conflicthing

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Algo estranho vibra embaixo do meu travesseiro,eu acordo por irritação e olho em baixo dele,tirando o braço do Nate do meu pescoço.

Lea.

Esse nome brilha na tela do celular cinza e eu o pego.

Penso em atender.

Mas olho para o Nate,dormindo tão relaxado e calmo.O celular vibra mais uma vez e eu decido acordar-lo.

Duas tentativas e nada,na terceira ele me olha ensonado e se pega o celular.
Algumas palavras trocadas rápidas mas a tal da Lea está convidando ele para alguma coisa pelo o que eu consegui entender.

"Okay Lea,eu vou." Ele boceja e desliga o telefone.

Ele sempre vai.

Independente do lugar ele sempre vai e me deixa. Tá,eu sei que concordei com isso no momento em que deixei o Nate entrar na minha vida. Mas sei lá,eu queria um pouco mais de consideração. Afinal,eu sou mais do que uma simples amiga.

Eu dou coisas pra ele.

Coisas que certamente essa Lea também dá,claro,ele é bonito. Todas devem abaixar a calcinha assim que ele pega no microfone..

Eu finjo não ter dado ouvidos,e ele me abraça por debaixo da coberta..

"Hoje é sábado,vai fazer algo de noite?"

Ante que eu responda a pergunta ele mesmo a diz,
"Não." Sinto-o sorrir na minha pele,"Quer sair comigo hoje?"

Fiquei sem responder.
Essa era a primeira vez que ele me chamava pra sair.

Desde a faculdade,nós só ficávamos no dormitório ou nas docas e a fraternidade 'barra pesada' que ele era membro.

Um encontro de verdade? Nunca.

Acho que sou meio iludida quando o assunto é o Nate.

"Eu não sei.." como assim eu não sei? claro que eu quero ir,mas é sempre bom fazer uma ceninha.

"Vamos Marsha,nós não saímos muito."

"Isso porque tu não chama." rio para mim.

"O que acabei de fazer agora?"

"Eu vou,só queria que você imploraaaaasse!" rio mais e viro-me para ele.

Uma covinha fofa aparece no canto do sorriso dele e eu passo meus dedos nela.
"Eu não ia implorar."  ele diz rolando os olhos.

"Ia sim." franzo minhas sombrancelhas e mexo no cabelo dele.

"Não Marsha,eu não ia." Ele para um pouco,"Sabe que não é minha única opção,né?"

Eu descanso minha mão em sua bochecha e olho para ele.

Eu sei que não sou a única que ele tem um caso ou assim

Mas porra. Precisa falar?

Sinto um aperto no coração,como um beliscão forte por dentro. Ele é um idiota.

"E você também não é a minha única opção." rebato as palavras dele.

"Você sai com outros caras?"

"Sim,está surpreso?" Minto para ele e dou uma risada anasalada, "Não existe um único pau,no mundo."

Nate tira minha mão do seu rosto e se levanta da cama,
"É. Há vários pintos por aí."

Ele fica tenso enquanto coloca os sapatos.
Eu observo o modo como ele vira para pegar as meias na cama e nem olha para mim,estou sentada agora próxima das suas costas.

"Nate.." eu chamo

"O que,Marsha?" Ele sorri amargamente ao olhar pra mim.

"Está chateado, ou com raiva?"

relaxo meus ombros e ele levanta de vez da cama,ajeitando a calça larga a baixo da cueca.

"Não,Marsha." Ele sorri mais uma vez,mais amargo que o primeiro sorriso. "Estou bem."

Penso em me desculpar e dizer a ele que é uma provocação sob o fato dele dormir com outras garotas,mas foda-se,ele que começou.

"Okay." digo

Ele pega a camisa no chão perto da porta e a veste,a veia na testa dele está grossa. Ele está com raiva. Sei que está.

Mas por quê?

Devia ser normal para ele ouvir isso. Quer dizer que ele apenas pode ter o pau enfiado em todas as meninas e eu a apenas o dele?

Que machista.

Ele nunca firmou algo comigo,como um namoro ou sei lá,algo que dissesse

" Hey,ela é a única que eu saio e que beijo! Tenho um compromisso com ela!"

Mas ele não tem nada comigo. A não ser essa fodida amizade colorida.

Sinto que estou esperando algo que nunca vai acontecer.

"Esteja pronta as nove,eu venho buscar você." Nate diz seco e sai do quarto.

Poucos minutos e eu ouço a porta bater.

Idiota.

Pego meu travesseiro e o coloco na cara para desaparecer com o Nate em meus pensamentos.

As onze eu levantei para comer alguma coisa e arrumar o cantinho do Francis. Assim como também deixar os livros didáticos decorados e na ponta da língua para a prova do curso.

Por dentro eu estava confiante,sei que vou passar e ter meu segundo diploma em arte terapia. Mas por fora eu estava nervosa e ansiosa. Nada mais passava pela minha cabeça além do teste e o Nate.

Claro que ele estava na minha cabeça.

Sempre esteve.

Peguei a massa pronta de talharim e a cozinhei para meu almoço,fazia tempo que eu não comia uma massa.

Terminei de almoçar e continuei lendo os seis livros didáticos.

Meu interesse por eles acabou quando a Cami ligou pra mim,

"Hey loira!" ela diz para o telefone.

"Oi,a que devo a honra de sua ligação?" rio um pouco

"Queria saber se tem algum programa para hoje à noite.."

"Bom, eu fui convidada para uma festa." digo fechando meus livros.

A Camilla boceja do outro lado.

"Ia te chamar para ir no cinema comigo e com a Lane." ela se decepciona

"Ah Cami.. Vai ter que ficar pra outro dia então..."

"Tudo bem."

Uma pausa,

"Enfim, o que foi aquilo no Skinner's?"

"O que?" eu pergunto,"Com o Dylan?"

"É,com esse babaca mesmo."

"Eu não sei." minto

"Ele é irritante,da próxima vez vou almoçar sozinha!"

Eu dou risada por segundos,

"Acho que ele gosta de você." eu falo

"Não pense merda,amiga,não pense merda." não posso ver,mas sei que ela está vermelha de vergonha.

"Okay."

"Vou terminar de arrumar meu cabelo,depois a gente se fala!" Ela se despede

"Tá,tchau." Desligo o celular e vou até meu quarto.

São cinco horas da tarde,mas como sempre,em Chino Hills isso parece sete da noite.