Capítulo I - Canivete

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< Imagem: Attractive Oxford http://www.travelandtransitions.com/european-travel/>

*<Se encontrarem erros podem avisar, ainda em revisão>*

O carro tem cheiro de cigarro, maconha, bebida alcoólica e sexo. Nada que os pais tradicionais aprovam. Pais conservadores que não deixam a filha namorar um tatuador fumante, o que não é o caso dos meus: Pais adotivos liberais.

– Venho te pegar que horas? – Nathan coloca a mão no meio das minhas pernas.

– Não precisa. – coloco a minha mão sobre a dele, mas não o afasto – Me encontre no castelo às 10.

Faço com que, acidentalmente, ele passe a mão para dentro da minha saia quando me inclino para beijá-lo. Nathan visivelmente se empolga, rapidamente o contenho e paro com os beijos com relutância. Passo os dedos pelo cabelo castanho escuro dele para arrumar a pequena franja para frente. O quase preto do cabelo contrasta com os olhos azuis claro e a pele branca que parece porcelana. Dou um último estalo em seus lábios e me preparo para sair.

Entrego o cigarro a ele e abro a porta do carro, entretanto, ele me detém com um aperto no pulso. Olho por sobre o ombro e noto os olhos brilharem a luz da lua. Estava demorando em começar o drama.

– O que foi? – viro-me novamente.

– Não estou com um bom pressentimento sobre essa noite. – ele suspira e puxa a fumaça do cigarro.

– Vai ser rápido. Prometo. – pronuncio fazendo ele me soltar para que eu pudesse sair.

Minhas botas plataforma tocam o cimento da calçada produzindo um baque familiar, o vento úmido e frio me atinge no rosto e joga meu cabelo para trás. Arrumo a saia vinil, o decote da camisa, o corselete, as meias arrastão e pressiono os lábios um contra o outro para espalhar melhor o batom. A aparência não é tão rebelde quanto parece, sempre usei cores escuras e coladas, pois gosto não porque quero afrontar os meus pais ou qualquer outro motivo. Por incrível que pareça, foi meu pai quem me deu meu primeiro espartilho e mamãe que me presenteou com minha primeira minissaia.

Bato a porta do carro, me abaixo para a janela em posição de "vadia de acostamento" para terminar de consolar o namorado terrivelmente preocupado.

–É só um jantar, tá legal? – sorrio para ele, mas ele continua sério – Como o bolo, converso sobre coisas alheias e meto o pé antes que comecem a ficar bêbados e emotivos. Não se preocupe, é a minha família. Lucy pode me dar uma carona até o Castelo.

Ele puxa mais da fumaça e prende enquanto olha para mim. Seu maxilar fica tenso, ele está extremamente ansioso com algo e não quer compartilhar. Não o pressiono, sei como poderia ser para ele se algo me acontecesse então dou a ele o privilégio de guardar seja lá o que ele está guardando com tanto rancor.

Ele solta a fumaça enquanto fala:

–Volta para mim?

Meu corpo esquenta com essas palavras, o tom ameno com que ele pronuncia nossa despedida. De repente a aura obscura dele se esvai e só sobra o namorado preocupado de sempre. As mudanças repentinas de humor dele eram assustadoras no começo do nosso relacionamento, mas com o passar do tempo acabei me acostumando.

–Eu volto por você. – fico ereta enquanto ele liga o carro e tira do ponto morto.

Arrumo novamente a saia preta sobre a meia-calça arrastão e me distancio para ele sair com o carro. Respiro fundo para sentir o cheiro de gasolina do Jeep Cherokee, votado como o quarto pior carro da Grã-Bretanha, na minha opinião é o primeiro da lista, mas é o xodó de Nathan, que o ganhou de um parente de Gales quando veio para a Inglaterra.

Livro um - O Reinado De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora