Capítulo 16 - Caio

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Clara estava puta. Hooooo, como estava.

Não vestida como uma puta - ela nunca se vestia com mais de 15cm de pele aparecendo -, mas estava muito, muito furiosa comigo.

Não sei quem inventou que a palavra puta poderia também significar irritação. É tão bizarro.

A questão é: eu falei para Clara que ela não precisava ficar puta por causa da brincadeira dos nossos amigos, mas eu acho que ela entendeu virar, e - literalmente - pulou na minha garganta, me esganando e dando tapas ardidos - e que muito provavelmente ficariam roxos.

Flynn e Pietro, depois de muito esforço, tiraram ela de cima de mim - eu estava muito ocupado gargalhando da reação dela do que preocupado comigo mesmo - e acabaram recebendo tapas e socos também. E a Clara é bem forte, então eles se lascaram também.

No fim, Ana fez aquela coisa que ela faz quando quer alguma coisa e conseguiu acalmar a fera. E agora ela ta sentada do meu lado, olhando pro prato vazio em silencio. Depois a ruiva foi até o seu apartamento e voltou com um gel para dor muscular e passou um pouco no namorado e no primo. E em mim ela colocou quase metade do pote, por que segundo ela eu "podia não estar sentindo agora, mas depois iria arder muito, por que estava bem vermelho" e tal.

Eu não podia sofrer depois, eu estava sofrendo agora.

Acho que se passaram uns trinta minutos do ocorrido. A galera ta conversando de boas, sobre qualquer assunto. Nos conversávamos e comíamos. Trouxemos comida de casa, da rua e tia Camila veio aqui e trouxe muita comida, sem falar do que fizemos na cozinha do Pietro. Comi tanto que acho que vou ter que ficar umas cinco horas - ou mais - consecutivas na academia para voltar a ficar sarado. E esse tempo todo, Clara ficou calada.

Depois de um tempo me irritei com seu silencio, virei minha cadeira em sua direção. Ela estava com a cabeça baixa, e se recusava, se quer, a olhar pra mim. Virei minha cabeça em direção aos meus amigos.

Finn e Pietro se prepararam para arrancar ela de cima de mim a qualquer momento, já Ana e Kari queriam saber por que eu estava fazendo isso. Me olhavam com sobrancelha erguida e faziam perguntas sem som. Eu os ignorei e voltei a olhar para a Clara.

Manti um sorriso cauteloso no rosto e esperei ela olhar para mim. O que ela não fez.

Quase podia ver a sobra negra de animes que pairava em sua volta.

Me cansei de esperar segundos depois. Ergui seu rosto com uma delicadeza que não era minha e abri meu sorriso quando vi sua cara fechada.

- O que você quer?

- Desculpa a gente? - perguntei.

Ela ergueu sua sobrancelha, como perguntasse "por que faria isso?".

Eu poderia responder com coisas tipo, "por que somos seus únicos e melhores amigos e zoamos, e você sabe disso" ou "por que estou sentindo sua falta na conversa", mas em vez disso, sussurrei para ela:

- Sei que está estressada. Eu lembro o que aconteceu da última vez, não devia ter deixado à brincadeira continuar. Me desculpa? - Pedi.

- Me desculpa por ter te ferido. - Ela pediu baixinho, olhando para meu peito nu, que estava cheio de marcas de mão, bem vermelhas.

- Só se você me desculpar primeiro.

- Beleza... Ta desculpado. - Ela sorriu um pouco - Me desculpa?

- Claro. - Sorri abertamente pra ela.

Me levantei e a puxei para um abraço apertado, ela ainda estava sentada, por isso ficou quase do meu tamanho. Quando nos soltamos, notei que estávamos sozinhos naquela cozinha. Amigos ninjas... Eles saem do nada e ninguém percebe. Seguimos pra sala, onde a galera estava jogada nos sofá e na poltrona. De vez em quando alguém falava uma frase, e outro respondia com uma palavra ou frase que tinha a ver.

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