Prólogo - Mansão em Ruínas

385 24 15
                                    

<Imagem: Chettle House ~ English baroque manor house built in 1710 in Dorset England>

22 de Dezembro de 1999. Fakenhall, Inglaterra.

As nuvens escondiam a lua cheia como se por um segundo tudo fosse trevas. A chuva molhava os arredores da mansão, deixando a grama escorregadia e as árvores agitadas. A noite já dava sinais de que não seria boa.

– Hora de dormir, meninas. – Amália se aproximou das camas das filhas com passos leves e um sorriso trêmulo no rosto.

Ela pediu gentilmente para que as mais velhas dormissem com as mais novas com o pretexto de que elas não conseguirem adormecer com os relâmpagos, o que não é uma total verdade. Os relâmpagos são os menores dos problemas esta noite, pensou ela, suspirando.

Casadh e Aurora estavam olhando para fora pela janela, observando o pai correr pelas sombras no gramado, lançando feitiços e gritando algo para a chuva. Ele dançava de acordo com uma música inexistente, o brilho que emanava de seus dedos era magia pura, dourada como ouro diante do sol, poderosa como os raios ultravioletas e tanto quanto mortífera caso quisesse.

– O que ele está fazendo? – Aurora, de seis anos, estava de joelhos no parapeito olhando para baixo, intrigada.

As filhas de Amália eram demasiadamente belas. Cabelos negros, olhos entre mel claro e castanho escuro. Aurora possuía olhos castanhos claro grandes e curiosos. O cabelo ondulado curto nem chegava aos ombros. Aos sete anos, Casadh já estava mostrando sinais da beleza real, olhos mel, bochechas definidas com leves covinhas quando sorria e cabelos longos que já chegavam à cintura, bem cacheados. Kirsten, de 10 anos, tinha os olhos da mãe, castanhos escuro e o sorriso com lábios cheios, embora o resto fosse tudo do pai, cabelos lisos, maxilar definido, covas nas bochechas, cílios longos e grossos e a pele levemente mais escura. A primogênita, Kâm-ren, ou apenas Ren, como gostava de ser chamada, herdeira do trono Mansht, era morena como toda sua família, pele cor de bronze, olhos dourado como mel ao sol, o rosto mais fino, porém covinhas bem marcadas. O cabelo no meio das costas era ondulado. Para uma moça de 14 anos já tinha o corpo bem desenvolvido, não era como suas irmãs ou mãe, magra e esguia. Ela tinha tendência a ter um corpo mais curvilíneo como suas antepassadas por parte de pai.

– Ele foi fechar os portões, querida. Deite-se, está ficando tarde. – Amália apagou a luz central enquanto se aproximava das camas arrumadas uma ao lado da outra no quarto enorme. A única fonte de luz que iluminava o ambiente vinha dos abajures.

Ren estava deitada na cama lendo um livro escrito por humanos e ao lado dela, dividindo a cama estava Kirsten, lendo um livro de casa, mas Amália sabia que as duas estavam conversando em tonalidade tão baixa que pareciam chiados. Com um olhar de alerta, as duas pararam o que estavam fazendo para se cobrir relutantemente.

Amália bateu o pé no chão, colocando o olhar nas meninas na janela. As duas pularam no chão e correram para a cama. A mãe ajudou a cobri-las passando a mão nos rostinhos travessos.

– Mãe. Acho que eu já sei o meu talento. – disse Casadh sorrindo.

Amália concordou e esperou. Casadh tentou fazer algo, mas obviamente falhou, pois nada aconteceu. Com um beijo na testa, ela a consolou.

Um clarão iluminou o quarto e em seguida o barulho que fez as janelas altas tremerem. Amália correu para fechar as cortinas e olhou para o marido, ele estava entre os arbustos, ensopado e irado. Outro clarão, desta vez Amália viu o raio caindo no campo diante de sua mansão, o barulho desta vez foi mais alto fazendo todos os seus ossos tremerem. Se voltando para as meninas, ela se despediu:

– Boa noite, meninas. – Amália foi até a cama de Casadh e Aurora, para beijá-las. – Vamos conseguir passar dessa noite.

As meninas se abraçaram e choramingaram.

Livro um - O Reinado De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora