conflicthing

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Nate POV

Eu passo a mão na parede assim que entro em casa procurando o interruptor de luz. Consigo achar e acendo a luz da sala, vendo minha mãe sentada no sofá segurando cuidadosamente uma xícara de chá,

"Mãe? Por que está acordada ainda?" Pergunto a ela e me aproximo.

"Insônia." Ela fala.

"Okay,desceu as escadas sozinha?"

"Não,a Jen me ajudou a descer e esquentou o chá." Me sento ao lado dela e jogo meu casaco para o outro sofá. "Foi a uma festa? Consigo sentir o cheiro de liquor."

"Sim,mãe,eu fui. Mas..." tento explicar a ela que não podia faltar no aniversário de um amigo mas ela me impede gentilmente,colocando sua mão aquecida em meu rosto.

"Tudo bem,querido,eu não me importo que se divirta. Afinal,esteve cheio de coisas para te chatear essa semana,não?" Ela sorri um sorriso limpo e tímido pra mim.

Sim. Eu tive uma semana fodida.
Na verdade,semanas fodidas após minha besteira. Mal sabe ela que estou atrás de uma garota,e com a vontade de matar meu antigo amigo de universidade. E ainda tem a questão de sua saúde...

"Um pouco." Eu rio voltando a me concentrar na conversa, "Nada que eu não possa resolver."

Minha mãe sorri e coloca a xícara na mesa de centro,
"Meu filho já é um homem,mas ainda me lembro de quando sentia medo dos raios em noites chuvosas. Corria como uma menina para meu colo!"

Ela zomba de mim e eu rio com ela.

"Parece que está muito bem." Eu digo,jugando pelo seu bom humor.

"Uma xícara de chá,deixa qualquer um bem." Nós falamos quase na mesma hora e isso arranca um riso dela.

Estou feliz que ela possa final rir um pouco,depois dos longos dias difíceis que passamos. Espero que amanhã na terapia ela possa rir ainda mais,

"Amanhã temos que ir a um consultório particular,e agendar algo para a senhora." Aviso.

Ela concorda com a cabeça e volta a beber o chá.

Me sinto cansado e me levanto do sofá para ir ao quarto,tenho a impressão de que minha mãe não vá dormir agora e por isso subo as escadas,descendo novamente com dois cobertores para ela dormir no sofá cama.

Após arruma-la entre o estofado,eu subo as escadas de novo e vou para o meu quarto. São uma e meia da manhã e eu me jogo no cama,sem tirar os tênis,eu durmo.

                              ****

"A Jenna não vai!" Estalo para minha mãe na cozinha.

Estamos prestes a sair e ela quer levar minha irmã problemática conosco. Minha mãe acha que pode se resolver um problema com drogas,numa terapia. Isso se resolve em clínicas. Porra.

"Mas ela tem que ir." rolo meus olhos,mordo meu misto quente e saio do sofá.

"Já perguntou se a Jen quer ir?" rio ignorante.

"Vou perguntar agora..." Ela se prepara pra gritar o nome da minha irmã eu não tenho muito tempo para essas merdas.

A Jenna não vai.

"Mãe,vamos sair agora. Vem." Mando e ela franzi as sombrancelhas para mim como repreensão. Seguro meu misto quente entre os dentes e ajudo ela a descer o degrau da entrada.

Demora um pouco para que ela consiga atravessar o quintal e entrar no carro. Fecho a porta e ligo o motor.

Minha mãe me irrita com suas reclamações sobre o estilo do meu carro,ela diz ser horrível o modo como tudo cheira a maconha e sexo e ainda xinga meu enfeite de erva para porta luvas de 'mato'. Me pergunta se não tenho vergonha disso... Ser a favor do verde não é uma vergonha.

A cada comentário e reclamação eu aumento o rap no celular e o fone fica mais auto,sumindo com a voz dela da minha cabeça.

Olho o endereço no papel,eu já estive nessa rua e acho que sei qual prédio é. Devo ter passado perto dele quando vi a Marsha sair com aquele cara certinho.

Meia hora quase de viagem e finalmente eu estaciono na vaga de frente ao edifício pequeno,conheço o lugar. É onde a Marsha trabalha...

"É aqui?" minha mãe pergunta histérica.

"Pelo endereço,sim." falo saindo do carro.
Dou a volta nele e abro a porta de onde minha mãe está,tirando-a dele.

"É tão grande esse lugar,uma consulta deve custar o olho da cara!" Ela reclama. "Vamos embora."

"Não,ficou maluca? Nós vamos entrar e agendar uma consulta pra você." Me esforço para que não concorde em ir embora com ela.

Parece que estou amedrontado pelo fato da Mar estagiar aqui. Que bosta.

Eu ajudo-a subir os degraus da entrada,quando uma garota de cabelos escuros se aproxima. Ela tem o nariz fino e os lábios grossos num sorriso simpático. Se fosse a alguns anos atrás,eu ia dar em cima dela e tentar te-la com a boca no meu pau. Mas quando vejo seu rosto direito,lembro dela.

A garota é ex namorada do Dolan.

Eu não lembro do nome dela,mas a conheço de vista. Sempre a vi chorando pelo campus e discutindo com o Ethan. Era tão melodramática...

"Posso ajudar vocês?" Ela sorri esforçada em simpatia.

Eu solto minha mãe na cadeira no que me parece uma sala de espera,
"Pode,eu quero marcar uma consulta para terapia." Digo a ela.

"É para você?" Eu fico quieto esperando que ela perceba que está errada. Mas ao contrário,ela ri para mim.

"Eu conheço você... Maloley?" Ela pergunta sorrindo fechado,e eu assinto.

"Isso. Eu lembro de você também,na CHU." Rolo meus olhos para as lembranças idiotas.

"Pois é,enfim,o agendamento é para sua mãe?" A garota começa a andar para a recepção e eu a sigo sem a menor vontade.

"Sim,ela é depressiva." falo seriamente.

"Ah."
Eu vejo a garota anotar coisas numa ficha e ela me entrega.
"Siga no corredor e entre na segunda sala a direita. Lá você vai fazer o preenchimento dos formulários com os dados dela."

Ouço a falar e faço,mas a garota me chama de novo,
"Leve sua mãe." Ela estala.

Volto para a sala de espera e apoio o braço da minha mãe no meu pescoço,seguindo a listra branca no corredor do prédio. Não há tantas pessoas no lugar,parece que nem é uma coisa muito frequentada,e pobre de popularidade.

Olho a porta da segunda sala,o suporte de papel está vazio e eu bato na porta abaixo do suporte.

A maçaneta se mexe e a porta é puxada para atrás. A loira na minha frente parece cansada e assustada ao me ver...