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Demorou,mas ela saiu do banheiro vestindo a camisa branca e segurando a toalha parando na porta do quarto enquanto eu estou deitado fumando.

"Pode deitar aqui se quiser."eu digo colocando a fumaça pra fora dos meu pulmões,e dando lugar na cama.

A Marsha hesita antes de dar o primeiro passo e vir até a cama. Seus olhos tem um par fraco de olheiras agora e ela não está tão retraída como estava antes. Ainda bem. Quero que agora ela se sinta confortável,e esqueça tudo o que houve na boate,inclusive esqueça o que teve essa noite.

Ela não merecia passar por isso só por que o Mendes estava tentando se vingar de mim. Ele poderia ter feito outra coisa,e não usa-la pra me atingir. E a Lea podia ter dito alguma coisa. Mas foda-se.
Sinto o colchão se mover quando ela se senta primeiro,antes de deitar e olhar pra mim,

"Eu.. Eu queria saber por que ele fez aquilo comigo." Ela fala com uma voz fraca,usando os braços para sustentar a cabeça.

"Não quero dizer eu te avisei,Mas eu fiz isso." Sorrio um pouco.

"Eu sei.." ela ronrona.

Estamos nos observando. Ou melhor,a Marsha está me observando. Ela olha para meu peito descoberto,e para as tatuagens no meu braço,seguindo os desenhos com a ponta do dedo.

Ela parece procurar algo em mim mesmo sabendo que não tenho nada de novo pra mostrar a ela. Apenas o velho Nate e seu baseado fodido,mas ainda sim ela procura sinais novos. A Marsha me faz pensar que não sou tão ruim quanto pareço ser. Desde que a conheci ela nunca deixou de esperar o melhor de mim.

As vezes me arrependo de não ter sido o que ela merece,mas tenho a chance de fazer novamente o que antes eu fazia: ela feliz.

Por que mesmo sendo um caralho,e indo e vindo fodendo ela e outras garotas,eu sabia que ela era feliz por minha causa. Eu era um bosta. Mas ela sorria.

E vou arrumar nossa situação,

"Marsha.." sussurro e ela sobe os olhos. "Me desculpa."

"Nate.."

"Me deixa terminar,"interrompo.

"Eu tô muito arrependido do que fiz com você. Sabe,passei quase minha vida toda experimentando o que me davam,desde bebidas à disposição de garotas pra me dar. E o que eu ganhei com isso? Nada. Era divertido pra caralho,mas me faltava algo... Faltava aquela garota de óculos e jeans,com o ar de superioridade só por que sabia um pouco mais de sociologia que eu. Faltava os risos e os choros no quarto da universidade e no quarto do apartamento dela,e faltava também o sexo gostoso que nós tínhamos. Faltava você." Eu aponto para ela,que não tem nada pra falar,e só olha.

"Eu te amo. Essa deve ser a décima vez que digo isso.." rio.

"Mas foi a primeira vez que eu acreditei." Ela ri também, passando o braço ao redor da minha barriga,me abraçando. Sua cabeça deitada nela se moveu enquanto fala,
"Está sendo romântico. Também é a primeira vez que vejo isso."

"Pra você ver o quanto estou sendo sincero." Dou uma dose de convencimento e ela ri.

Amanhã vou ter que voltar a boate para resolver tudo e me desculpar com os caras por não termos a chance de receber o cachê. Eu estraguei tudo com eles,mas foi por um bom motivo. Preferia perder milhões de cachês do que ter a culpa de um estupro. Além disso,tenho que buscar as roupas da Marsha e leva-la de volta para Chino.

Tenho que arrumar tudo. Isso é uma puta merda.

"Nem pude te mostrar a cidade." digo.

"Pode fazer isso amanhã... Vou estar bem amanh.." ela boceja contra minha pele e me aperta mais no abraço. "Eu te amo."

Sorrio,"Diz mais uma vez"

"Eu te amo, Nate." Ela fecha os olhos.

"Mais uma vez.." peço.

"Vai dormir." Ela ri.

"A última vez,vai..."

"Eu te amo." Ela fala antes de dormir e eu sorrir igual um retardado.

conflicthingOnde histórias criam vida. Descubra agora