A Carta

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Capítulo 19

O almoço com Max e Joe foi maravilhoso, sem contar na felicidade de Joe por estar namorando seu pai. Ainda não me acostumei com a ideia, afinal, nem nos conhecíamos, mas se eu disser que não estou gostando, estarei mentindo. Max é um homem maravilhoso, embora tenha uma aparência rude, é um cavalheiro e um super pai.
Tive que sair para uma reunião com Lydi de última hora e não entendi o motivo de tamanha pressa e estranhei não írmos para minha suite, Já que saímos em direção a um parque.
- Não estou entendendo essa reunião e muito menos estarmos aqui!?
- Sei que não está entendendo, mas o que tenho pra te falar não pode ser ouvido por ninguém da imprensa, senão sua vida vai virar um inferno.
- Do que está falando Lydi?
- Vou ser direta e sem rodeios. Quando vim trabalhar pra você, pedi uma amiga minha que é detetive particular para ver se não havia nada que te comprometesse lá no Brasil. É praxe quando assumo uma função tão significativa, eu pedi-la para levantar dados.
- Você está dizendo que fui investigada, porque se minha vida é de domínio público?
- Como falei, é de praxe. Não vou ficar aqui me justificando com você, o mais importante é o que ela descobriu e preciso que você tenha conhecimento da situação.
- Você está me deixando nervosa Lydi, fala logo, o que sua amiga descobriu de tão importante assim?
- Esse minha amiga se chama Thereza Raquel e ela foi até o orfanato para conversar com a pastora que está no lugar da Rosangela e descobriu que sua mãe deixou uma carta junto com você e lá ela explicava o nativo de ter te deixado no orfanato.
- Você tá me dizendo que esse tempo todo minha mãe deixou algo pra mim?
- Sim e não.
-  como assim, não estou entendendo?
- Essa carta era para pastora e como falei, minha amiga é muito boa no que faz. Ela custou a achar o viúvo dela e conseguiu a tal carta. Ela me enviou por e-mail e não achei certo ler, por isso trouxe você aqui, para que tenha privacidade. Deixarei você à vontade para lê-la.
- Meu Deus Lydi, estou perdida e ainda não digeri isso direito.
- Leia e entenderá um pouco da sua vida. Com licença, estarei te esperando sentada próximo ao chafariz.
- Tudo bem. De-me a carta e seja o que Deus quiser.
Segurei aquele envelope em minhas mãos por um tempo tentando entender o que estava acontecendo. Tudo parecia bem. Minha vida estava seguindo bem e meus sonhos sendo realizados, porque o passado que não conhecia resolveu bater na minha porta? Não sou de fugir de uma luta, mas enfrentar o desconhecido está me assustando.
Abri devagar e retirei uma cópia de e-mail de dentro e olhei aquela linda caligrafia bem desenhada e feminina.
Bom...vamos por partes como Jack - o estripador. Lerei a carta e depois verei o que fazer.

Rio de Janeiro, 06 de Outubro de 1994

Minha querida e amada filha.

Sei que deve está se perguntando o porque de estar no orfanato e não ser adotada, ou porque ser abandonada por seus pais.
A situação é mais complexa do que posso falar, mas farei o meu melhor.
Quando conheci o seu pai, foi amor amor a primeira vista, logo nos casamos e nosso maior desejo era termos um filho. Mas como tudo não é como queremos, demorou cinco anos para que eu engravidasse de você, foi uma alegria, nosso sonho sendo realizado.
Somos pesquisadores e desenvolvemos um projeto de bio-combustível sustentável e logo o nosso trabalho ganhou reconhecimento mundial, assim como nos proporcionou uma melhoria de vida, Já que éramos de família de classe média baixa e lutavámos para termos o melhor.
Não poderei entrar em detalhes com você, senão colocaremos sua vida em risco, mas precisamos fugir para a zona Oeste e passarmos por moradores de comunidade para que pudesse seguir com a gravidez em sigilo.
Conheci a pastora Rosângela quando ia com seu esposo pastor Agnaldo fazer um trabalho social na Cidade de Deus, onde morava escondida e soube que ela era diretora do orfanato. Contei por alto o que se passava e ela se propôs a me ajudar, no dia do seu nascimento fui levada para a maternidade de madrugada e logo você nasceu, o bebê mais lindo que já vi, mas precisava sair dali o mais rápido possível,  não poderia ser encontrada. Sei pai ficou impossibilitado de estar presente no seu nascimento e durante os três meses que se seguiram, ele só te viu no dia anterior a sua ida para o orfanato.
Nunca te abandonaríamos, mas pra te salvar foi necessário. Espero que um dia possamos nos reencontrar e sentirei orgulho da linda mulher que se formou.
Nos perdoe e saiba que onde estivermos sempre te amaremos. Fica com Deus e até breve minha pequena.

Sempre sua mãe Isadora.

Fiquei sentada ali por um tempo, tentando entender o que se passou com meus pais e feliz por minha mãe ter um nome. Isadora esse é o nome da minha mãe, tenho uma mãe e agora tenho o nome dela Isadora. Sei que não poderei fazer nada enquanto estiver trabalhando com a Black Storm e sua turnê, mas quando formos para o Brasil tirarei esta história a limpo. Chamo Lydi e fomos resolver as questões do último show e depois digeriria isso tudo.
Como sempre o show atrasou, mas não fiquei para os cumprimentos, não tinha cabeça pra isso. Avisei Lydi e fui para o hotel, precisava processar tudo e arrumar minhas coisas para irmos para a Suíça. A noite não foi das melhores e embarcaríamos tarde da noite por conta das fãs. Não queria falar com Max agora, sei que tentaria me animar, mas precisava de um tempo só meu.
Tomei café no hotel e saí para conhecer um pouco a cidade de Madri, fui ao Museu del Prado, ao Jardim do Retiro de Madri e almocei no Veridiana - sugestão de Erick - depois segui para o hotel, precisava tomar um banho relaxante e arrumar minhas malas, afinal, embarcaríamos tarde da noite por conta dos fãs. Não vi e nem falei com Max, precisava desde tempo pra mim, muitas coisas passavam por minha cabeça e tinha que ajustar meus pensamentos. Liguei para o Erick e contei o que aconteceu e como sempre me tranquilizou e disse que me encontraria no Brasil, pois precisava ir ao Le Mond para passar novos pratos, fiquei muito feliz em poder rever meu amigo.
Consegui organizar tudo e ainda cochilo um pouco, na hora marcada fui para o hall e encontrei Lydi conversando com um homem muito bonito, me aproximei e fomos apresentados, ele seria meu segurança particular e se chamava Henry, havia sido indicado pela galeria, estranhei, mas não questionei. Seguimos para o aeroporto e fomos direcionados para o hangar onde o jato da Black Storm nos aguardava. Tomamos o nossos acentos e pude ver os olhos questionadores de Max sobre mim, mas não me sentia em condições de conversar com ele ainda.
Nosso vôo foi rápido e logo seguimos para um luxuoso hotel onde descobri que minha suíte é em frente a de Max, acabei sorrindo e entrei no meu quarto para descansar, amanhã conversarei com Max, mas hoje preciso dormir.

Black Storm - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora