Um Grande Amor

Capítulo 9

VITOR 

- PORQUE? PORQUE VOCÊ SUMIU? – aumentei meu tom de voz no máximo, meus nervos estavam a flor da pele – VOCÊ SIMPLESMENTE FOI EMBORA COM UM FILHO MEU AI DENTRO, SIMPLESMENTE PERDI QUASE TRÊS ANOS DA VIDA DO MENINO

- Porque? Você quer saber mesmo porque? - Ela deu uma risada sarcástica

- Quero, quero entender que merda você tinha na cabeça de sumir assim

- A grande merda de ter me apaixonado por você – Ela falou alto, e aquela frase acabou com o que eu chamava de coração, porque agora ele estava completamente destruído, eu não respondi e deixei ela continuar porque eu precisava ouvir tudo

- Você lembra do dia em que você queria de qualquer jeito ir na festa do João Paulo? – acenei que sim com a cabeça – Pois então, você me prometeu que não iria, e então eu recebi uma mensagem com sua foto naquela maldita festa – suas lágrimas escorriam – Me troquei, e fui até aquele lugar e foi lá que meu coração nunca mais foi o mesmo, eu vi Victor, ninguém precisou me falar – ela parou respirou e secou as lágrimas com as mãos – você estava aos beijos com a Georgia, eu não sabia que estava grávida, fui descobrir depois

- E porque não entrou em contato comigo? Eu tinha o direito de saber pelo menos que eu tinha um filho

- Eu tentei, e todas as vezes que eu liguei uma mulher atendia, e dizia que iria deixar recado e que você iria retornar, e você nunca retornou

- Eu nunca soube dessas suas ligações, quem te atendia? – Como assim? Ela me ligou, e eu nunca soube disso

- Luisa, acho que é esse o nome

- E porque você não ligou para os meus pais? Porque não pediu para sua mãe contar pra mim ?

- Porque eu perdi a coragem, se você que é pai não tinha interesse eu não iria insistir nisso, e eu desisti e segui minha vida

- Você tem noção de quantas vezes acordei na madrugada pensando em você? Pensando porque do seu sumiço?

- Meu sumiço foi por sua traição, eu nunca poderia imaginar que você me trairia de uma forma tão baixa, primeiro mentindo que iria naquela maldita festa, e depois ficando com outra garota

- Foi uma armação

- Muito bem armada por sinal, porque pelos beijos que você estava dando nela não parecia nada armado

- Eles me doparam, colocaram alguma coisa na minha bebida e eu fiquei muito louco, eu não me lembro de nada. Eu só sei que é uma armação porque depois que você foi embora, na verdade eu não me lembro nem de você ter ido lá. Quem me contou foi o Felipe, ele me disse que chegou logo após de você e viu tudo, eu tava louco, muito louco

- Eu ainda fiquei aqui uma semana depois do ocorrido, porque você não foi me procurar?

- Porque aonde eu trabalhava me mandaram para Minas durante uma semana, e eu não consegui mais contato com você, você não me atendeu mais

- Eu te amava Victor, te amava de uma forma que nem eu saberia explicar e o que aconteceu, eu sofri demais, você não sabe o quanto 

- Você pensa que só você sofreu? Eu sofri aqui, eu dei trabalho, eu passava noites em claro pensando em você, e foi aonde eu conheci a droga, eu conheci ela porque ela me fazia te esquecer por um momento, conheci a maconha, e agora a cocaína, bebidas, festas

- Não estou dizendo que só eu sofri, mas eu não estava nem aí para seu sofrimento, porque na minha cabeça você tinha me traído e tinha mais que sofrer, e eu sinto muito agora por você ter se sujeitado a entrar nesse mundo sujo das drogas

- Eu não tenho forças para sair

- Você entrou pra me esquecer, agora você vai sair para conquistar o seu filho, porque você nessa vida aí, sinto muito você não chega nem perto dele

- Você não pode fazer isso – A olhei e ela estava séria demais, o que deu a entender que ela estava falando mais sério do que eu pensava

- Posso, e vou.

Minhas lágrimas caíram, e eu tive medo. Medo de não conseguir sair dessa vida, medo de perder meu filho que nem havia ganhado ainda. A postura dela, continuava a mesma, ela se virou e ficou olhando para a cachoeira eu via seus ombros balançarem anunciando que ela estava chorando

- Sophia

- Fala

- Eu vou parar com as drogas, pelo nosso filho, pelo Henri Lucca

- Uma vacilada, somente uma e eu sumo novamente e dessa vez para nunca mais voltar

- Não é assim Sophia, não vai ser fácil, já é um vicio pra mim, recair é normal

- Não pra mim, eu espero que tenha entendido, agora vamos embora porque já conversamos tudo o que tinha que ser conversado

Ela saiu e foi em direção do carro, fui logo atrás caminhando em passos lentos, ela ficou parada em frente a porta para que eu pudesse abri-la para ela, fui até ela e a virei para mim, e encostei ela no carro com meu corpo

- Para, antes de fazer o que está pensando é melhor você parar

Eu fingi não ouvir o que ela dizia, e a abracei, um abraço forte tentando matar toda a saudade que eu tinha dela, toda a vontade que eu tinha dela. Segurei seu rosto, e fui aproximando minha boca da dela lentamente, vi uma lágrima descer

- Por favor, não abre mais a ferida

Eu não respondi, e me afastei dela, dei a volta no carro e entrei. Eu queria sim beijar ela e matar a saudade, mas a frase dita me travou, e não eu não queria mesmo abrir mais essa ferida nela, por mais que eu tenha dito que foi uma armação, depois de três anos, as coisas não são mais as mesmas, a ferida abriu, e para cicatrizar vai demorar um pouco, e eu preciso mostrar que vou ser um homem de agora em diante.

- Vamos embora, por favor?

Sua voz saiu embargada, e dei partida no varro e dirigi em silêncio até a casa dela, ao parar na frente da sua casa, ela olhou pra mim

- Comece se livrando dos seus vícios, te dou uma semana para estar limpo e depois você começa a se aproximar do Henri

Tentei protestar e tentar ver ele, mas meunervosismo era maior e preferi ir embora.