Capítulo 6 - Antes

2.2K 146 60
                                    

Hi lindezas!!! este capitulo é um pouco comprido, mais mesmo assim leiam com bastante atenção.

BOA LEITURA!!!

---------------------------------

-Eu sou uma droga- foi a primeira coisa que Dinah disse quando atendi o telefone, o número dela surgia no identificador de chamadas pela primeira vez em quase uma semana. Eu estava sentada na cama lendo as revistas de viagens que Sinu tinha comprado na livraria para mim, e me imaginava caminhando pelos mercados de Provença ou sentada na praia em uma baia em Kauai- estou devendo um telefonema a você.

-Você não é uma droga- falei,embora na verdade ela fosse um pouquinho. Era o fim do verão. O primeiro ano do ensino médio começaria em alguns dias. Agosto tinha passado voando, em um estranho estado de fuga: eu jogara muito Paciência. Passara muito tempo sozinha- Está ocupada. Entendo.

-Não, sou uma droga- insistiu Dinah- sou a pior. Sinto saudades de doer. Venha. Meus pais tem um evento beneficente da firma de advocacia esta noite. Venha- disse Dinah quando hesitei- vai se lembrar do quanto me ama.

Pensei por uma fração de segundo em recusar, alegando outros planos para passar mais uma noite assistindo reprises de Law & Order com Sinu, mas, no fim, seria muito deprimente. Além do mais, eu também sentia saudades de doer.

-É- falei após um minuto. Cheguei ao final da revista Travel + Leisure e atirei as páginas lustrosa ao chão- é claro.

Percorri de bicicleta as ruas familiares que davam na propriedade dos pais de Dinah, tudo verde e úmido como a floresta tropical. Meus pneus derrapavam no asfalto. Apoiei a bicicleta na lateral da garagem e cocei distraidamente uma mordida de pernilongo entre o ombro e o pescoço enquanto esperava que Dinah abrisse a porta.

Quem abriu foi Normani Kordei.

-Camila!- disse ela, a voz como uma bala açucarada e levemente pegajosa, não havia nada de orgânico ali- não sabia que viria.

Eu a encarei por um minuto, olhei para a blusa justa e os cabelos castanhos como mel.

-É- falei por fim. Eu estava vestindo jeans largo dobrado como calça capri, uma camiseta regata branca da Hollister que poderia ter sido de meu irmão e sandálias.- idem.

-Dinah está por aqui em algum lugar- disse ela, liderando o caminho pelo saguão da entrada como se eu nunca tivesse estado ali, como se precisasse que alguém me indicasse a direção do banheiro e me dissesse onde pendurar o casaco imaginário. Eu a segui inocentemente. Na sala, havia meia dúzia de jovens que eu reconhecia dos corredores da escola, talvez uma ou duas séries a nossa frente, uma garota de minha aula de química: um garoto que trabalhava no balcão da Bump & Grid. Vi mais umas duas pessoas na cozinha: não era uma festa grande, com certeza, mas, mesmo assim, aquilo parecia um sonho em que você esta em algum lugar que reconhece, mas parece estranhamente diferente, tudo meio fora do normal- sempre me esqueço que vocês são amigas.

-Hã, é- falei vagamente, me esforçando para ignorar o mau humor habitual dela e ainda tentando me recompor. O ar-condicionado não estava funcionando, e o corredor estava tépido e úmido como um aquário- somos amigas.

Nesse momento, Dinah surgiu, corada e sorrindo, e envolveu meu pescoço com os braços magricelas.

-Oi!- disse, e naquele segundo ela parecia tão feliz em me ver que me esqueci de mim mesma e sorri. Era o que Dinah tinha de bom, um dos motivos pelos quais eu a amava tanto: quando concentrava sua energia empolgante em alguém, essa pessoa se sentia o centro do universo- você veio!

-Eu vim- respondi, deixando que Dinah me girasse no piso frio em dancinha- sabe- disse depois que ela me soltou e, parando de dançar, começou ame puxar de leve pelo corredor- você deveria ter mencionado ao telefone que metade da escola estaria na sua casa, assim eu poderia, sabe como é, ter tomado banho.

Duas Vezes AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora