Ajeitei a gravata e o cabelo quando passei por um dos espelhos do corredor da diretoria, e antes de entrar na sala de reuniões, endireitei minha postura. Eu estava atrasado, mas este tinha sido meu primeiro dia de aula e eu tive que pegar uma carona com o Tobias para vim rápido e não me desarrumar no caminho. Essas ultimas semanas eu estava no setor estratégico da empresa, onde a formalidade aumentava em 120% do setor Tático.
Entrei sem fazer barulho e me acomodei em um dos sofás que tinha num canto da sala, para assistir a apresentação de um novo condomínio residencial. Essa semana eu já tinha assistido pelo menos cinco dessas, e nas ultimas duas, meu pai me pedia para opinar sobre, e eu não duvidava que essa fosse diferente. Eu estava gostando dessa pequena atenção para mim.
Eu já tinha conhecido cada pedaço do lugar. Já sabia como funcionava varias e varias coisas. Conheci pessoas incríveis e pessoas que me esnobavam só por que sou o "filho do chefe", mas mesmo assim eu amei cada segundo que passei nessa empresa. E eu amava a ideia que isso tudo pode ser meu algum dia.
Mas eu também amo a musica. E eu amo tocar, e eu toquei bastante essas semanas. Já que eu não estava em casa durante a semana, não tinha como ensaiar com o Finn e o Caio, então eu tinha levado meu violão para a empresa, e durante o horário de almoço ou nos meus intervalos, eu ficava tocando em algum canto, geralmente era na sala do meu pai ou em uma das salas de reuniões que estava vazia – e quase sempre era flagrado por alguém que me escutava, e os elogios, pela primeira vez na vida, me deixavam constrangido.
Após a reunião acabar, fui ate a sala do meu pai e fiquei trocando mensagens com minha namorada enquanto ele não chegava. Ele sempre ficava alguns minutos a mais após a reunião, trocando algumas ideias com alguns que iam assistir a reunião. Mas, especialmente, hoje eu preciso descansar um pouco antes de me fazerem de estagiário e me mandarem andar de um lado para o outro no prédio, por que desde que eu acordei hoje o dia esta uma correria. Realmente tive sorte que o Tobias vinha ter uma entrevista de estagio aqui por perto.
- Conversando com a norinha? - Ouvi minha mãe perguntando. Ela e meu pai tinham acabado de entrar na sala.
Meu pai foi para de trás da sua mesa e a sua esposa se sentou em uma das poltronas que tem na frente, e eu continuei no sofá, onde era meu escritório temporário durante esses dois últimos meses.
- Tenho sorte dela gostar de mim, por que se fosse por esse apelido, eu já teria um terceiro chifre nascendo na minha cabeça. – Falei e meu pai riu, enquanto minha mãe ficou de cara emburrada.
- Pare de falar assim Pietro. – Ela me repreendeu. Dona Michelle, uma das pessoas mais duronas e queridas da Mark Engenharia, se derretia toda quando falava da nora, mas dava altas broncas no filho por ele fazer brincadeiras com "assuntos sérios" – Ela nunca faria isso, tá? Eu praticamente criei essa garota, sei que ela nem pensaria em te trair. E depois, vocês dois estão tão apaixonados que eu me surpreendo que vocês não se chamem por apelidos carinhosos.
- Chama sim. – Meu pai interrompeu – Jura que nunca ouviu o Pietro falar "pequena" e "morena" quando ta falando com ela.
- Me deixem em paz. – falei enquanto mandava uma mensagem para a minha Morena, dizendo que meus pais estavam enchendo o saco por causa da gente.
- Eles crescem tão rápido. – Minha mãe suspirou fazendo cena – Saem de casa, são independentes, namoram serio, fazem estagio... Daqui a pouco ta na faculdade.
- Há há há, que engraçado. – Fui irônico, acabando com a risada dos meus pais – Você podem parar de zoar com minha linha do tempo, obrigado.
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"Memorias"
Fiksi RemajaPietro Marques vivia muito bem namorando o amor da sua vida. Karina Ferrari fazia o loiro enlouquecer apenas de pensar. Musico prodígio, querido por todos e, inegavelmente, atraente, Pietro fazia todas as garotas de sua faculdade suspirarem, porem t...