Capítulo VII - O Pior Namorado do Mundo

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<Imagem: http://allofme--loves--allofyou.tumblr.com/post/153993982299>

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30 de maio de 2010.

Romeo o ajudou como pode a se ajustar com os humanos. Arrumou uma moradia, roupas e até o modo de falar.

– Não fale nem mostre suas asas. Os humanos não estão acostumados. – aconselhou.

Era estranho ficar 24 horas por dia vestido e com as asas absorvidas. Lembrar de tantos detalhes. É por um bem maior, lembrou-se. As botas eram quentes e apertadas. Sentia falta da sensação da grama nos pés. Do ar puro que apenas no Plano Superior tinha. Usar calças justas não era tão legal quanto parecia.

– Seu nome aqui é Nathan Northking. Não podemos arriscar que ela o reconheça. Por isso cortamos seu cabelo e mudamos seu nome. – Romeo estava muito preocupado. Nutrix sentia pena de ver o amigo naquele estado, mas desistiu de tentar falar, apenas assentia com tudo que ele dizia.

Ele queria dizer que era impossível ela saber quem é Nutrix, pois nunca se encontraram antes.

– Nathan Northking? – Nutrix pensou em fazer uma piada.

– Era para ser Nathaniel, mas... – Romeo tossiu e olhou para Nutrix uma última vez – Deixe para lá.

– Tem certeza que não quer ficar comigo? – Nutrix pediu outra vez.

– Absoluta. – Romeo respondeu veemente – Estou doente só de ficar essa semana aqui. E aqui é chato demais. Vou voltar para cuidar de Kaya.

– Pare de ser estraga prazeres. Sei que você vai voltar para seu treino e para os seus livros. – Nutrix pegou o molho de chaves.

– Não faça nada impensado, Rei. – Romeo fez-se parecer severo.

– Não farei. Estou treinando meus sentimentos. Contenho-os. Não está vendo? Neste momento quero te obrigar a ficar.

– Estou orgulhoso.

– Do que isso me ajuda?

– De nada. Mas vai fazer você se sentir bem quando passar a noite em claro.

Nutrix não respondeu, apenas estendeu a mão com o Krisáhlo para o amigo.

Nutrix estacionou o carro de qualquer jeito no meio da calçada, quase atropelando vários adolescentes na frente do Castelo. Ele se desculpava demais, fazendo os outros rirem.

"Julieta passa toda noite naquela espelunca que ironicamente se chama Castelo. Irá encontrá-la lá com certeza." – dissera Romeo algumas horas atrás.

A floresta em volta do edifício dava ao estabelecimento uma aura sombria, o que chamava a atenção dos clientes que se vestiam com roupas escuras e maquiagem pesada.

Nutrix teve uma semana estudando os humanos e chegou à conclusão de que não são tão complexos. Ele foi criado com "pessoas" conservadoras. Seu povo não era conservador, nem um pouco, mas não eram livres. Ele admirava a liberdade dos humanos em suas vidas.

Ele desceu do carro, colocou as mãos nos bolsos e atravessou o gramado em passos largos e decididos, firmes com as botas desconfortáveis. Isso chamou a atenção de algumas meninas que estavam encostadas na parede, elas riram e o olhavam com aqueles olhares provocantes, mas ele nem deu atenção, entrou diretamente no bar.

As luzes negras eram a única iluminação do lugar. Havia muita fumaça, pessoas dançando e uma música barulhenta saindo dos alto-falantes. Nutrix se divertia observando os corpos se mexendo no meio do salão, uma breve saudade de casa. Eles dançavam como se houvesse apenas aquilo, aquele instante. Mais coisas em comum.

Livro um - O Reinado De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora