Parecia que o respeito que tínhamos pelo gosto do outro sumia com certos assuntos. Eu já não aguentava mais todo esse queijo dos meus amigos. Não aguentava chegar na minha casa e ver eles brigando.
Os ameaçar foi a melhor coisa que poderia fazer naquele dia. Não consegui dormir direito naquela noite, então adiantei alguns trabalhos que tinha pra fazer, e assistir alguns episódios de alguma serie que precisavam ser atualizados.
Na quinta-feira eu cheguei em casa, e pra, minha surpresa, estava sozinho em casa; ate mesmo a Valen foi dormir na casa da amiga – segundo um bilhete na geladeira.
Então eu finalmente consegui dormir. E não senti nada de diferente na manha seguinte.
Não me sentia mais velho, não me sentia descansado, não me sentia fisicamente disposto.
Mas mesmo assim levantei, e encarei o dia. Recebi os parabéns dos meus amigos, dos meus colegas, do os meus professores, e de outras pessoas que sabiam que hoje era meu aniversario.
Aguentei firmemente ate o fim da tarde, quando finalmente minha ultima aula acabou. Fiz questão de ir o mais lentamente possível ate minha casa, eu não queria sair hoje, não queria ter que ser obrigado a sair de casa para comemorar mais um ano de vida. Eu só queria ficar sozinho, com um violão e algumas folhas de papel.
Eu, sinceramente, não sabia o que esperar quando chegar em casa. Talvez meus amigos estejam lá e armaram alguma coisa. Talvez o apartamento esteja vazio. Ou talvez, ate mesmo, chamaram toda a minha turma de musica para uma festa no meu apartamento.
Deles eu não espero mais nada.
Valentina me mandou algumas mensagens, assim como o Caio, que parecia muito mais ansioso pra saber onde eu estava.
Era fora do meu horário normal quando cheguei perto da minha porta. Pude escutar conversas e uma musica baixa tocando. Ok, eles estavam no meu apartamento! E isso acabou com meus planos de ficar sozinho.
Passei um tempo olhando para a porta, ate que uma luz apareceu. Lembrei de um lugar no prédio que eu poderia ficar sem incomodar ninguém. Mas ainda sim precisava pegar algumas coisas.
Então iniciei meu plano a lá missão impossível.
Na teoria era simples: entrar pela porta da cozinha, dar um jeito de ir pro meu quarto – tirar os livros e cadernos da minha mochila e substituir por um lençol, um moletom e um dos meus cadernos onde tem algumas letras de musicas – e pegar meu violão, de preferencia a Jennifer, que estava no meu quarto e seria mais fácil do que ainda ter que entrar no estúdio e correr risco de fazer barulho e me descobrirem. Então a ultima fase, voltar pela cozinha e no caminho pegar comida e sair. Tudo isso sem que ninguém me veja.
E eu quase consegui.
Abrir a porta da cozinha não foi problema, já que eu sabia que não tinha nada atrás, prendendo ela, mesmo não sendo usada frequentemente. Na cozinha tinha varias das minhas comidas favoritas – Droga, eles iam me ganhar de volta pelo estomago -, fiz questão de ser rápido e objetivo na missão, mas não pude evitar de pegar uma das trufas de chocolate, que estava ali, exposta, pedindo para ser pega. Fui quase um James Bond tentando passar pelo corredor, para chegar no meu quarto. Ninguém estava olhando para o corredor, mas pude ver as costas do Tobias, da Emma e um pedaço do Diogo.
Rapidamente mudei as coisas da minha mochila e, por sorte, achei um case do violão mais rápido do que eu imaginei. Voltei para a cozinha, e também por sorte, ninguém prestou atenção. Coloquei minhas coisas na base da porta, fui ate a despensa e peguei alguns pacotes de biscoito recheado e guardei, pensei em pegar mais alguma coisa da geladeira, mas ela mais parecia um frízer de bar, repleta dos mais variados tipos de cerveja e outras bebidas geladas.
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"Memorias"
Teen FictionPietro Marques vivia muito bem namorando o amor da sua vida. Karina Ferrari fazia o loiro enlouquecer apenas de pensar. Musico prodígio, querido por todos e, inegavelmente, atraente, Pietro fazia todas as garotas de sua faculdade suspirarem, porem t...