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Meus dentes doem um pouco quando chupo o sorvete na colher e eu passo a língua nos meus lábios,

"Isso me faz lembrar de coisas inapropriadas." Nate sorri malícioso quando me pega lambendo a colher.

Eu sorrio de volta e faço de novo, descendo minha língua na parte moldada da colher. Os olhos castanhos escuros me encaram,

"Porra,não faz isso Marsha." Rio com a reclamação.

"Não estou fazendo nada demais." Me defendo.

"Se me fizer ficar duro,terá que pagar por isso."

"Idiota."

Ambos damos risada,eu não imaginava voltar a rir com ele. Estou tão amigável,o que merda tô fazendo? O que ele está fazendo?

Por que sou fraca quando ele está perto de mim?

"Senti falta de ver e ouvir seus risos." Nate da de ombros.

Eu me encolho no cobertor e me arrumo no sofá,é difícil ignorar quando a pessoa que você gosta,está bem perto e dizendo coisa que você quer ouvir. Mesmo assim eu ligo a TV e continuo comendo o sorvete com ele.

Minutos que parecem horas quando estou ao lado dele passam,Nate já tirou os tênis e resolveu ficar do mesmo jeito que eu,com suas pernas no sofá mas não manteve seus braços quietos no pote de sorvete,ele largou o pote e colocou uma de suas mãos na minha cabeça,

"Posso te perguntar uma coisa?" Eu sussurro no meio da fala do filme.

O Nate traça um caminho na minha cabeça e tira o cabelo do meu rosto,colocando atrás da minha orelha,"Pode." Ele diz rouco.

"Sua mãe é depressiva por qual motivo?" As palavras saem sem pensar,e eu olho para o Nate.

Acho que essa não foi uma boa ideia,de tudo que eu podia perguntar resolvo tocar no assunto da mãe dele.

Ele termina sua colher de sorvete e sorri fechado.

"Não vai responder?" eu falo olhando pra ele. Claro que ele não vai...

"Você queria fazer uma pergunta,não pediu também para que eu respondesse." Ele ri um pouco.

"Idiota." rio também,mesmo sabendo que ele só está fugindo da pergunta.

Eu sei que assuntos desse tipo,evolvendo a mãe dele podem ser graves e ele não quer falar por se sentir envergonhado,ou isso. Eu apenas queria saber mais sobre ela,a mãe dele,sobre a família dele. Agora que estamos conversando normalmente,e até mesmo ocupando o mesmo espaço achei que ele falaria comigo sobre ela. Mas me enganei.

"Por que quer saber sobre minha mãe?"

"Bom,você nunca me contou que tinha uma mãe e eu só quero saber um pouco sobre ela.." mordo o sorvete na colher e isso faz meus dentes doerem.

"Convincente." Nate sorri,"Tudo bem."

"Tudo bem?..."Eu franzo as sobrancelhas,"Quer me contar sobre sua mãe?"

Nate faz que sim com a cabeça,"Na verdade eu quero te beijar." Ele sorri,a covinha que eu jurava não querer ver nunca mais aparece,"Mas posso falar dela pra você."

"Okay." Sorrio.
Eu acho que esse sorriso vai rasgar minha cara,me sinto uma boba mas é a primeira vez que ele diz que vai falar sobre sua mãe.

Eu nunca sei de onde veio esse meu interesse sobre a família dele,acho que,por ele ser tão imprevisível e difícil de entender,esse assunto podia me ensinar mais como lidar com o Nate. E também me mostrar de onde ele vem,como era sua infância. Até pouco tempo atrás eu sonhava em me casar com ele,iria conhecer a mãe dele talvez na cerimônia. Ela sorriria pra mim enquanto eu caminhava para seu filho de terno,Nate ficaria bonito de terno.. Mas esses sonhos ficaram para trás quando ele me fez de idiota na festa do Sammy,e com isso,soube de sua mãe depois de toda merda que ele fez.

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