Capítulo 11

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VICTOR

Cheguei no meu apartamento e aproveitei toda a coragem que estava dentro de mim, fui até o meu quarto e peguei meus cigarros, peguei toda droga que estava guardada dentro do meu guarda roupa, fiz uma bela de uma limpeza. Coloquei tudo em um saco de lixo e desci até a lixeira, coloquei lá e subi novamente. Meu telefone começou a tocar e ao pegar vi que era o Felipe

- Fala mano – disse ao atender

- E ai, você sumiu hoje

- Fui conversar com a Sophia

- Pera, to indo ai

Ele desligou o telefone, coloquei o celular em cima da cama dando risada da curiosidade do meu melhor amigo, ouvi a porta abrir e fui até a sala, sentei no sofá e estiquei o pé na mesa de centro

- Pode começar

Dei risada e comecei contar pra ele tudo, inclusive do meu filho.

- Ta loco, que doidera mano

- Pois é, agora tenho mais uma fera a enfrentar

- Luiza, mas acredito que a fera seja você né mano, porque se é comigo acho que eu fazia ela engolir a própria língua

Dei risada e ficamos jogando conversa fora, ouvi um barulho na porta e deduzi que fosse a Luiza, que tem uma chave reserva, ela entrou e o Felipe se despediu e foi embora

- Nossa mô, você não falou comigo hoje o dia todo, o que houve? – Ela se aproximou, e ao esticar o braço para me abraçar eu segurei

- Precisamos conversar

- Nossa pela tua cara, devo ter feito algo muito sério

- E fez, senta

Ela se sentou e eu respirei fundo. Pedi força para Deus, mas força para me segurar para não socar ela ali mesmo. A raiva que eu sentia era tanta que eu não queria falar, só queria fazer ela engolir a língua como diz meu amigo.

- Você sabia que a Ana Sophia está na cidade?

Seu olhar de curiosidade mudou para preocupação e desespero

- Sabia, mas o que ela tem haver com essa conversa? – Ela fechou a cara e tentou disfarçar

- Ela? Tem tudo haver com nossa conversa. – Sentei na mesa de centro de frente pra ela – Você sabia que ela tem um filho?

- Filho? Dessa não sabia, talvez ela não seja tão santa como você imaginava

- Mas você é sinica mesmo hein Luiza? – Minha voz saiu carregada de raiva

- Sinica? Porque? – Se fez de desentendida

- Porque a Ana Sophia, a Sophi, a garota que você sabia que eu amava. Aquela que você jurou que ia fazer eu esquecer ela por ter ido embora sem nem avisar, tem um filho e esse filho é meu – respirei fundo, e me aproximei mais dela – E detalhe, ela tentou me avisar e você não me passou o recado

- Eu ... Mas .. Não ... – Ela engasgou, estava aflita e totalmente sem palavras

- Desembucha Luíza, o que você tem a me dizer sobre isso?

- Eu pensava que era trote

- NÃO MENTE, CHEGA DE MENTIRA, DA PRA SER VERDADEIRA UMA VEZ NA VIDA? – Não consegui controlar, e gritei sem me importar com os vizinhos

- Tá, eu escondi sim, eu fiquei com medo de te perder

Suas lágrimas começaram a rolar, e eu não tinha um pingo de dó, ela tentou se argumentar, pediu perdão e por fim eu decidi perdoar, até porque ficar com raiva não ia me levar a nada

- Você sabe, que agora não há mais confiança, e sem confiança não tem relacionamento, acabou Luiza agora pra sempre

- Não Victor, me dá uma chance eu posso ser uma boa mãe pro seu filho

- Ele não precisa de uma mãe, ele já tem uma agora ele só precisa de um pai, e eu vou ser esse pai. Só que infelizmente não posso mais confiar em você

Sentei com ela no sofá, expliquei minhas decisões de parar com todo tipo de droga, e pra não deixar ela tão abalada pedi um tempo, disse que iria pensar se talvez pudesse haver algum tipo de reconciliação, mesmo sabendo que era impossível. Ela foi embora, terminei de limpar toda a minha casa, coisa que nunca fiz, quem fazia era minha mãe. Após o banho, sentei na minha cama e a única pessoa que invadiu minha mente foi a Sophi, filha da mãe. Ela e aqueles olhos, aquele cheiro, aquele beijo, aquela voz, aquele toque. Abri minha gaveta e peguei uma corrente que ela havia me dado, corrente que eu havia guardado e prometido nunca mais sequer chegar perto. Coloquei no pescoço e deitei na cama, até que o cansaço me venceu.

UMA SEMANA SE PASSOU

Uma semana, uma semana que estou limpo, uma semana sem nada de drogas pelo corpo, não vou dizer que foi fácil, foi extremamente difícil. As vezes que estava a ponto de surtar, peguei a foto do meu bebê e aquele sorriso iluminou meus caminhos, Felipe também me ajudou muito e meus pais então nem se fala. Entrei em contato com a Sophia, e marcamos de ela ir na casa dos meus pais. Cheguei lá mais cedo do que o combinado, e minha mãe já estava com uma mesa farta e toda nervosa, sentei no sofá. Após alguns minutos de espera, a campainha tocou, meu coração gelou, minha boca secou e pela primeira vez na vida tive medo de uma criança.

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Espero que gostem ;) 

Um Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora