Livro um - O Reinado De Julieta

Capítulo XVII - Frágil e Inquebrável

Nutrix desembarcou na fria Inglaterra depois de passar uma semana com os Alados da Alemanha. Ao chegar ao saguão, viu todos esperando, gritando seu nome como se ele fosse algum astro famoso. Eles eram assim: escandalosos.

James nem o deixou falar, puxou o amigo para um abraço e, sem saber, acabou dando tapas na nova tatuagem de Nutrix. Uma surpresa para Julieta, um coração com asas de morcego. Ele se desvencilhou e a procurou, mas era evidente que ela não estava ali.

Seu coração palpitou.

-Onde ela ta? – Nutrix largou as malas no chão e apalpou os bolsos atrás do celular.

-Hein. – Patty pegou o celular da mão dele antes que ele discasse os números. – Calma, esquentadinho. Ela ta bem. Teve alta essa manhã.

A mente de Nutrix se embaralhou em informações.

-Alta? – Nutrix não conseguia respirar ao saber que tinha a ver com hospital.

Todos olhavam para ele com um misto de tristeza e incredulidade.

-Ela caiu da moto, cara. – James tentava acalmá-lo de seu próprio jeito – Ela tava toda arrebentada, mas agora não ta mais.

O rosto de Nutrix ficou vermelho, a garganta fechou e se não fosse pelo braço de James em volta de seu pescoço e a mão de Patty em seu pulso já teria perdido totalmente a cabeça.

-Ela não te avisou. – Sophie escancarou a boca ao perceber.

Nutrix negou, sem perceber que não foi exatamente uma pergunta. Ele só se questionava porque ela não o avisou.

-Podemos ir agora? Este lugar está me deixando claustrofóbico. – Scott arrumou a jaqueta e enfiou as mãos nos bolsos enquanto olhava para as paredes.

Assim que entraram no carro, James acendeu um cigarro ilegal e passou para os outros. Estavam todos espremidos no calhambeque de Malica, uma das amigas de Sophie.

-Ela está bem? – Nutrix massageou as têmporas e recusou o baseado quando chegara a sua vez, preocupado demais para fazer qualquer coisa.

-Está recusando? – James o olhou com espanto – Quem és tu, alemão?

-Por favor, Jay. Agora não estou para brincadeiras.

Sophie notou o clima tristonho no carro então ligou o rádio e começou a arrumar os dreads, mas olhando para Nutrix sempre que podia. Estava preocupada com ele, com o que ele poderia fazer, o que aconteceu com ele.

-Ela tá bem. – Scott, que estava dirigindo, olhou para ele pelo retrovisor.

-Sim. Está. Só está meio... Sedada. – Patty deu inicio a uma explosão de risadas.

-"Puderiia mee dáa uum pouc uu de uisquii, Jaay" – James imitou a amiga a falar com um sotaque estranho e boca torta.

-Não tem graça, ela babou o meu ombro todo. – Sophie estava rindo apesar de reclamar.

Nutrix ficou aliviado em vê-los brincar. Isso era sinal que Julieta estava, apesar de tudo, bem. Pois se estivesse mal, eles nem iriam ter buscado Nutrix, ficavam ao lado dela sempre.

-A mãe dela está na casa com ela? – Nutrix abraçou as malas no colo e escondeu o rosto.

-Claro. Mas se formos todos lá, poderíamos distrair as feras enquanto você brinca com a coelhinha. – James deu uma cotovelada em Nutrix e insinuou sexo com a pélvis se movimentando.

Nutrix não conseguiu controlar, riu da insinuação. Era assustador de como James, acima de todos os outros humanos que Nutrix conhecia, podia deduzir os desejos e pensamentos de Nutrix e Julieta tão bem. Ele sabia exatamente como lidar com o humor explosivo de Nutrix, a ambigüidade e a insensatez. Como ouvia atentamente e argumentava com Julieta.