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Shawn.

Nunca achei que fosse entender tão bem o que Catherine sentia no começo de tudo. Mesmo depois de duas semanas após o início do ano, Claire ainda mal me olhava nos olhos. Era doloroso ver a menininha todos os dias e mal trocar uma palavra que fosse com ela, e em menos de 24 horas, me peguei perguntando como Catherine havia aguentado aquela situação por tanto tempo.

Quando o recesso finalmente chegou ao fim, tudo ficou ainda pior. Claire era levada para escola todo dia de manhã e só retornava no final da tarde, e mesmo no curto período no qual éramos obrigados a estar na presença um do outro, a menina não fazia a menor menção de falar alguma coisa. Tinha que admitir que todas as vezes em que ouvia o carro de Catherine se aproximar, esperava que aquela garotinha doce e alegre de sempre passasse pela porta e corresse na minha direção para me contar sobre o dia dela, mas tudo o que eu recebia era uma criaturinha loira e silenciosa, que seguia diretamente para o quarto e passava por mim como se eu não existisse.

Catherine parecia totalmente a par da situação, apesar de não fazer nada. No começo, acreditava que ela jamais iria pensar que eu e Diana mantínhamos um caso, portanto, quando a loira se ressentiu e se afastou, fui pego totalmente desarmado e de surpresa. Mesmo que tudo não passasse de um mal entendido, logo me vi sendo odiado por duas mulheres idênticas que viviam sob o mesmo teto que eu, e o pior: duas das mulheres mais importantes da minha vida.

— Acha que pode levar Morgan a escola hoje?

Ergui o olhar da tela do notebook. Catherine se mantinha a minha frente, trocando o apoio dos pés num claro sinal de nervosismo. Seus olhos estavam fixos sobre mim e me perguntei mentalmente se tentava me intimidar, o que claramente estava falhando. Seus braços estavam cruzados e ela batucava lentamente as unhas sobre a pele, aguardando pela minha resposta.

— Claro. — arqueei uma sobrancelha. — Está tudo bem?

— Sim. — Catherine deu de ombros. — Vou ter uma conferência via skype, e pode ser que demore a tarde inteira...

— Nada grave, eu espero. — disse, mas ela fingia total desinteresse.

— Não é nada, não precisa se preocupar. — seu nariz se franziu e eu revirei os olhos, baixando o olhar para a tela do notebook novamente.

O silêncio reinou por alguns instantes até Catherine se dignar a prosseguir.

— Ela já está quase pronta, então... — seus ombros se balançaram novamente e então a mulher sumiu pela porta.

Tive quase certeza de ter ouvido um "divirtam-se" no final do corredor, e logo me ocorreu que a ironia dela havia se transformado em amargura. Respirei fundo, contei até três e então fechei o aparelho, colocando-o na mesa de centro enquanto me obrigava a ficar de pé, rezando para que Claire não tivesse herdado o temperamento da mãe.

Subi as escadas de dois em dois degraus. Não sabia como a menor iria reagir ao saber que seria obrigada a estar comigo, mas ainda assim eu conseguia ansiar por aquele momento. Talvez fosse a oportunidade perfeita para fazer as pazes com Claire, e eu não poderia desperdiçar. Parei diante da porta branca no corredor e respirei fundo, batendo duas vezes na madeira.

— Pode entrar. — a vozinha de Claire surgiu do outro lado, e não demorei a girar a maçaneta.

Deixei a porta aberta e apoiei o ombro no batente, observando enquanto ela reunia os materiais e os colocava dentro da mochila. Parker disparou pelo quarto, pulando e apoiando as patas nas minhas pernas enquanto eu me abaixava para acariciar o projeto de cachorro. Quando tornei a erguer o olhar, os olhos de Claire se mantinham fixos sobre nós.

Broken Strings | Shawn Mendes ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora