Capítulo 23 - Pietro

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Ter o Felipe aqui me incomodava. E eu não entendo o motivo já que eu mal o conheço. Mas o fato dele ter impressionado todas as minhas amigas só com a aparência me assustava.

Ou talvez o fato de estar com sono, distorça um pouco as minhas ideias.

Porem, ele falou que eu sou exagerado.

Não sou nada. Eu tenho assentos o suficiente para meus amigos e seus pais - já que aqui é point de encontro deles - na minha sala de estar. E certo que no studio tenho guitarras e violões sobressalente. Mas não são só meus. Os do Finn e Caio também estão ali, sem contar que quando fazemos show do tipo o da Unifipe, emprestamos as guitarras etc. E as fotos no corredor estão bem encaixadas e não passam de uma centena.

Sem contar as que estão na parede do meu quarto.

Olhei para a parede, e realmente, são muitas.

É, provavelmente, eu sou exagerado.

- Droga, você ganhou mais uma Felipe.

Nessa hora a porta do meu quarto se abriu e a Karina ficou parada na porta.

- Falando sozinho, Pietro?

- Seu amigo é um idiota.

Ela deu um meio sorriso.

- É quase meio dia. Quer pedir comida?

- Hoje eu ia de lasanha de micro-ondas, mas se seu convidado for ficar aqui, pode pedir qualquer coisa.

- Ele pode ficar aqui? - Ela ergueu uma sobrancelha.

Eu me virei de lado, para não olhar pra ela.

- Faça o que quiser.

Senti ela sentando na ponta da minha cama. Eu realmente estava chateado, mas não sabia dizer o motivo. Sabia que ela me encarava, mas admito dizer quer quando sua mão pousou na minha perna, uma sensação familiar me preencheu.

- Olha pra mim. - Ela pediu depois de um tempo, e eu me virei um pouco em sua direção - Me diz por que você ta assim.

- Assim como? - respondi com outra pergunta, e ela me olhou ameaçadoramente - Ele me chamou de exagerado.

- E dai?

- E dai que eu realmente sou.

Ela riu. Uma gargalhada realmente gostosa de ouvir.

- Sem comentários, Pietro. - Ela falou depois que conseguiu se controlar. - Vou pedir uma pizza, que tal?

- Ótimo. - Falei e dei um sorriso - Já já levanto.

Ela deu dois tapinhas na minha perna e se levantou e saiu do quarto logo em seguida. Assim que ela fechou a porta, eu tomei coragem para levantar da cama. Fui ate minha escrivaninha e anotei os acontecimentos de ontem e hoje em caderno, como o Lauro tinha pedido.

Eu admito que estou gostando de fazer essas anotações, elas me ajudam muito a entender mais o que eu estou sentindo. Ou não, geralmente eu só fico mais confuso, mas mesmo assim fazem o peso das minhas costas diminuírem. Me fazendo ficar menos estressado.

Mas tocar e compor, sem compromisso, melhoram meu humor ainda mais que escrever algumas palavras sobre sentimentos num papel. Elas tem que ter ritmo e serem cantadas pra fazer efeito.

Depois fui ate meu banheiro, e como já tinha feito o que eu precisava fazer antes, apenas molhei o rosto, pra tirar o resto do sono que eu estava. Mas não adiantou muito, então optei por uma ducha rápida mesmo. Talvez em menos de 15 minutos depois eu já estava usando uma roupa limpa e a caminho da minha sala.

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