Happy New Year

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— Ela está crescendo muito rápido... — minha mãe sorriu. — E se adaptando rápido também.

Sorri de volta e olhei para Claire, que pintava sobre a mesa de centro. Eram pouco mais de 23h, o que significava que pouquíssimo tempo nos separava de um ano novo. Minha mãe se afastou rumo a cozinha e eu suspirei, o ano havia passado tão rápido, mas havia acontecido tanta coisa que eu não conseguia decidir se ficava feliz ou triste por estar acabando.

— Ei. — abaixei o olhar, vendo Claire se levantar e estender a folha para mim enquanto caminhava. — É para você.

Sorri divertida e apanhei o sulfite, correndo o olhar por ele. Podia ler uma letrinha garranchada formando um "para Catherine" no topo da folha, mas logo abaixo, desenhos bons demais para uma menina de 8 anos formavam uma família em meio a um campo ensolarado. Era fácil deduzir que o único rapaz presente na imagem era Shawn, e ao lado dele, uma loira alta sorria, e logo imaginei que fosse eu. Ao meu lado estava ela, com Parker aos seus pés.

— Como assim Catherine recebe desenhos e eu não? — Shawn surgiu, mas fui incapaz de levantar o olhar para ele.

Ao lado de Claire e Parker, estava Katie.

— O desenho ficou lindo, meu amor. — forcei meu melhor sorriso e lhe entreguei a folha. — Por que você não o guarda com cuidado na minha bolsa, uh? Preciso muito ir no banheiro.

Ela assentiu de prontidão e eu apenas me virei na direção das escadas, mas fui impedida de seguir em frente por conta de alguém segurando o meu braço.

— Catherine... — Shawn disse, mas apenas fuzilei a mão que me segurava.

Me larga. — praticamente cuspi as palavras e automaticamente sua mão se abriu.

Disparei escada acima, agradecendo mentalmente pela comemoração do ano novo estar acontecendo na casa dos meus pais. Passei direto pela porta do banheiro e corri para o meu quarto, fechando a porta atrás de mim e então me jogando na minha cama.

Eu sabia o quanto a presença de Katie ainda era forte para Claire, mas será que um dia ela ia conseguir esquecê-la de vez? Será que um dia ela ainda ia me chamar de "mãe"? Aquilo parecia tão distante, tão impossível. Me sentei, passando as mãos entre os cabelos enquanto tentava me controlar para não chorar. Estava cansada, exausta, pra falar a verdade. Ela já estava tão próxima de mim, parecia tão a vontade, mas até quando aquilo iria durar? Até quando ela iria aguentar até finalmente perguntar o porquê de sua mãe não ter voltado, ou por que nós havíamos "nos oferecido" para cuidar dela?

Fui surpreendida pelo rangido da porta, e assim que me virei, encontrei Shawn adentrando no quarto. Automaticamente me voltei para a janela, tentando ignorar o aperto no meu coração e a vontade crescente de me atirar nos braços dele. Não iria ceder, não mais. Não podia correr o risco de me machucar ainda mais.

— Como você está? — indagou, e agradeci mentalmente por ele não ter entrado em meu campo de visão.

— Como você acha que eu estou? — disparei, e em resposta recebi apenas o silêncio. — Estou bem, Shawn, não se preocupe.

— É meio difícil de acreditar, considerando que você praticamente correu para cá...

— Eu já disse que estou bem! — me levantei de repente, mas Shawn não pareceu surpreso. — Agora pode voltar para Diana ou pra qualquer outro rabo de saia!

— Você sabe que está sendo hipócrita. — estreitei os olhos para ele, mal acreditando em tamanha audácia. — Diana e eu não tivemos nada!

— Ah não, claro que não... — ri irônica, mas Shawn não me deixou continuar.

Broken Strings | Shawn Mendes ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora