Capítulo 53 - Depois

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É O FIM MEUS LINDOS LITTLE UNICÓRNIOS E DRAGÕES :(

ULTIMO CAPÍTULO DESTA JORNADA NO MUNDO DE DUAS VEZES AMOR :(

Espero de coração que vocês tenham gostado da história, que mesmo ela sendo um pouco confusa tenha feito vocês viverem tudo pelo que a Camz passou. Mais deixo uma dica aqui, o final será inesperado em...

Por fim e pela última vez nessa fic, digo:

BOA LEITURA!!!

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Nina traz uma garrafa de vinho e meio litro de sorvete na sexta-feira e sobe as escadas aos galopes, como um cavalo, para me ajudar a fazer as malas.

-Tem certeza de que não quer que eu vá com você? - pergunta ela de novo, dobrando pela segunda vez uma calça jeans e a enfiando na mala sobre minha cama. Vou levar poucas coisas. Sofia está sentada perto, brincando com o carneiro e o patinho- seremos como Thelma e Louise.

Gargalho.

-Eu adoraria que você vinhesse- digo- mas preciso que volte para a faculdade para ganhar muito dinheiro e me sustentar quando eu estiver velha e acabada.

-E manter o estilo de vida com o qual você se acostumou?

-Exatamente.

-Bem, já tenho minhas ordens, então- ela suspira- mas como vou sobreviver o resto do verão sem você... ainda precisa ser definido.

-Ah, pare- falo- nós nos encontraremos em Boston antes do que você pensa. E, até lá, você estará ocupada com Ally, a hipster que vai se formar em comunicação política.

Nina faz uma careta para expressar que é justo.

-Verdade- admite ela, dando um sorriso secreto- eu pretendo me ocupar.

Vou perder a visita da namorada de Nina por dois dias: partiremos amanhã, Sofia e eu, em uma viagem breve pelo país em meu carro velho aos pedaços. Parece fingimento, mas é muito sério desta vez: afinal, não se pode escrever sobre viagens sem jamais ter ido a lugar algum, e já chega de ficar sentada aqui esperando que minha verdadeira vida me encontre. Tenho um atlas gigante, uma dúzia de cadernos em branco e nenhum plano verdadeiro, exceto pegar minha menina e partir. Estou apavorada e animada.

Nina se joga na cama, erguendo Sofia até a altura do peito e sorrindo.

-Oi, menininha- diz. Então, ela se volta para mim- está tudo bem agora? Com seu pai e Sinu?

-Eu não diria isso exatamente- pego algumas regatas da cômoda e as jogo na cama- mas, melhor. Eu me sinto melhor com isso. Bem o suficiente para ir.

-Graças a Deus- ela faz uma careta- estava na hora. É isso que me deixa louca em vocês, católicos. Torturam uns aos outros por coisas que acabaram durante o Sacro Império Romano. Forçam todo mundo a se punir, punir e punir, até o fim do mundo, amém. Me deixa louca.

Olho para ela.

-O que acabou de dizer?

-Eu disse que me deixa louca.

Fico de pé, parada, por um minuto.

O que tenho feito senão exatamente isso?

Acima de tudo, tende profundo amos uns pelos outros, pois o amor cobre uma multidão de pecados. Isso é Pedro. De Pedro eu sempre gostei.

-Ei! - Nina semicerra os olhos- o que?

-Nada- salto para a cama com minhas duas garotas preferidas e dou um longo apertão nas duas- nada mesmo.

É bem cedo quando chego á casa de Lauren, o sol nascente sobe cinzento e chuvoso atrás de mim. Parei no posto de gasolina para abastecer e pegar previsões de última hora; Sofia está dormindo na cadeirinha do carro, desmaiada pela madrugada. O radio murmura um som baixo e tranquilizador.

Pego algumas pedrinhas dos canteiros no jardim da frente dos Jauregui, depois atravesso o aglomerado de coqueiros no gramado e as atiro, uma a uma, na janela dela. Ainda nem são setes horas, mas já está úmido, o brilho do ar encharcado da Flórida sobre minha pele.

Nada acontece. Seguro a respiração: é um gesto idiota, muito mais do que poético, mas fazia um sentido bizarro quando eu estava a caminho dali. Estou prestes a desistir, então Lauren levanta a persiana e olha.

-Isso é para mim? - pergunta ela. Mesmo vendo de um andar abaixo, ela tem um sorriso e tanto.

Sorrio de volta, um sorriso grande e brilhante, e ergo o enorme copo de raspadinha na mão livre e em um cumprimento de noventa e nove centavos.

-Parece que sim.

Lauren assente um pouco, sonolenta e impressionada.

-Está cedo- é tudo o que ela diz.

-Eu sei. Não queria desperdiçar tempo- hesito e então falo- só parei para descobrir se você queria fazer uma viagem.

Mesmo lá embaixo consigo ver as sobrancelhas castanhas dela se arquearem.

-Aonde vai? - pergunta ela, inclinando-se um pouco mais para fora da janela, como se estivesse tentando ver melhor meu rosto.

Dou de ombros e ergo as mãos, um pouco sem reação.

-Não tenho certeza-admito, ainda sorrindo. Parece incrivelmente poderoso dizer- mas trouxe muitos cadernos.

-Ah, é? - pergunta Lauren, fingindo casualidade- vai escrever um pouco?

-Estou pensando nisso- digo, superficial como ela. Parece que estamos circundando alguma coisa aqui, como se talvez nós duas soubéssemos aonde aquilo vai dar. Como se talvez sempre soubéssemos- vou começar em Seattle.

-Ah, é? - Lauren assente em aprovação- Seattle é bom- diz ela, tranquila. Os dedos um pouco mais bronzeados de Lauren se fecham na moldura da janela- vai quando?

-Agora mesmo.

Lauren não diz nada por um momento, então:

-Uau- ela me olha como se me conhecesse desde sempre. Como se eu o surpreendesse todos os dias. Lauren endireita o corpo na janela, alta e familiar; o copo está molhado e pesado em minha mão- sei lá. Pode esperar cinco minutos para mim me vestir?

Gargalho de repente, como se alguma coisa borbulhasse dentro de minhas veias. Não percebi até aquele segundo que estava prendendo a respiração, mas expirar é um alívio enorme, anos e anos de tensão sendo drenados.

-Acho que posso- respondo, ainda rindo; rindo, sério, como não faço há séculos. Como Dinah e eu costumávamos fazer quando éramos pequenas, brincando no quintal- isso parece bom.

-Que bom- responde Lauren, e começa a abaixar a persiana- fique aí. Já desço.

-Tudo bem-digo, e depois- ei, Lauren?

Ela para, volta o rosto para mim.

-Sim? O que foi?

Fico de pé ali. Reúno coragem. Respiro tão fundo que parece que o ar vem do chão sob meus pés, então dou um salto:

-Amo você, sabia?

-Eu...- Lauren para de falar, um sorriso grande, brilhante e feliz. Ela parece uma criancinha- eu sei- diz Lauren depois de um momento- mas, nossa, Camz- ela gargalha um pouco, incrédula- como é bom ouvir.

É bom dizer, quero responder, mas percebo que terei um país inteiro para fazer isso. Um continente inteiro. O mundo inteiro. O sol está nascendo, alaranjado, um círculo brilhante no céu.

-Venha- grito, erguendo o queixo- desta vez, eu dirijo.

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Agradeço a todos que acompanharam essa história até aqui, até uma próxima história *---*

Duas Vezes AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora