Capítulo 33

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VITOR

A clínica me liberou mais cedo, eles constataram que eu já estava apto a voltar para minha casa, para meus afazeres e afins. Fui pro meu apartamento e arrumei algumas coisas por lá. Liguei pro Felipe e combinamos de tomar um café no Starbucks, saí de casa e fui até o local, sentei e fiquei esperando o Felipe que raramente chega no horário. Fiquei mexendo no celular e ouvi alguém chamar meu nome, virei e era a Luiza

- Oi Luiza

- Oi, tudo bem?

- Bem e você? Senta – Apontei para a cadeira na minha frente

- Estou ótima, quanto tempo – Ela sorriu

- Pois é

- Fiquei sabendo onde você esteve, espero que esteja tudo bem agora

- Está, estou muito bem, aliás saí hoje de lá

- Parabéns, e a Sophia?

- Deve estar bem, ainda não a vi

- Preciso te contar, depois daquele dia na sua casa eu passei a enxergar melhor as coisas da minha vida, encontrei um rapaz no meu trabalho, estamos juntos e vamos noivar

- Nossa Luiza, parabéns desejo que você seja muito feliz

- Obrigada, agradeça a Sophia por mim

- Pode deixar

Ficamos batendo papo alguns minutos, e ela precisou ir embora pois disse que iria trabalhar. O Felipe chegou e pedimos nossos cafés, conversamos sobre várias coisas, ele me atualizou sobre os acontecimentos dos últimos meses, e por fim fomos juntos embora, ele me deixou na casa dos meus pais

Entrei na casa e fui direto para o fundo da casa, deitei na rede e fiquei ali pensando na Sophia, na imensa saudade que estou dela e do Henri. Eu ia mais cedo a casa dela, mas meu pai falou que ela tem trabalhado muito. Depois de um tempo lá deitado, resolvi entrar pra arrumar umas coisas minhas que estavam lá e levar pro apartamento

- A Sophia acabou de me ligar – Flávia comentou

- E ela tá bem? – Minha mãe perguntou

- Não sei, ela recebeu uma proposta de abrir um novo estúdio lá em Miami, eu estava certa que ela não iria mas ela aceitou a proposta

- Ela vai embora? – Minha mãe disse

- Vai, minha preocupação é o Henri, ele já se acostumou com a figura paterna

- E a minha preocupação é o Vitor, como ele vai lidar com isso

Entrei e passei por elas, minha decepção era grande. Tudo bem que eu a magoei, eu terminei com ela para eu terminar meu tratamento, deixei feridas nela sim, mas minha intenção sempre foi concertar isso. Fui até o quarto e voltei, e a Flávia estava segurando um copo nas mãos

- Flávia

- Oi Vitor – Ela respondeu

- Quando ela vai?

- Você ouviu?

- Infelizmente sim, ou felizmente, não sei – Sorri nervoso

- Eu realmente sinto muito – Ela parou e respirou fundo – No final da semana

- Obrigado

Saí de lá e fui pro meu apartamento, entrei em casa e deitei na minha cama. O que eu vou fazer pra tentar convencer ela ficar. No final da tarde, peguei a moto do Felipe e fui até a casa dela, toquei a campainha e logo ela apareceu com um short curto, os cabelos presos em um coque

- Oi – Ela disse um pouco séria

- Oi, tudo bem?

- Tudo, e você?

- Estou bem, o Henri está acordado ainda?

- Tá sim, entra

Entrei e acompanhei-a até dentro da casa dela. Entramos e assim que o Henri me viu levantou e pulou no meu colo. Abracei ele, enchi o rosto dele de beijos e nos sentamos na cama

- Papai, nós vamos viajar

- Pra onde? – Me fingi de desentendido

- Eu não sei, a mamãe que sabe né mamãe? – Henri falou

- Sim, vamos para Miami

- Vai passear? – Perguntei

- Não Vitor, vamos ficar por lá, pelo menos por enquanto

- E como eu fico? Fico sem ver o meu filho?

- Vamos entrar em contato através do Skype, e sempre que quiser pode ligar e também poderá ir até lá

- Você pensa que é fácil né? Simplesmente você decide ir embora, vai tirar mais uma vez meu filho de mim

- Eu não iria mas recebi a proposta e vou, vou para dar uma estabilidade financeira para mim, e para ele

- Você só tá pensando em você, na sua estabilidade. Não está pensando na saudade que vamos ter um do outro – Falei irritado

- Eu estou pensando em mim também, chega Felipe, chega de ficar aqui mendigando amor, ficar aqui esperando por uma pessoa que simplesmente terminou comigo, porque achou que eu não merecia – Ela jogou a blusinha que ela segurava no sofá – Ficar aqui com a esperança de que agora algo talvez mudasse e encontrar a pessoa que ama dentro do Starbucks com outra mulher e nem sequer avisou que já havia chegado que já havia saído da clínica – Sua voz estava embargada, e os olhos cheios de lágrimas

- Eu terminei com você porque você realmente não merecia namorar um drogado, um cara que poderia sair de lá e não ter mais jeito. Mas eu tive, eu saí daquela vida. – Segurei em sua mão, e o Henri estava no quarto – Eu estava no Starbucks sim, encontrei a Luiza lá e ela sentou por cinco minutos na minha mesa para dizer que eu te agradecesse porque depois que você falou aquelas coisas pra ela, ela mudou e está até noiva, eu estava lá esperando o Felipe, porque eu liguei na casa da sua mãe e ela disse que você estava trabalhando demais e eu não quis atrapalhar

- Mensagem, WhatsApp, Facebook, Ligação – Ela bufou – Teria inúmeras maneiras de somente avisar que você chegou, mas não você não fez isso Vitor

- Não vai embora, fica – Pedi

- Eu vou, não vou mais adiar meus planos para te esperar Vitor, se você me ama você não vai me impedir de crescer, se é amor que você sente por mim você vai somar comigo, e não subtrair

O Henri veio com inúmeros brinquedos para a sala, e aquela conversa foi encerrada. Brinquei bastante com ele, até que o sono venceu e ele dormiu com a cabeça na minha perna, assim que ele dormiu, me despedi da Sophia e fui embora. As palavras dela ecoavam na minha mente, e uma ideia me surgiu.

O final de semana chegou, peguei o horário do voo com a Flávia e decidi ir até o aeroporto, assim que chegar lá vou fazer uma bela de uma surpresa. Coloquei uma calça jeans, uma camiseta branca. Peguei o carro do meu pai emprestado e fui até o aeroporto. O transito estava caótico, tudo pra "ajudar". Meu nervosismo aumentava a cada instante, se o volante fosse de vidro já tinha quebrado, de tanto que estou apertando ele nesse momento.

- Vamos, vamos meu povo – Soquei o volante

Olhei o relógio, e a hora do embarque estava próxima, e aquilo estava me irritando. Por fim, o transito começou a se movimentar, mas não tão rápido quanto eu gostaria. Cheguei no aeroporto, procurei ela por todos os lados, fui até um segurança e perguntei sobre o voo

- Já embarcaram senhor

Senti uma tristeza tão grande, não deu tempo. Cheguei tarde demais, minha boca ficou seca e as lágrimas vieram, eu não acredito que eu cheguei atrasado, fui até o carro, entrei e encostei a cabeça no volante. Eu perdi, eu perdi a mulher da minha vida.

Um Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora