Capítulo 19 - Depois

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Hi pessoal!!!

BOA LEITURA!!!

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Tenho uma prova para fazer sobre ''O romance americano moderno'', uma aula para a qual eu fiquei um pouco animada quando vi no catálogo de cursos da Faculdade de Broward no semestre passado, o que só mostra o quanto estou delirando. Por algum motivo, estava imaginando conversas animadas e sofisticadas sobre os grandes escritores das últimas gerações; em vez disso, o curso foi dado por um professor de meia-idade gorducho que é mais entediado do que entediante; ele nos olha com leve pena através de óculos de coruja e periodicamente passa testes de múltipla escolha que tenho quase certeza de que tira da internet.

-Vocês são minhas penitências por uma vida desperdiçada- anunciou o professor no primeiro dia de aula, antes de adotar The Thing They Carried, dois livros de John Updike e basicamente lavar as mãos por completo em relação á turma. Gosto de imaginar que um dia desses poderei entrar em uma sala de aula na Broward sem pensar na Sra. Bowen e em como ela ficaria desapontada, más, para ser sincera, isso ainda não aconteceu.

Esta manhã, estaciono o carro e sigo pelo corredor gelado até a sala de aula, passo pelo quadro de avisos com flyers dos jogos internos de futebol americano com bandeira, aquele em que não se derruba o adversário, e com os anúncios de happy hour de dois por um em um bar próximo ao campus. Como sempre, não tenho quase nada em comum com meus colegas de turma, más acho que, a está altura, a culpa é mais minha do que deles. Saí para tomar café algumas vezes com algumas garotas da turma na faculdade não foi a fartura social que Nina esperava que seria. Basicamente, parece muito com o ensino médio, más sem aula de educação física.

Sento-me em uma das longas mesas e marco os quadros apropriados com lápis número dois, depois entrego a prova na frente da sala, onde o bom e velho professor Orrin lê o Atlantic no celular. Ele assente para mim distraído antes de voltar a atenção para a tela. Desço correndo as escadas para o estacionamento, cruzo o asfalto reluzente em que meu carro espera. Há mais do que ficção em minha mente hoje.

A antiga casa de Dinah está vazia há séculos: os pais dela se mudaram para Tampa pouco depois do acidente, e os novos donos perderam a hipoteca em um ano. Ela fica ali, na curva acentuada da rua sem saída, vazia e com uma aparência vagamente assombrada, esperando pelo que vira em seguida.

Dinah está enterrada no Forest Lawn, más nunca fui muito de cemitérios, e, de qualquer forma, quem quer que esteja sob aquela lápide- amado anjo, doce garota- não é a Dinah que conheci. E talvez a garota com quem briguei tantas noites antes, á luz impiedosa do pátio, não fosse a Dinah que conheci também, mas as vezes ainda a encontro ali, no velho quintal. Passo por ali para procurar de vez em quando, no verão ou se me sinto sozinha ou com medo.

Más nesta tarde- meia semana desde nossa ida ao parquinho, quem sabe quanto tempo desde que papai me olhou nos olhos- não sou a única andando pela antiga propriedade dos Hansen. O jipe enferrujado de Lauren está estacionado na garagem, inconfundível. Sacudo a cabeça, como se alguma corda invisível nos tivesse mantido juntas durante todo o tempo que ela estava fora e agora estivesse encurtando, um nó cego preso em meu pulso.

-Você esta invadindo, sabia?- grito, andando pela vastidão confusa de grama seca e marrom, o amado jardim do pai de Dinah que cresceu e ficou cheio de ervas daninhas. Não pela primeira vez, me ocorre que as coisas mudam, esteja você por perto para notar ou não.

-Eu sei- diz Lauren- o que você está fazendo aqui?

-O que eu estou fazendo aqui?- sento no balanço ao lado dela, exatamente como ficamos há tantas noites, do lado de fora da festa, a borracha queimando na parte de trás de minhas coxas- o que você está fazendo aqui?

Lauren da de ombros.

-Eu estava por perto. Não sei. Sinto como se nunca tivesse...- ela para de falar, fica em silêncio, um dos tênis com o bico apontado para o chão- penso nelas as vezes, sabe?

-É- digo para ela, o que é muito diferente do que quero dizer- eu sei.

-Pensei muito nela quando estava fora- Lauren ergue a cabeça e me olha; um desafio- pensei em você também.

Ignoro a última parte, sacudindo um pouco a cabeça ao olhar pelo quintal, para o pátio vazio, as janelas escuras cobertas de poeira. Cresci neste jardim- Dinah e eu dormíamos ali fora todo verão, nós duas, em uma tenda infantil, com uma lanterna de camping Coleman e um rádio, ouvindo o Top 40. No primeiro ano do ensino fundamental, cai daquele trepa-trepa e fraturei os dois pulsos.

-Ela estaria na faculdade- digo a Lauren- se não tivesse...se tivesse vivido. Nós duas estaríamos, talvez.

Lauren assente devagar.

-Talvez- concorda ela, semicerrando os olhos muito de leve, como se tentasse entender por quanto daquilo a culpo. Não sei se é mais ou menos do que ela pensa.

-Ela ia estudar em Barnard- contínuo. Parece que encontrei minha voz para dizer essas coisas depois de tanto tempo- eu iria para Nova York depois da faculdade, e nós moraríamos em algum apartamento chique perto do Central Park e andaríamos bem-vestidas. Dinah sempre dizia isso quando éramos mais novas, que andaríamos bem-vestidas- olho para meu short para a camisa larga do Red Sox, de debrum colorido, que Nina trouxe para mim da faculdade- como pode ver, levei essa vontade ao pé da letra.

Lauren sorri.

-Se faz alguma diferença- diz ela, as sobrancelhas escuras se arqueando- acho que você parece artística.

Lauren toca meu tornozelo com cuidado. Depois de um momento, toco o dela em resposta.

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Até a próxima!!!

Duas Vezes AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora