Capítulo 21 - Pietro

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- Pietro, você tem certeza? - Caio perguntou.

Eu ultimamente tenho recebido muito essa pergunta. E não, eu não tenho certeza.

Eu iniciei um segundo curso à tarde, com apenas a noite para ensaiar, estudar e dormir e não tenho certeza que vou conseguir dar conta. Fui contra a opinião de todo mundo quando disse que iria iniciar um novo curso, falaram que eu minha ansiedade e meu estresse iriam piorar, que eu teria vários outros problemas, que eu não teria nem vontade de ensaiar por que estaria muito cansado pra isso e que desenvolveria uma ulcera pelo estresse que dois cursos diferentes iriam fazer na minha vida. E eu to me borrando de medo de ter que voltar pro hospital por causa disso.

- Sim, Caio. – falei – eu tenho certeza que estou bem.

- Mas você ficou calado o dia todo.

- Mas eu sempre fico calado...

- Não, Pietro. – me interrompeu, saindo da bateria e vindo pro inicio da sala e sentando em um dos pufes – Você, literalmente, falou umas 10 palavras hoje. O que ta acontecendo, mano?

Desde que a Karina nos apresentou seu novo amigo esses dias, algo sobre ele me incomodava. Talvez pelo fato que todas as meninas ficaram babando nele.

Ou ciúmes pela Karina esta andando com outra pessoa.

Não, claro que não! Eles estão estudando para um seminário, por que eu teria ciúmes?

- Alo? Terra chamando Pietro! – Caio estalou os dedos na minha frente. Desde a ultima vez que fiquei em "transe" quando o Diogo tinha voltado, Caio sempre chamava minha atenção quando eu ficava um tempo parado olhando pro nada. Eu era agradecido por isso, mas toda vez que ele estalava os malditos dedos em cima de mim, dava vontade de quebrar um por um com um alicate.

Pisquei uma vez, bem lentamente, me controlando ao máximo pra não quebra a mão do meu baterista.

- Tire os seus dedos de cima de mim.

Ele sorriu de lado. Ele sabia o quanto eu não gostava daquilo, mas continuava.

- Que me responder, antes de me machucar? - voltou a sua posição normal, agora girando uma baqueta entre os dedos.

- Eu sei lá. Vocês tinham razão quando falaram que os cursos iriam me deixar cansado, mas não vou admitir isso. Então vou por a culpa na festa do Flynn.

A pedido da Clara, fomos no Beira-Bar ontem, para comemorar o aniversario do Flynn. Ela tinha arrumado um mini show pra gente lá. E ficamos sabendo pouco tempo antes, então nossa setlist ficou pequena, e com musicas não-autorais mesmo. E depois, puxamos um corinho para cantar parabéns para o Flynn, que de cima do palco, agradeceu e fez um pequeno discurso, a pedidos. Logo depois ficamos nós seis, mais o Tobias, Diogo e a Emma – Que chegaram depois do show - conversando até altas horas.

A noiva do Diogo é bem legal. Seu sotaque ate que não é tão forte, e como ainda não falava quase nada de português, ficamos conversando em inglês mesmo.

Valeu apena todos aqueles anos de cursinho que meu diploma diz que eu fiz.

- Também estou cansado, mas eu estou ensaiando.

- Eu toquei junto com você! – reclamei.

- Pietro, você é o vocalista, bro. Flynn é a segunda voz. Só isso. – Falou pausadamente – Você tocou, sim. Mas é um ensaio oficial, você tem que cantar.

- Vocês que tem que aprender a se virar quando eu não estiver. – suspirei – Com isso podemos ate fazer coisas diferentes com as musicas.

- Depois nos vemos isso. Agora pegue aquele microfone! – seu tom de voz parecia mais uma brincadeira que uma bronca.

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