QUINTA DOSE

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Ele

Por não ter absolutamente nada para fazer, aquele sábado demorou passar. Quando Christopher não estava dormindo, estava pensando em tudo o que aconteceu, ainda sentia uma pontada no peito quando as cenas ficavam nítidas em sua mente, sabia que jamais esqueceria aquele momento.

Sabia também que teria que enfrentar aquele problema e não pretendia adiar aquele momento. Quando o dia já estava quase virando noite, Chris tomou um banho e colocou uma roupa quente antes de sair do quarto, já que a temperatura continuava do mesmo jeito. Seus pais e seus irmãos, que estavam na sala assistindo TV, lançaram um olhar confuso em sua direção quando viu ele se aproximar.

- Estou indo no meu apartamento pegar algumas coisas, não demoro. - Avisou para todos que estavam ali presentes, não queria que eles ficassem preocupados.

- Quer que eu vá com você? - Nick se manisfestou, enquanto parecia responder alguma mensagem em seu celular.

Todos ali conheciam Christopher o suficiente para saber que ele não faria nenhuma besteira, mas mesmo assim eles ainda tinham medo que o nervosismo o transformasse em uma outra pessoa completamente diferente do que ele era.

- Não, é coisa rápida. Quando voltar eu vou sair, se você quiser ir, fica pronto que daqui a pouco eu passo aqui pra te pegar. - Viu seu irmão sorrir animado. Nenhum deles gostavam de ficar em casa no final de semana. - Vou indo lá, tudo bem? - Disse para os seus pais que apenas concordaram com a cabeça.

Eles não tinham o que falar, Christopher já era um homem maduro, sabia muito bem o que fazer da sua vida. Despediu-se da sua família e foi em direção ao elevador para descer para a garagem. Não imaginava como seria voltar em seu apartamento depois de tudo, um buraco havia se formado em seu peito desde a noite anterior e só de pensar em voltar naquele lugar, Chris já começava a sentir uma dor insuportável.

Era pior que qualquer dor física, que qualquer agressão ou mal estar, era uma dor que talvez só a morte fosse o remédio. Agora que ele estava sozinho dentro do carro, não tinha motivos nenhum para segurar as lágrimas.

- Você é um idiota, Christopher, um idiota. - Disse para ele mesmo enquanto segurava o volante com força.

Todas as pessoas que o conheciam, viam nele uma pessoa forte e determinada, porém, sobre os seu sentimento, só ele entendia. E Chris sentia muito. Sentia por ter presenciado aquela cena, sentia por ter visto anos de dedicação sendo jogados no lixo, sentia por ver seus planos do futuro sendo destruídos, sentia por ter perdido pessoas que ele sempre nomeou como as mais importantes de sua vida.

Não demorou muito para que Christopher chegasse em seu apartamento. Depois de passar pela portaria e ir para o estacionamento, Chris ainda ficou alguns minutos dentro do carro tentando secar o seu rosto e controlar a sua respiração antes de subir.  Apertou o botão do elevador que o levaria para o décimo andar e encostou a cabeça no espelho enquanto esperava.

Respirou fundo antes de abrir a porta do seu apartamento, seus olhos flagraram quem ele menos queria ver. Lauren estava deitada no sofá, embrulhada e com um livro na mão. Seu rosto estava inchado e seus olhos cheios de lágrimas. Em um outro momento Christopher sentiria pena em vê-la naquela situação.

- Amor, a gente precisa conversar. - Lauren ficou de pé, bem próxima de Chris. As lágrimas em seus olhos já começavam a fazer um caminho pelo seu rosto.

Chris caminhou em direção ao seu quarto sem responder nada e sem olhar para trás, percebeu que Lauren o seguia. Por viajar sempre, sabia exatamente onde ficava as suas malas. Pegou a maior delas, deixou aberta em sua cama, foi para o seu closet e trouxe consigo uma grande quantidade de roupas.

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