Broken Strings | Shawn Mendes ✓

Your Fault

— Ai meu Deus! — Claire gritou pela milésima vez no dia.

Estávamos no dia 29 de Outubro de 2021, ou seja, o oitavo aniversário de Claire Mendes. Uma parte de mim se sentia aliviada por Katie ter tido um pingo mínimo de decência para preservar a data de aniversário original dela; pelo menos essa dor de cabeça ela havia evitado.

Apoiei o ombro no batente, observando a bagunça que se instalara no quintal da minha casa. Claire se agarrava a um pacote azul enquanto Jenny e todos os outros riam. Os olhos da minha pequena brilhavam e ela sorria desacreditada, analisando o pacote. Quando seu olhar finalmente encontrou o meu, ela segurou o pacote acima da cabeça com as duas mãos.

— Olhe, Catherine! — meu coração se aqueceu no instante que a ouvi pronunciar meu nome. — Jenny me deu um kit de aquarelas!

— Uau, que legal! — gritei de volta, sorrindo o máximo que minha boca permitia.

Troquei um olhar de cumplicidade com Jenny, e ela me lançou uma piscadela. Gesticulei um "beleza" rapidamente com o polegar e então continuei a correr o olhar pela cena. Haviam balões azuis e vermelhos por todo o quintal, assim como dentro de casa. Um bolo enorme do homem aranha esperava para ser cortado sobre a mesa, e eu nunca havia visto tantas crianças num lugar só. Parecia que, mesmo após a briga na escola, Claire havia conseguido manter a maioria dos amigos. Fora isso, boa parte dos Mendes e dos Wood também estavam ali, para meu desespero.

Enquanto Claire abria um embrulho maior que ela, meu olhar acabou encontrando o de Shawn. Claire havia dado um jeito de enfiar a touca do homem aranha nele de novo, e tive que me conter para não rir. Não havia tanto tempo que ele havia voltado, apesar de ser óbvio o fato de que ele não perderia o aniversário da filha. Vi seus olhos se estreitarem e um sorriso reprimido surgir em seu rosto, e de repente, me lembrei do meu antigo namorado de 15 anos. O garotinho que havia crescido comigo, o melhor amigo, o namorado, o pai da minha filha... Senti a bile subir pela minha garganta e desviei o olhar, adentrando o mais rápido que conseguia na varanda e então na cozinha.

Fui recebida com um copo de suco de uva no meu vestido branco.

Ergui o olhar para Aaliyah, que permanecia estática, mas sem um pingo sequer de remorso no olhar. Senti meu sangue ferver e me segurei ao máximo para não fazer merda, tentando mentalizar que estava diante da minha ex cunhada de 17 anos e que parecia me odiar sem motivo aparente. Não, eu definitivamente não poderia bater nela. Observei aquele rosto semelhante ao do cara que havia deixado no quintal e respirei fundo várias vezes para me acalmar.

— Ops... — disse ela, mas mal conseguiu conter um sorrisinho.

— Por quê?! — perguntei devagar.

Aaliyah piscou várias vezes, como se minha pergunta tivesse pego ela de surpresa.

— Como é?

— Por quê diabos você me odeia tanto? — disparei, passando as mãos sobre o tecido molhado.

— Quem disse que eu te odeio? — ela parecia enojada. — Nem isso você merece.

— Como é? — foi minha vez de perguntar, e tive que piscar por alguns momentos para notar que ela já estava na defensiva. — Do que você está falando?

Ela precisou de alguns minutos para responder. Senti como se todo o ar do lugar estivesse sendo sugado a medida que Aaliyah me encarava, a expressão piorando cada vez mais. Notei quando ela engoliu em seco e vi seus olhos começarem a brilhar. Ah não...

— Foi culpa sua.

A voz saiu embargada, mas ela não deixou cair uma lágrima sequer. Respirei fundo, ainda confusa com a resposta, apesar de ter uma ideia do que ela estava falando. Rezei mentalmente para que eu estivesse errada.