Capítulo 1 - Karina

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Quando a Michelle me ligou, eu quase tive um troço. E quase não dividia o mesmo leito da UTI com o Pietro.

Passei noites e noites chorando e tendo pesadelos, sendo aparada pelos meus pai, meu irmão e meus amigos. Perdi os primeiros dias de volta as aulas na faculdade - assim como o Caio e o Flynn que são os nossos melhores amigos - e virei noites, também, ao lado de sua cama quando saiu da UTI. Quando finalmente vou para uma aula da faculdade, o Dr. Marcelo liga para o meu celular.

- Espero que a notícia seja boa. - Pedi assim que me sentei no sofá da minha casa e atendi o telefone.

- Tenho uma boa, uma mais ou menos e uma ruim. - Falou do outro lado da linha.

- Algo me diz que ele acordou e ficou com alguma sequela. - Falei sem pensar e logo vejo minha mãe correndo da cozinha até a sala e ficar esperando alguma resposta minha.

- Quase. Ele acordou sim, e os exames iniciais não mostraram nada de errado. - Eu encostei no sofá aliviada e chorando de emoção. Meu Pietro está bem. - A mais ou menos, é que ele reclamou de dores na cabeça, onde fizemos a remoção dos cacos de vidro, e nos ombros. E a ruim, é que ele falou também que não lembrava nada.

- Como é? - Falei com a voz embargada, voltando a ficar tensa - Como assim ele não lembra de nada?

- Ele pode está com, o que chamamos de, APT, Amnésia Pós-trauma, ou Amnésia Retrógrada. Não lembra nada do que aconteceu até antes de acordar do coma.

- Ele está acordado? - Perguntei chorando.

- Não. Demos um remédio para dor e ele dormiu. Convido à senhorita e seus amigos a virem visita-lo amanhã, para ver se ele reconhece algum. - Falou o Dr. Marcelo.

- Certo. - Concordei - Tem alguém com ele aí?

- A mãe, a senhora Michelle Marques. - Respondeu.

- Amanha estarei por aí. - Falei - Boa noite Doutor.

- Boa noite Senhorita Ferrari. - E desligou.

Deixei o celular cair no sofá e tentei inutilmente limpar as lagrimas que caiam. Minha mãe veio até a mim e me abraçou forte, nossas lagrimas se misturavam, no encontro das duas bochechas.

- O que aconteceu filha? - Perguntou preocupada.

- Ele acordou mãe, ele acordou do coma, mas não se lembra de nada. - Fui atingida por uma série de soluços. E ela me abraçou forte.

Pouco tempo depois meu irmão chegou em casa e me viu chorando - junto com nossa mãe - e foi buscar agua para gente.

Enquanto eu bebia minha agua devagar, escutei ele falando com minha mãe sobre a última notícia.

- Ele acordou Kari, é isso que importa. - Falou Tobias fazendo um carinho na minha cabeça.

- Ele provavelmente não se lembra de mim. - Murmurei triste.

- Mas ele está vivo e bem, Karina! Você pode conquistar ele novamente - Ele se levantou - Vamos, vou te levar para ver o Pietro.

- Não dá. O Médico falou que ele estava sentindo muitas dores, e o sedo. Só vai acordar amanhã.

- Então amanhã nós vamos ver ele. - Falou me levantando e me arrastando até o meu quarto - Descanse um pouco, Kari. Não vai querer está cansada, para ver seu amado. Vai? - Pergunta e eu nego, ele me beija na testa e sai do meu quarto.

~*~

Acabo de chegar com meus amigos no hospital. Eu, Clara, Ana, Caio e Flynn. Tobias nos trouxe até aqui, por que nenhum de nós estava em condições de dirigir. Agora, além de meus amigos e eu, meu irmão e a Michelle estavam, também, esperando notícias do Pietro, que tinha ido fazer alguns exames para se certificar que estava tudo bem mesmo.

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