I Need

1.4K 127 21
                                    

— Catherine, você tem certeza de que não quer que eu vá?

Minhas mãos tremiam mais que tudo, mas não conseguia soltar nenhuma lágrima. Me recusei a erguer o olhar para Nathan, apenas neguei com a cabeça e fechei minha mala. Meu voo estava marcado para dali uma hora e meia, pois minha mãe havia me obrigado a ficar nos EUA até de manhã, mesmo que eu não tivesse pregado o olho a noite inteira.

— Você não precisa se preocupar com nada, querida, pode ficar o tempo que precisar. Irei controlar tudo enquanto estiver fora. — Nate repetia, e por mais que eu apreciasse a ideia dele tentar me ajudar, não conseguia me focarem nada do que ele dizia. — Mas, meu amor... — Fui obrigada a erguer o olhar quando ele segurou meu queixo, mas meus pensamentos estavam totalmente distantes. — Eu só não quero que se sinta mal caso seja um alarme falso. Eu te amo tanto, não quero te ver aborrecida...

Não conseguia ouvir Nathan. Havia um turbilhão de pensamentos em minha cabeça, mas somente um se destacava dos outros.

Claire estava viva.

Minha Claire estava viva.

Assenti com a cabeça, fingindo que havia entendido tudo o que ele havia dito, e então finalmente disparei pela porta do meu quarto, deixando que Nathan levasse minha mala. Descemos em silêncio e assim que saímos do elevador, encontrei Jenny ao lado de Joseph. Em questão de segundos, ela já estava me apertando forte.

— Eu queria tanto te levar ao aeroporto, Cat. — sussurrou, o que me fez apertar os braços em torno dela.

— Não tem problema, suas crianças precisam de você.

— E a sua precisa de você. — nossos olhares se encontraram quando ela se afastou, e Jenny abriu um sorriso. — Vai dar tudo certo, Cat.

Assenti com a cabeça e então nos separamos. Acenei com a cabeça para Joe e enfim entrei no carro de Nathan, apoiando a cabeça no banco conforme ele dava a partida. Eu não gostava de quando as pessoas corriam demais com os carros, mas tinha que admitir que estava rezando para Nate acelerar e chegar no aeroporto no próximo meio minuto. O mesmo se aplicava ao avião. 55 minutos de viagem me separavam da minha Claire, separavam da pessoa que eu tanto sentira a falta e a dor da perda por quase sete anos.

Assim que chegamos ao aeroporto, fiz meu check-in e não demorei na hora de me despedir de Nathan. Não me concentrei em seu discurso, só queria chegar logo em Toronto e olhar para a minha menina, então, assim que Nate me liberou, não demorei para passar pelo portão de embarque, não me importando em olhar para trás.

Quando finalmente me sentei na poltrona da janela, senti como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. Apoiei a cabeça no encosto e fechei os olhos, ouvindo os avisos e então notando que o avião decolara. Mesmo com a noite em claro, o sono ainda não havia resolvido aparecer. Tentei colocar meus fones e me concentrar nas músicas, tentei até mesmo ler! Mas nada conseguia prender minha atenção, nada conseguia desviar meus pensamentos do fato de que eu teria Claire em meus braços dali a alguns minutos. Afundei na poltrona e mantive os fones nos ouvidos, mesmo que minha mente estivesse tomada pela imagem de uma garotinha pálida de cabelos louros.

Nunca pensei que fosse ficar feliz por pisar no Canadá novamente. Quando pus o pé para fora da aeronave, só consegui praticamente sair correndo por entre as pessoas. Quase esqueci minha bagagem, até porque não fazia muita questão do que havia lá dentro. Não era nada comparado a Claire, eu só precisava dela!

— Catherine!

Me virei, encontrando meu pai no meio do saguão. Peguei minha mala, no final das contas, e corri para cumprimentá-lo. Papai me recebeu de braços abertos, mas minha euforia ainda falava mais alto...

— Como ela é? Você a viu? Ela está bem? Por favor, me diga alguma coisa... — disparei, sentindo toda a tensão vir a tona. Ele soltou um longo suspiro.

— Ela está bem, Catherine, mas é melhor você falar com a sua mãe, ela sabe melhor. — falou, pegando a minha mala e colocando a outra mão nas minhas costas. — Você quer passar em casa antes? Tomar um banho, comer algo, talvez descansar?

— Não, não! De jeito nenhum, eu preciso vê-la, preciso muito vê-la!

Meu pai assentiu com a cabeça e me guiou para fora do aeroporto. Podia sentir todo o cansaço do meu corpo me atingindo com força total, mas me forcei a ignorar. A paisagem conhecida passando do outro lado da janela só me deixava ainda mais nervosa, e a ideia e que Claire realmente estava ali, separada de mim por poucos metros, me fazia ter vontade de saltar do carro e sair correndo.

E foi o que fiz, quando o carro finalmente parou a frente da delegacia da cidade. Me atirei para fora, batendo a porta atrás de mim e então disparando pela escadaria da frente. Ignorei os gritos de meu pai e continuei por dentro do local, passando por alguns policiais e então chegando a uma área cheia de cadeiras.

Minha Claire!

Desviei o olhar de um lado a outro, mas não havia crianças ali. Um arrepio correu minha espinha enquanto andava de um lado a outro, tentando encontra-la, mas ela não estava ali! Onde estava ela? Onde estava minha Claire?

— Catherine! Catherine!

Me debati nos braços de quem quer que fosse, mas a pessoa insistia em me segurar. Olhei para o lado e encontrei minha mãe, os braços em torno de mim como se tentasse me conter. Aos poucos fui cedendo, só então me dando conta de que estava soluçando. As lágrimas banhavam meu rosto, e precisei de alguns minutos para conseguir dizer algo coerente.

— Eu preciso vê-la, eu preciso muito vê-la. — sussurrei, sentindo-a passar o polegar sob meus olhos.

— Eu sei, meu amor, eu sei. — ela parecia apreensiva, e pelos olhos vermelhos, também havia chorado muito. — Mas antes, você precisa se acalmar!

— Devo trazer os sedativos, sra. Wood? — olhei sobre seu ombro, vendo um homem alto logo atrás dela. O distintivo me fez deduzir que era o delegado.

— Não, ela não precisa. — dei uma olhada em volta, só então notando que estava sentada no chão com a minha mãe me abraçando. Logo, ela se inclinou e sussurrou na minha orelha. — Se acalme, por favor. Já passamos por essa fase dos sedativos, Catherine, e a Claire precisa de você.

Me pus de pé no mesmo instante. Vi papai parado um pouco mais atrás, o olhar preocupado caindo sobre nós. Passei as mãos pelo rosto e ajeitei minha camiseta, tentando dar um jeito naquele fluxo de lágrimas. Minha mãe tinha razão, minha filha precisava de mim! Ignorei o desespero repentino, o cansaço físico e mental e a vontade de simplesmente revirar aquela delegacia através da minha menina. Eu era Catherine Wood, e eu era mais forte que qualquer um.

— Posso vê-la? — indaguei, me virando para o delegado.

— Talvez devêssemos esperar pelo pai, creio eu.

E pela milésima vez nas ultimas quarenta e oito horas, meu coração falhou algumas batidas. Respirei fundo e pisquei atordoada, me virando devagar para a minha mãe.

— Shawn está vindo? — tentei ser o mais calma possível, mas podia sentir minha sanidade se dissolvendo por dentro.

— Ele também tem o direito de saber, Catherine. — meu pai se pronunciou pela primeira vez, o que me fez unir as sobrancelhas.

Ouvi passos apressados atrás de mim e me virei novamente.

E puta merda, realmente estava sendo um dia longo!

Broken Strings | Shawn Mendes ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora