Capítulo 2 - Pietro

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- Você é minha namorada? - Perguntei meio incrédulo quando a loira, denominada Valentina, se aproximava de mim e pegava minha mão e eu não deixei por um momento, mas ela insistiu.

Algo me dizia que ela não era, mesmo, a minha namorada.

- Sim Pie, desde que você tinha 16 anos de idade. - Ela suspirou - Foi uma época tão boa. - Ela prolongou o 'boa'.

- Hm... E agora eu tenho quantos anos? - Perguntei.

- Nem sua idade você lembra. - Ela perguntou rindo e eu neguei - Você tem 18 e eu 19. - ela sorriu e se aproximou de mim, com intuito de me beijar, e eu gentilmente a impedi de fazer isso. - Eu, o que aconteceu?

- Bem... É que, - Falei tímido e com vergonha de alguma coisa - Eu acabei de acordar de um coma sem lembrar de nada, e acho que beijar uma garota que se diz minha namorada, neste momento, seria meio estranho.

Ela fez uma cara triste, mas assentiu com a cabeça.

- Posso pelo menos te abraçar? - Ela perguntou fazendo uma carinha triste, e eu assenti. Ela se aproximou e me abraçou, tocando, sem querer, em uma parte sensível no meu pescoço, que me fez estremecer e fazer uma careta de dor. - Desculpa, esqueci dos machucados.

- Machucados? - Perguntei - De que tipo?

- Entrou uns vidros na sua pele, e alguns tiveram que retirar cirurgicamente, e estão com curativos e eu esqueci disso. Me desculpa.

- Tudo bem... Olha, apesar de eu ter "dormido" muito, estou cansado e com dor. Será que eu poderia descansar um pouquinho? - Perguntei tentando ser gentil.

- Acordou com a língua afiada, em? Tudo bem, toma. - Ela pegou os dois copos, um com três comprimidos e um com agua, e me entregou.

Peguei o copos da mão dela e, primeiro, coloquei os comprimidos e depois a agua. Depois que engoli os remédios - Que deixaram minha boca mais amarga ainda -, tomei o restante da agua do copo e devolvi para a Valentina.

- Vou ligar para a sua mãe para ela passar a noite com você e amanha eu volto com seus amigos.

- Tudo bem. - Comecei a me sentir sonolento e senti as pálpebras pesadas.

- Boa noite meu amor. - Ela falou e saiu do quarto.

Não pude nem fazer uma reflexão sobre o "amor" que ela falou, pois quase imediatamente, cai no sono profundo e sem sonhos.

Acordei no outro dia com o Dr. Marcelo falando com uma mulher loira, que parecia está com quase 40, ou mais que isso. Ela assentia alguma coisa e parecia ansiosa. Ela olhou para mim e seus olhos se encheram de lagrimas. Se aproximou de mim quase correndo e murmurando o nome que me chamam.

- Pietro. - segurou minhas mãos. - Meu filho, que saudades suas. - Ela se pois a chorar de soluçar - Eu juro que nunca mais vou deixar você dirigir um carro na sua vida.

O médico prendeu uma risada, como se falar aquilo fosse ridículo. Eu estava confuso, ela aparentemente seria minha mãe, ou algo parecido. Quem era essa mulher?

- Pietro?! - Falou um pouco desesperada - Filho fale alguma coisa!

Fui atingido por uma forte dor de cabeça.

- Eu estou tentando, mas não consigo lembrar se conheço a senhora. Me desculpe. - Pedi triste, já que a dor que ela, aparentemente, sentiu, eu senti também.

Não uma dor física - Por que as dores físicas que eu sentia eram na cabeça e na parte esquerda do meu ombro -, mas sim uma dor emocional, que quase me fez chorar junto com a senhora loira de cabelo engrenhados.

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