Capítulo V - A Coroação do Alado

54 8 2
                                    


<Imagem: Xiao Pan - Benjamin Zhang Bin> 

*

21 de Maio de 2010.

Uma nova reunião do Conselho foi convocada. Uma coroação deveria ter acontecido há horas, mas o príncipe não apareceu. Nutrix simplesmente sumiu, os conselheiros deviam tomar as devidas atitudes para manter o equilíbrio. Para haver trégua nas rebeliões deveria haver pelo menos um rei legitimo no trono.

– Joah, querida. Acalme-se. – Kéàth observava a esposa – Ele é só um menino imaturo e inconseqüente, contudo tem um coração nobre.

Loul massageava os ombros de Joah. Ela estava à beira de um surto, as asas vibravam de nervoso e se ele a soltasse ela voltaria a andar de um lado para o outro até fazer um buraco no chão.

– O príncipe magrelo não vai aparecer. Podemos terminar logo com isso? – Thá-anz rosnou impaciente por estar extremamente desconfortável.

Verlôs não andavam no norte, não normalmente. Era calor demais para eles, pacifico demais. Para eles aquilo era perturbador. O habitual era caos, brigas e violência. O frio mortal do sul era a casa deles, qualquer coisa diferente disso era anormal.

– Ele há de aparecer. – Máyin andou até um dos ramos de flores que ornamentavam o salão real. Ele estava calmo, usava roupas que mostrava isso, uma camisa grande de algodão azul e calças brancas.

– Sua fé inabalável me comove, vovô. – Phel riu, estava ao lado de Dargô.

Depois de completar dezesseis anos, Príncipe Nutrix comparecia a algumas reuniões, não que cooperasse com algo, contudo observava e guardava tudo na mente, aprendia o que fazer e o que não fazer quando o seu dia chegasse. Era pontual, mas ao mesmo tempo arrumava muita confusão com suas aventuras pelo reino. Naquele dia em especial, aguardado por anos, ele devia estar ali antes mesmo de todos. Era seu vigésimo primeiro aniversário, estava quase anoitecendo e já havia horas que ele recebeu o chamado da coroa, mas ao invés de cumprir seu dever, ele fugiu. Se não aparecesse, poderia ser catastrófico.

--**--


– O que você está fazendo aqui? – Romeo treinava outra seqüência de movimentos no gramado do castelo. Seu alvo era um velho boneco de madeira há alguns metros dele.

O alado sentou na grama com as pernas dobradas.

– Recebi o chamado da coroa e não entendi muito bem... Kaya não soube me explicar. – Ele estava suado, usava uma túnica branca com um broche prateado. – Eu não entendi. Sabe o que significa?

Romeo parou a seqüência pela metade, algo que não acontecia com freqüência. Foi até Nutrix, arrumou a calça e sentou-se diante dele, para ouvir o amigo aflito.

– E o que era? – o jovem de apenas 18 anos era maior que o futuro rei, mais desenvolvido e forte, resultado do treinamento diário.

– Aquela voz, Romeo. Ela não sai da minha mente. – Nutrix parecia perturbado – Aqueles olhos. Eu me vi neles, Romeo. Vi algo horrível, algo que me tornarei.

– Não entendeu o que exatamente? Foi seu criador?

– Não. Foi uma mulher, menina... – ele escondeu o rosto nas mãos.

– O que ela disse?

– Nada. Ela não falou. Apenas me olhava.

– Então quem falou? De quem era a voz? – Romeo inclinou a cabeça.

Nutrix o olhou cansado, aterrorizado.

– Eu não tenho idéia.

– O que a voz disse? – Romeo riu olhando o desespero do alado.

Livro um - O Reinado De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora