Capítulo III - Percepção

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<imagem: https://i.pinimg.com/564x/c2/51/cd/c251cd20adf972427d5c861ba2f2c194.jpg >

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Olho atrás de Nathan, já perdendo o fôlego, ninguém vem atrás dele.

– Lucy. Cadê ela? – volto a perguntar – Cadê a minha irmã?

– Deixei-a em casa. Relaxa. – Nathan segura meus pulsos com carinho, não como Romeo o fez. – Não pude trazê-la até aqui.

Arregalo os olhos instantaneamente. Fico na ponta dos pés, quase dando pulos de ansiedade.

– Você foi à minha casa? Sozinho? Minha mãe...

– Tudo bem. Você está bem, né? – pergunta para mim, mas olha para Romeo. Enrijece a mandíbula ao ver as marcas das unhas de Dargô, embora não faça nada para me confortar.

Ele solta meus pulsos e se afasta. Como se Romeo tivesse falado algo. Percebo que ele está ferido em diversos lugares, os hematomas estão começando a aparecer.

– Você está bem? Isso parece horrível. – aliso seu abdômen reto de cima para baixo, onde há diversos cortes.

Ele estremece e se contrai, afastando-se mais uma vez.

– Precisamos conversar. – diz subindo a escada correndo.

Examino os degraus, inteiros e cobertos de cinzas, como se tivessem sofrido um incêndio e mesmo assim estivesse intacto. A fuligem secou e grudou. O prédio todo está assim quando olho ao redor, abandonado e imundo.

No momento que termino de examinar o local, meus olhos encontram os de Romeo, ele simplesmente sorri, divertido e convencido. Acho por um instante que ele quer que eu retribua, mas então, olho para o topo da escada, Nathan nos observa sério, quase sombrio. Pode ser apenas a falta da iluminação do local, mas ele parece um vampiro, branquíssimo no meio das trevas, um vampiro ou Bruce Wayne.

Romeo se volta para uma janela e desmancha o sorriso, focado em algo do lado de fora. Sem a atenção dele, subo a escada e sigo Nathan pelo corredor largo com várias portas trancadas, muitas cinzas e mais fuligem. Entramos na penúltima porta a esquerda, a única aberta.

O cômodo é um quarto. As paredes um dia brancas, agora acinzentadas e manchadas, o piso de mármore trincado e as janelas enormes de alumínio com os vidros quebrados. Há um colchão no canto do quarto, este está forrado por um lençol azul claro limpo e uma vela no prato ao lado, na frente dela um banquinho de madeira. Na parede onde colchão está encostado, há uma porta que talvez dê acesso a um banheiro, ou closet.

Nathan espera que eu entre e aponta o banco de madeira polida.

Recuso com um aceno de cabeça.

– O que tá acontecendo, Nate? – pergunto chegando mais perto, em tentativa de me aquecer.

Ele se distancia novamente.

– Vou começar do começo, Ok? – ele passa a mão no cabelo, jogando-o para trás. Um hábito que ele tem quando estava nervoso, quase perdendo o controle.

– Por favor. – abraço meus braços, o que piora o frio.

– Meu nome não é Nathan.

Dou um sorriso.

– Meu nome é Nutrix, Rei de Zonoorsch, o reino norte do Plano Superior. O reino dos alados... Asas, sabe? – ele aponta as tatuagens nos ombros.

– Cara, – digo praticamente rindo – Que droga foi essa que o Kim arrumou. Jesus!

– Você não está drogada, Julieta. Você é a futura rainha de Manheidum.

Livro um - O Reinado De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora