quem era?

Ana: Isabela, acredita?

Yasmin: Ela teve coragem de vir até aqui?

Ana: Sim, e ainda me ameaçou dizendo que vai me fazer sofrer.

Yasmin: Cão que late não morde, fique tranquila.

Ana: Eu sei.

Yasmin: Caramba! –Ela disse parando bruscamente perto da escada.

Ana: O que foi?

Yasmin: Minha palheta ficou no quarto, junto com meu celular.

Ana: Vai lá pegar, te espero aqui.

Meu celular apitou com uma mensagem de Fanny, e resolvi abrir. De repente ouvi uma voz gritar meu nome e senti uma pressão contra minhas costas, me empurrando. Daí em diante tudo ficou escuro. 

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora