Tamanho

10.6K 1.2K 261
                                    




– Donatela?

Mamãe se aproxima da porta toda alegre, – acho que não vejo um sorriso assim em seu rosto há dezenas de milhares de anos. – os lábios de Donatela se arreganham num sorriso tão espontâneo quanto surpreso.

– Lily!

Dou espaço para que mamãe passe, ela colocou um vestido estampado comprido e sandálias, ela não se maquiou, os cabelos ela prendeu num coque no alto da cabeça, foi improvisado, mas ela está linda, vejo um brilho intenso no olhar de mamãe e é recíproco no de Donatela, elas duas se abraçam fervorosamente, papai se aproxima usando uma de suas camisas sociais, jeans e sapato, sua reação é de pura incredulidade quando vê o fantasma Noah parado ao lado das duas mulheres que se abraçam.

– Oi senhor M.

Não precisa chamar o meu pai assim seu retardado, não estamos mais na quinta série.

– Noah!

Papai sempre gostou de Noah, não sei por que! Deve ser porque era um fingido que se fazia de coitado pra todo mundo. Papai o abraça com tanta familiaridade que me dá nojo, mas não o culpo, somos humildes, somos assim, eu jamais impediria meus pais de serem diferentes do que são por causa de ninguém, Noah o abraça dando fortes tapas nas costas de papai, mas está muito sério. Também nem ligo! Ele acha que porque criou barba, cortou o cabelo, tirou o aparelho e os óculos e ficou rico, pode aparecer assim do nada na minha vida?

– Você está linda querida, – mamãe fala chorosa, toca a face de sua amiga de colégio com carinho. – nem criou rugas!

– Nem você!

Acho que mamãe nunca me falou de suas amigas de colégio, esta é a primeira que eu vejo que ela parece gostar, e Donatela também chora, ambas estão muito emocionadas, sorriem, choram, papai eu acho que também não conhece Donatela, eu diria que essa é a segunda maior coincidência da minha vida, a primeira claro que aconteceu hoje cedo, reencontrar o meu "ex amigo de infância" depois de treze anos sem vê-lo.

– Samuel, essa é Donatela.

– Muito prazer! – Papai estende a mão e aperta a mão de Donatela – Foi de você que eu roubei a Lily.

– É! Mais ou menos.

Donatela sorri de ponta a ponta secando os cantos da face, mamãe segura sua mão e a puxa pra dentro de nossa casa, a vontade que eu tenho ao ver Noah entrando, é de dar uma voadora na cara dele, sinto ódio pinicando minhas veias, mas guardo, ele ficou um pouco mais alto que o meu pai, como eu pensei que seria, acho que 1.87 de altura ou mais.

– Quanto tempo rapaz... Você ficou até bonito.

Pela primeira vez em anos, eu vejo Noah Baltimore sorrindo, e apenas esse sorriso, sem aparelho, e dentes branquinhos faz o meu coração disparar.

Mas também me lembra do sorriso do garoto tímido que eu conheci em algum momento da minha vida, ele realmente ri da afirmação do meu pai, abaixa a cabeça, tão confiante de si que se distancia novamente da lembrança que eu tinha dele, o Noah que eu conheci não era assim.

– Que isso senhor M!

Idiota, pare de sorrir, você acha que pode aparecer assim na minha vida depois de treze anos chamando meu pai de senhor M?

– Por favor, sentem-se. Jas, querida pegue um café pro seu amiguinho.

Ai, pai! Para de agir assim. Como se ele estando aqui fosse algo muito bom!

Número 50 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora