We Found Her!

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7 anos depois.

Abri os olhos, ouvindo o meu despertador ecoar no quarto. Resmunguei baixo e bati no mesmo, me sentando e então coçando os olhos. Olhei para o lado, mas Nathan já não estava na cama. Revirei os olhos, se não fossemos namorados, me preocuparia com o fato dele não me ligar no dia seguinte. Me pus de pé, seguindo então para a janela. Afastei as cortinas, vendo as ruas movimentadas de Manhattan logo abaixo, o trânsito caótico já muito bem instalado ali. Talvez aquela fosse a única hora do dia em que eu sentia falta do Canadá, a única.

Juntei minhas roupas preguiçosamente e dei uma ultima olhada para o relógio na cabeceira: quase 8h. Bocejei alto e segui para dentro do banheiro, ligando a ducha e deixando-a esquentar enquanto tirava as roupas. O clima em Manhattan estava quente aquela época do ano, assim como deveria estar no Canadá. Minha mãe havia ligado avisando que o gelo começara a derreter, o que significava que ela iria poder voltar a abrir a loja de roupas infantis. Havia sido seu sonho desde que se aposentara, então era de se esperar que ela estivesse bastante animada por poder retomar a rotina.

Saí do chuveiro minutos depois, sentindo o cheiro de waffles infestar o apartamento. Jenny já deveria ter acordado, o que me fez sorrir e meu estômago roncar. Vesti minha legging, seguida da regata branca e então dos tênis de corrida. Prendi meus cabelos curtos em um rabo de cavalo firme, afivelando a braçadeira com o celular e então saindo do quarto, ouvindo a cantoria desafinada de Jennifer O'Callaghan no andar de baixo.

— Bom dia, flor do dia. — disse ela, colocando os waffles no prato. — Vai correndo para o trabalho novamente?

— Bom dia. — bocejei novamente, me sentando e atacando o prato a minha frente. — E sim, preciso queimar as calorias que você me dá.

— Eu só cozinho, mas você que come tudo de uma vez. — seus olhos se reviraram, o que me fez rir ainda com a boca cheia. — Hmmm, parece que dessa vez eles capricharam na entrevista matinal.

Desviei o olhar para a pequena TV no balcão, vendo o jornalista loiro platinado que sempre entrevistava celebridades velhas das quais ninguém se lembrava anunciar o convidado daquele dia. Não entendia o que levava alguém a passar entrevistas com famosos — mesmo os esquecidos — aquela hora da manhã, já que era o horário onde as pessoas acordavam irritadas por ter que ir trabalhar e aguentar seus chefes rabugentos.

— Hoje, nós temos uma grande estrela nos visitando... — disse, com aquela voz arrastada de sempre. — Vamos receber aqui, Shawn Mendes!

Meu estômago deu um nó, assim como um grande pedaço de waffle parou na minha garganta. Dei um gole enorme no suco e engoli com dificuldade, sentindo as lágrimas nos olhos por conta do engasgo. Jenny estava grudada a TV, assistindo com certa animação. Pude ver de relance quando ele entrou no estúdio, cumprimentando o jornalista e se sentando no outro sofá. Ainda parecia o mesmo, mas não me preocupei em reparar mais, apenas joguei minha louça na pia e segui até a sala.

— Estou indo, Jenny! — gritei, apanhando meu molho de chaves. — Não vá se atrasar para a aula, uh? Suas crianças lhe aguardam!

Não ouvi a resposta, apenas bati a porta da frente e rumei para o elevador. Após tudo o que acontecera, eu me distanciei totalmente de Shawn. Ele partiu dias após a conversa no hospital, e meses depois, decidi que estava na hora de dar um rumo a minha vida. Meus pais não acataram inicialmente a mudança, afinal, eu era uma adolescente com tendências suicidas, mas acabaram por concordar após uma certa relutância. Terminei meus estudos em casa e passei no vestibular da NYU, o que lhes fizeram acreditar que eu estava pronta para ser solta novamente. Eles ligavam quase todos os dias para saber se eu estava bem, mas quando conheci Jenny, que foi minha colega de quarto por alguns semestres, eles acabaram por me deixar viver.

Broken Strings | Shawn Mendes ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora