Capítulo XXI -Princesa Carniceira

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No outro lado do Plano Superior.

Em passadas largas, a princesa adentrava o castelo cinzento. Toda a elite do exército a aguardava em silêncio e em ordem. Os novos tenentes estavam destacados no centro do altar. Eram dois homens fortes e altos, vestindo casacos de pele e tocas. Estavam armados com lâminas, mas não possuíam armaduras.

Quando a princesa parou diante deles, cada um pegou uma mão e beijou os dedos esguios da menina.

-Emva e Hiro. – Moira suspirou, seu tom desafiador e frio não pareceu tão convidativo. – Irmãos, chegou nosso momento de glória. Vamos massacrar cada sangue puro daquele lugar infernal.

Ela recolheu as mãos e voltou a se aproximar do pequeno patamar sem trono. Por onde ela passou, deixou rastro de seu temperamento: frio, neve e pontas de gelo, como se aquilo a seguisse. Agora que ela se instalara no reino, vestindo vestido vermelho escuro extremamente colado com uma fenda que revelava sua perna esquerda com o coldre guardando a pistola na coxa. O cabelo cinzento escorrendo pelos ombros em cachos.

Ela parou diante dos três degraus, não subiu antes de olhar a pulsação da lava no interior no vulcão onde era o castelo. Parecia sangue pulsante, até conseguia ouvir a lava se movendo na parede de pedra.

Ao notarem que a princesa havia parado, Emva e Hirotanaka correram para chegar até ela e tentar ajudá-la a subir os degraus, mas foi uma péssima idéia. Ela rugiu em resposta e pegou o irmão mais velho pelo pescoço.

-Saia de perto de mim e não ouse me tocar novamente. – ela rosnou e o soltou. Todos no recinto reagiram ao rosnado, pois ela falou como o pai.

Hirotanaka reverenciou e voltou para a posição anterior com a pele do pescoço ficando vermelha.

-Rei Thadeus deixou claro o que temos que fazer. Estão prontos? – ela havia subido no patamar e estava brilhando como uma estrela, sua brancura era ofuscante.

Seus súditos respondem com rosnados e batidas no chão. Outros gargalhavam e salivavam como selvagens. Moira quis cortar a garganta de cada um ali, todos eles eram repugnantes.

-Ao meu sinal, vocês atacam com força total. Nenhum sobrevivente! – ela sorriu desdenhosamente – Vocês, meus súditos devotos, serão vitoriosos até depois da morte. Tragam o lobo da rainha. – gritou – Darei uma demonstração!

Alguns verlôs abriram caminho para levar o cadáver canino, despejando-o aos pés dela e em seguida voltando a sumirem.

Moira pegou uma faca no coldre do tornozelo direito e se ajoelhou na frente do animal, abrindo-o do coração a barriga, com a mão livre, enterrou os dedos e procurou entre os órgãos. Com o sangue escorrendo em seu braço, ela revelou as vísceras, estômago e o fígado.

Ela sussurrou e gargalhou, um riso estridente saiu de sua garganta quando ela escancarou as mandíbulas e começou a comer. O sangue escorreu para o decote, sujando os seios e o resto do vestido, ela sussurrou outra vez e pegou outro pedaço sangrento, dessa vez todos estavam gritando, pois era o coração do animal. Ela jogou a faca no chão e o agarrou com as duas mãos, outro riso estridente, um grito e ela devorou com mais voracidade.

No fim, ela ajeitou a faca de volta no tornozelo e se levantou sem dificuldade, ninguém ousou ajudá-la.

-Farei o mesmo com seus cadáveres. – ela gargalhou – ET STA MEUM.

O lobo se moveu fracamente. Gemeu e levantou a orelha.

-Levante! – ordenou a princesa.

O lobo levantou e sentou, olhando para sua nova dona. Ainda estava manchado de sangue, mas não estava aberto mais, até parecia vivo, respirando e com o olhar atento.

Livro um - O Reinado De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora